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Carol Neves
Publicado em 21 de fevereiro de 2025 às 13:14
A Polícia Civil do Rio Grande do Sul concluiu as investigações sobre o caso do bolo envenenado com arsênio em Torres que resultou na morte de três pessoas da mesma família em dezembro de 2024. De acordo com as autoridades, Deise Moura dos Anjos, de 42 anos, foi identificada como a autora do crime. Ela foi presa preventivamente em 5 de janeiro, mas foi encontrada morta em sua cela na Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba em 13 de fevereiro. >
A perícia confirmou que a morte de Deise se tratou de suicídio, o que extinguiu a punibilidade do caso, conforme explicou o delegado Fernando Sodré, chefe da Polícia Civil: "Ela é a única autora até o momento deste fato criminoso. Em razão de seu falecimento, de ela ter tirado a própria vida no presídio de Guaíba, levou à extinção da punibilidade", disse à Folha de S. Paulo. >
A investigação também revelou que Deise foi responsável pela morte do sogro, Paulo dos Anjos, ocorrida em setembro de 2024. Inicialmente, a morte foi atribuída a uma infecção alimentar, mas, após a exumação do corpo, foi detectada a presença de arsênio. Além disso, a polícia suspeita que ela possa estar envolvida na morte de seu pai, José Lori da Silveira Moura, em 2020, que na época foi atribuída à cirrose.>
O crime ocorreu na antevéspera do Natal de 2024, quando sete membros da família estavam reunidos. Seis deles consumiram o bolo preparado por Zeli dos Anjos, sogra de Deise, e começaram a passar mal. Três pessoas morreram: Maida Berenice Flores da Silva, 59 anos, Neuza Denize Silva dos Anjos, 65 anos, e Tatiana Denize Silva dos Anjos, 47 anos — respectivamente irmãs e sobrinha de Zeli. Uma criança de dez anos, filho de Tatiana, também ingeriu o bolo e foi internada, mas se recuperou. O marido de Maida e Zeli, que também consumiram o doce, sobreviveram. Zeli ficou internada por três semanas e recebeu alta em 16 de fevereiro.>
A perícia do Instituto-Geral de Perícias (IGP) do Rio Grande do Sul confirmou que o bolo foi envenenado com altas doses de arsênio, encontrado na farinha usada no preparo. Além disso, a polícia descobriu notas de compra de arsênio no celular de Deise, apreendido durante as investigações. Em 12 de fevereiro, o IGP divulgou um laudo afirmando que os alimentos levados por Deise ao hospital, onde Zeli estava internada, não continham veneno.>
Após ser presa, Deise escreveu em uma camiseta que não era assassina. Seu advogado alegou que ela sofria de depressão e precisava de tratamento. Zeli, em entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo, após receber alta, disse que nunca imaginou que a nora pudesse cometer tal ato: "Eu sabia que ela era má, ela ficava com raiva por muito pouca coisa. Mas nunca que fosse chegar a um nível desses". >
O caso chocou o país e levantou questões sobre a segurança e o monitoramento de presos em unidades prisionais. Deise foi transferida para o presídio de Guaíba uma semana antes de sua morte, por questões de segurança. Ao ser encontrada desacordada na cela, os agentes acionaram o Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu), mas ela já estava sem vida quando a equipe chegou.>