Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Carol Neves
Publicado em 10 de abril de 2025 às 08:06
A lei brasileira protege filhos da responsabilidade pelos crimes dos pais, mas quando o sobrenome se torna um peso, a Justiça tem sido acionada para cortar esses laços. Um exemplo emblemático é o de Elize Kitano Matsunaga, condenada a 16 anos pelo assassinato do marido, Marcos Matsunaga, em 2012. Hoje, seus sogros buscam na Justiça a anulação de sua maternidade sobre a filha do casal, hoje com 14 anos. As informações são do blog True Crime, de O Globo.>
O caso integra uma tendência crescente: pessoas que pedem a exclusão de pais ou mães de suas certidões para se livrar de vínculos com crimes notórios. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) já analisou situações semelhantes, aceitando argumentos como falta de laço afetivo, erro no registro ou ausência de vínculo biológico. Em situações de adoção após abrigamento, a troca de filiação também é possível. >
Mitsuo e Misako Matsunaga, avós paternos da adolescente, detêm sua guarda desde o crime e agora querem garantir que Elize não tenha direitos sobre a neta. A defesa da condenada, no entanto, resiste. A advogada Juliana Fincatti Santoro afirma: “Minha cliente quer exercer o direito de ser mãe. Ela não cometeu nenhum crime contra a filha, sempre demonstrou afeto e tem plenas condições de cuidar da menina”. >
A própria Elize abandonou o sobrenome Matsunaga, adotando "Araújo Giacomini" em uma tentativa de se distanciar do crime. Em 2022, Elize revelou que estava impedida de ver a filha desde 2012. Em um documentário da Netflix, ela contou que não via a menina nem por fotos. Eliza escreveu um livro para tentar explicar para a filha seu lado do crime, afirmando que agiu para se proteger de ofensas e agressões de Marcos. >