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Elaine Sanoli
Carol Neves
Estadão
Publicado em 25 de novembro de 2024 às 20:37
Após empresas produtoras de carne ter iniciado um boicote à rede Carrefour Brasil, a empresa afirmou, em nota à impresa, lamentar a situação e confiar no setor agropecuário brasileiro. O comunicado emitido nesta segunda-feira (25) disse ainda que a corporação está em busca de diálogos para contornar a suspensão do fornecimento de carnes.
"Infelizmente, a decisão pela suspensão do fornecimento de carne impacta nossos clientes, especialmente aqueles que confiam em nós para abastecer suas casas com produtos de qualidade e responsabilidade.
Há 50 anos temos construído e mantido uma excelente relação com nossos parceiros e fornecedores, pautada pela confiança mútua. Por isso, estamos em diálogo constante na busca de soluções que viabilizem a retomada do abastecimento de carne nas nossas lojas o mais rápido possível", informou.
A suspensão aconteceu depois que o CEO global da empresa, Alexandre Bompard, declarou que a rede não vai mais comprar carne do Mercosul. Ele disse que a empresa tomou a medida para evitar "o risco de inundação do mercado francês com carne que não atende às suas exigências e normas".
O Carrefour não disse se já há uma falta de carnes no mercado. O CORREIO procurou a Associação Bahiana de Supermercados (Abase) para emitir um posicionamento sobre o impacto para os baianos, mas ainda não houve retorno.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse no início da noite desta segunda, que houve uma "reação justificada" após o CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, ter divulgado na quarta-feira, 20, comunicado nas suas redes sociais afirmando que a varejista se comprometeu a não vender carnes do Mercosul.
Grandes frigoríficos brasileiros deixaram de vender carne bovina para o grupo francês de varejo. Lideranças do agronegócio no Congresso também mostram indignação com a decisão do Carrefour de boicotar a carne do Mercosul.
"Acredito que a empresa vai se reposicionar, na minha opinião", disse Haddad, ao comentar também que há uma "expectativa" em relação ao acordo comercial entre o grupo sul-americano e a União Europeia.
"Eu não vejo como excludentes a visão que está sendo patrocinada pela União Europeia e, sobretudo, com a liderança do presidente Lula por parte do Mercosul", disse o ministro, ao citar encontros que teve com o presidente da França, Emmanuel Macron.
Haddad reforçou que o governo brasileiro entende que o acordo deve ser firmado "sem prejuízo daquilo apontado pelo presidente Macron", incluindo o estabelecer de "nexos entre as cadeias produtivas das duas regiões".