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Áudios detalham discussão sobre tentativa de golpe envolvendo militares no governo Bolsonaro

Na última semana, Bolsonaro e outras 33 pessoas foram denunciados pelo PGR

  • Foto do(a) author(a) Carol Neves
  • Carol Neves

Publicado em 24 de fevereiro de 2025 às 10:15

8 de janeiro
8 de janeiro Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Novos áudios divulgados pelo programa "Fantástico", da TV Globo, neste domingo (23), expõem detalhes do envolvimento de militares e civis em um plano para derrubar a democracia após a derrota de Jair Bolsonaro nas eleições de 2022. Os registros, obtidos de celulares e computadores apreendidos pela Polícia Federal (PF), mostram conversas entre os envolvidos na tentativa de golpe.

Na última semana, Bolsonaro e outras 33 pessoas foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de abolir o Estado democrático de direito. Os áudios revelam militares em postos de comando incentivando a participação popular no golpe.

Um interlocutor desconhecido disse ao tenente-coronel Guilherme Marques de Almeida, então comandante das Operações Terrestres do Exército em Brasília: "O povo tá nas ruas, pedindo pra que haja uma outra eleição, de forma que possa ser cobrado de uma forma mais clara. Só quem tem quatro estrelas no ombro não tá vendo isso?".

Em outro trecho, Almeida afirma: "A gente não sai das quatro linhas. Vai ter uma hora que a gente vai ter que sair. Ou então eles vão continuar dominando a gente". Ele também recebeu uma mensagem de um interlocutor não identificado: "Tá com medo de ficar pra história, de dizer que fomentou um golpe? É a hora da gente, cara".

Quando enfrentavam obstáculos, os militares buscavam a intervenção direta de Bolsonaro. O general Mario Fernandes, preso desde novembro de 2023, pediu ao tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do então presidente: "Parece que existe um mandado de busca e apreensão do TSE ou do Supremo, em relação aos caminhões que estão lá. Já andou havendo prisão realizada ali, pela Polícia Federal. Se o presidente pudesse dar um input ali pro Ministério da Justiça, pra segurar a PF. Eu tô tentando agir diretamente junto às Forças. Mas pô, se tu pudesse pedir pro presidente ou pro gabinete do presidente atuar. Pô, a gente tem procurado orientar tanto o pessoal do agro, como os caminhoneiros que estão lá em frente ao QG".

A expectativa de que os comandantes das Forças Armadas apoiassem o golpe também aparece nos áudios. Fernandes relatou: "Algumas fontes sinalizaram que o comandante da Força foi ao Alvorada, para sinalizar ao presidente que ele podia dar a ordem. Pô, se o senhor tá com o presidente agora e ouvir a tempo, porra, blinda ele contra qualquer desestímulo. Isso é importante".

A frustração com a resistência do Exército e da Aeronáutica, que impediu o avanço do plano, é destacada em um áudio do coronel George Hobert Oliveira Lisboa, então assessor especial da Secretaria-Geral da Presidência: *"Agora tá ficando muito claro que o Alto Comando do Exército tá se fechando em copas, talvez com uma maioria contra a decisão do presidente. Mas pensando em primeiro lugar na instituição, no próprio Exército, quando deveria estar pensando em primeiro lugar no Brasil. Eu sei o quanto o senhor está comprometido com essas ações, o risco que todos nós estamos correndo participando dessa frente"*.

O tenente-coronel Sérgio Cavaliere também relatou ao coronel Gustavo Gomes: "Acabei de falar com o Cid, cara. Ele falou que não vai ter nada. Tá pronto, só que ele não vai assinar porque o Alto Comando está rachado e não quer encampar a ideia. Então, é isso aí, tio. Deu ruim, tá? Acabei de falar com o nosso amigo lá, ele falou que não vai rolar nada. O Alto Comando não vai topar. A Marinha topa, mas só se tiver outra Força com ela, porque ela não aguenta a porrada que vai tomar sozinha".

Outro áudio mostra o coronel Bernardo Corrêa Netto afirmando ao coronel Fabrício Bastos: "Presidente só faria (o decreto do golpe) se tivesse apoio das Forças Armadas, porque ele tá com medo de ser preso. Falei com ele agora de manhã".

A defesa do general Mario Fernandes afirmou à TV Globo que ainda não teve acesso completo ao material e que a denúncia apresenta trechos desconexos. Os advogados de Mauro Cid não se manifestaram, e a reportagem não conseguiu contato com as defesas dos demais envolvidos.