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Equipe do Laboratório de Diagnóstico Animal da UFRPE realizou uma visita técnica na propriedade rural onde o animal nasceu
Da Redação
Publicado em 9 de março de 2021 às 12:35
- Atualizado há 2 anos
Uma bezerra que nasceu com duplicação craniofacial está chamando a atenção dos moradores da zona rural de Surubim, no Agreste de Pernambuco. Com apenas quatro dias de vida, o animal está sendo amamentado com a ajuda de uma mamadeira. Nesta segunda-feira (08), uma equipe do Laboratório de Diagnóstico Animal (LDA) da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) realizou uma visita técnica na Fazenda Medeiros, propriedade rural onde o bezerro nasceu.
O objetivo da visita foi definir um diagnóstico e dar orientação aos proprietários sobre como proceder com o animal. A equipe do LDA já havia recebido imagens do bezerro e obteve relato dos proprietários. Ao chegar no local, os pesquisadores da UFRPE constataram que na verdade se tratava de uma fêmea, nomeada de “Milagre” pela família responsável por seus cuidados.
O professor e coordenador do LDA, Fábio Mendonça, confirmou a suspeita no diagnóstico de diprosopia, também chamada de dicefalia. Trata-se de uma alteração genética rara em bovinos que provoca uma duplicação craniofacial e faz parte de um grupo de malformações que é considerada uma variante incomum de gêmeos siameses.
“A incidência da diprosopia é maior nos bovinos em relação às outras espécies domésticas. Nos equinos e no homem, monstros duplos e gêmeos idênticos são extremamente incomuns. Enquanto nos ovinos, suínos, cães e gatos a condição não é rara de ser encontrada”, afirmou o pesquisador.
Além da duplicação craniofacial, “Milagre” apresenta malformação no globo ocular, além de um quadro de úlceras nos olhos, que produzem uma secreção e pode causar infecções e o outros problemas. A bezerra também tem malformação na mandíbula e na língua, problema que dificulta a alimentação do animal. “Apesar dos problemas, ela se encontra relativamente bem para as suas condições”, destacou Fábio Mendonça.
Após a visita técnica, os pesquisadores da UFRPE orientaram os proprietários, com o objetivo de possibilitar o bem-estar do animal. Atualmente Milagre mama quatro vezes por dia, com a ajuda de uma mamadeira adaptada às suas condições. A família proprietária do animal está comprometida em dar seguimento aos cuidados com a bezerra.
“O triste da história é que geralmente esses animais não sobrevivem muito tempo. A gente não tem como precisar. Na maioria das vezes esse animal morre nas primeiras semanas, mas há registros na literatura científica de animais nessas condições que viveram alguns meses”, destacou o pesquisador.
De acordo com Fábio Mendonça, os fatores que causam duplicidade embrionária ainda são objeto de estudo: gêmeos unidos e gêmeos idênticos parecem ter a mesma origem e resultam de alterações do zigoto. “A causa de monstruosidades pode ser atribuída a defeitos nos genes das células germinativas ou a influências ambientais que agem no desenvolvimento do feto e a hereditariedade encontra-se frequentemente relacionada”, afirma Mendonça.