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Estadão
Publicado em 19 de junho de 2024 às 14:00
O Supremo Tribunal Federal (STF) aceitou a denúncia contra Ana Priscila Azevedo, e a tornou ré por envolvimento nos atos antidemocráticos do dia 8 de Janeiro. A bolsonarista ficou conhecida ao publicar um vídeo, antes dos ataques aos prédios dos Três Poderes, anunciando que iria "colapsar o sistema", "sitiar Brasília" e "tomar o poder de assalto". >
Procurada pela reportagem, a defesa afirma que não foi notificada sobre a ação penal instaurada, nem sobre a retirada de sigilo do processo, e que pedirá sua nulidade. A decisão do STF ocorreu entre os dias 10 e 17 de maio, em plenário virtual, a partir de voto do relator do caso, o ministro Alexandre de Moraes.>
Entre os crimes que Ana Priscila é acusada de cometer, estão os de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União e com considerável prejuízo para a vítima e deterioração de patrimônio tombado.>
Presa desde o dia 10 de janeiro de 2023, golpista foi apontada pela Polícia Federal (PF) como uma das organizadoras do ataque em Brasília. A defesa alega que ela está presa não pela depredação e tentativa de golpe, mas sim por "liberdade de expressão".>
Em seu voto, Moraes afirmou que "a liberdade de expressão e o pluralismo de ideias são valores estruturantes do sistema democrático, merecendo a devida proteção". Contudo, afirma o ministro, "são inconstitucionais as condutas e manifestações que tenham a nítida finalidade de controlar ou mesmo aniquilar a força do pensamento crítico, indispensável ao regime democrático, quanto aquelas que pretendam destruí-lo, juntamente com suas instituições republicanas".>
"A denunciada, conforme narrado na denúncia, não só participou das manifestações antidemocráticas como também divulgou imagens de nítido caráter convocatório para os atentados realizados no dia 08/01/23 contra as sedes dos Três Poderes", afirma Moraes.>
Ana Priscila chegou a ser detida já no dia 8 de janeiro pelos militares do Exército que atuavam dentro do Palácio do Planalto, mas conseguiu fugir, como revelou o Estadão. Foi presa, contudo, dois dias depois em uma das fases da Operação Lesa Pátria, da PF, a mando de Moraes. Ela segue detida na Penitenciária Feminina do Distrito Federal, a Colmeia.>
Em 5 de janeiro de 2023, três dias antes da invasão e depredação dos prédios públicos, Ana Priscila fez uma transmissão ao vivo pelas redes sociais, no acampamento montado no entorno do Q.G do Exército. "Nós vamos colapsar o sistema, nós vamos sitiar Brasília, nós vamos tomar o poder de assalto, o poder que nos pertence", disse a autointitulada "patriota".>
Em setembro do ano passado, em depoimento na CPI dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal, Ana Priscila afirmou que "não sabia que estava errando, e muito menos poderia imaginar que estava a praticar um crime".>
Na ocasião, ela chegou a afirmar que a manifestação era pacífica e que não participou da depredação. Vídeos publicados pelo Estadão mostram Ana Priscila em meio à invasão do Palácio do Planalto.>