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Bolsonaro sugere que Marçal é 'amor de verão' e diz que direita em SP está 'iludida'

Ex-presidente voltou a reforçar apoio ao candidato Ricardo Nunes

  • Foto do(a) author(a) Estadão
  • Estadão

Publicado em 5 de outubro de 2024 às 07:33

Jair Bolsonaro
Jair Bolsonaro voltou a criticar o ex-aliado Pablo Marçal Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sugeriu, em live realizada nesta sexta, 4, que Pablo Marçal (PRTB) é "amor de verão" do eleitorado de direita em São Paulo que, na visão dele, está "iludido" com o personagem criado pelo ex-coach. A ideia é atrelar de maneira mais firme seu nome ao de Ricardo Nunes (MDB) nesta reta final, usando o coronel Mello Araújo (PL), candidato a vice, como intermediador entre o emedebista e ele. O antigo chefe do Executivo nacional também reforçou que as eleições paulistanas neste ano estão sendo marcadas por candidatos "oportunistas", sem citar o ex-coach diretamente.

"Quem esta batendo asas por aí, está iludido com o que está acontecendo, é o que eu chamo de 'amor de verão'. Vê se você está escolhendo com razão, e não com emoção", declarou. Evitando citar nominalmente Marçal, o ex-presidente destinou partes de seu discurso a atacar o influenciador. "Você pode não gostar dele (Nunes), é um direito seu. Mas tem muito oportunista nesse momento. Gente que nunca teve nada de repente é o salvador da pátria."

O ex-comandante da Rota, enviado ao Rio de Janeiro para participar da live desta sexta, disse que foi "tentado" por outros candidatos para compor chapa neste pleito. "Teve candidato que queria que eu fosse o vice e eu não aceitei. Teve candidato que tentou me comprar: 'olha, vem trabalhar comigo, eu te pago o dobro do que você está ganhando'. O diabo vai tentando a gente", revelou.

Bolsonaro ainda pediu aos eleitores para terem "razão" ao escolher o próximo prefeito da capital paulista, e disse que não ganha nada com a reeleição do Ricardo Nunes. Ele também mencionou que não tem preocupações em receber "carguinho" em um eventual novo mandato do emedebista. "Eu peço até pelo Tarcísio. Não deixem o Tarcísio ensanduichado entre governo federal e municipal", disse o ex-presidente ao citar a possibilidade de vitória de Guilherme Boulos (PSOL), caso o deputado vá ao segundo turno com Marçal.

"Se você entregar esse 'trem' para a esquerda, para o Boulos, você vai ver o que é o inferno. Se esse invasor, se esse petista piorado, chegar, ele vai usar a máquina do Estado pra botar todo tipo de gente que não presta na Prefeitura", afirmou o ex-presidente. O policial militar voltou a dizer, em seguida, que o único candidato que consegue "derrotar a extrema esquerda" é Ricardo Nunes. "Não tem outro que possa ganhar."

Trechos da fala de Bolsonaro também foram direcionados ao deputado federal Ricardo Salles (Novo). "Tem um montão de estrategista intergaláctico em São Paulo dando palpitinho, já preocupado em 2026. Que se exploda, venha candidato ao Senado. Com o meu apoio, não. Senado, em São Paulo, para não ter dúvida: uma vaga é minha e outra vaga é do Tarcísio. E o resto vai se brigar", enfatiza.

A declaração de apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro a apenas dois dias da eleição ocorre após o apelo de aliados que estão preocupados com a desidratação de Nunes entre os eleitores bolsonaristas nesta reta final. Na terça-feira, 1º, durante um café da manhã em Guarulhos (SP), o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), pediu para que o ex-presidente se envolvesse pessoalmente na disputa em São Paulo

Bolsonaro, no entanto, comentou com pessoas próximas que não havia clima para gravar uma mensagem de apoio a Nunes, afirmando que se sentiu desprezado pela campanha do prefeito durante toda a corrida eleitoral. Aliados do ex-presidente destacam que o entorno de Nunes, temendo a rejeição de Bolsonaro na cidade, não se esforçou para promover uma agenda conjunta.

Outra reclamação feita em particular pelo ex-presidente é o fato de não ter sido contatado por líderes partidários da coligação do prefeito para discutir a declaração de apoio na reta final.

Na manhã desta sexta-feira, Bolsonaro foi convencido a gravar uma mensagem de apoio à campanha de Nunes durante uma conversa telefônica com aliados, que reforçaram a importância de uma declaração pública. Um aliado próximo apresentou pesquisas que sugerem que Nunes pode ficar fora do segundo turno se Marçal conseguir atrair mais votos bolsonaristas.

Além disso, destacou que, segundo os dados, em um eventual segundo turno entre Boulos e Marçal, o líder sem-teto teria boas chances de vitória. Bolsonaro sinalizou que falaria sobre a campanha em São Paulo, enfatizando que Mello Araújo é seu representante na cidade.

A três dias das eleições para a Prefeitura de São Paulo, o novo levantamento do instituto Datafolha mostrou que Nunes ainda não conseguiu se firmar como o candidato apoiado oficialmente por Bolsonaro nesta disputa. Entre os eleitores que votaram no ex-presidente no último pleito, 32% declararam intenção de votar no atual prefeito. Por outro lado, Marçal soma 51% das intenções dos bolsonaristas. A margem de erro dessa pesquisa é de dois pontos porcentuais.

Há uma semana, o ex-coach tinha 43% ante 39% do emedebista entre esse público. A diferença a favor de Marçal, que antes era de quatro pontos porcentuais, agora é de 19 pontos.

O instituto realizou 1.806 entrevistas presenciais na capital paulista, com eleitores de 16 anos ou mais, entre os dias 1º e 3 de outubro. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, e o índice de confiança é de 95%. O levantamento está registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o protocolo SP-09329/2024.

No cenário geral, a pesquisa aponta que o deputado federal psolista tem 26% da preferência do eleitorado, seguido pelo prefeito, com 24%, e pelo influenciador, que também registra 24% Os índices apontam para empate técnico triplo dentro da margem de erro. A deputada federal do PSB tem 11%, enquanto José Luiz Datena (PSDB) registra 4% e Marina Helena, do Novo, figura com 2% de menções. Bebeto Haddad (DC), Ricardo Senese (UP), Altino (PSTU) e Pimenta (PCO) não pontuaram. São 6% os que pretendem votar branco ou nulo, e 3% estão indecisos.