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Carol Neves
Publicado em 20 de fevereiro de 2025 às 10:55
A Polícia Civil do Ceará identificou uma movimentação atípica de R$ 130 milhões envolvendo o casal de influenciadores Mateus da Silva e Maria Clara. O valor foi acumulado desde 2023 e, segundo as investigações, está relacionado ao anúncio de plataformas irregulares de jogos. Mateus possui 227 mil seguidores no Instagram, enquanto Maria Clara tem 45 mil. As informações são do Uol.>
Na terça-feira (18), a operação Jackpot foi realizada, com mandados de busca e apreensão em imóveis de luxo do casal. Os influenciadores não foram detidos, pois não houve flagrante, e respondem em liberdade. >
A investigação revelou que Mateus e Maria Clara começaram a anunciar jogos on-line em 2023, e, devido ao sucesso de suas redes sociais, tornaram-se alvos de agenciadores. “Na época, tinham um relacionamento amoroso, que se desfez no ano passado. Mas a sociedade seguiu”, afirmou Jailton Rodrigues, delegado de Combate à Lavagem de Dinheiro.>
Mateus trabalhava com vendas de churrasquinhos antes de se tornar famoso com vídeos nas redes sociais. O delegado destacou para o Uol que "é interessante como alguém sem emprego formal chega a um patrimônio tão grande, totalmente voltado à modalidade de anúncio de jogos on-line, sem a regulamentação". Em 2023, o valor movimentado foi de aproximadamente R$ 40 milhões, e, em 2024, esse número subiu para quase R$ 90 milhões. >
A Justiça autorizou o sequestro de R$ 117 milhões em bens do casal, valor que, devido à movimentação recente, já atinge R$ 130 milhões. A polícia afirma que, com os dados bancários obtidos, será possível verificar que o valor real é ainda maior. "Esse total é só referente às transações que fogem do cotidiano", explicou o delegado.>
Como funcionava esquema>
O esquema utilizado pelos influenciadores envolvia o uso de contas "viciadas" (demonstrações de ganhos falsos) para atrair seguidores, publicando recibos de vitórias fictícias e ostentando uma vida luxuosa. Eles firmavam parcerias com plataformas irregulares, que não são autorizadas nem regulamentadas. Essas plataformas permitiam que os influenciadores simulassem vitórias e vinculassem links para gerar comissões. "Eles recebiam três tipos de comissão: pelo cadastro de novos usuários, quando o usuário ganhava, e quando o usuário perdia. A comissão pela derrota era muito maior, e dessa forma eles ganhavam a maior parte do dinheiro", explicou o delegado.>
O casal usava fintechs para enviar e receber dinheiro das plataformas, que pagavam prêmios aos usuários. Com a fortuna acumulada, Mateus e Maria Clara adquiriram vários bens, incluindo 12 casas vizinhas em uma mesma rua no município de Eusébio, na Grande Fortaleza, cada uma avaliada em pelo menos R$ 500 mil. Além disso, foram identificadas duas casas de luxo em Eusébio e Aquiraz, duas pousadas em Cascavel, e um bloco com 12 apartamentos, além de carros de luxo.>
O casal registrava os bens em nome próprio ou de "laranjas". A polícia acredita que o grupo tenha pelo menos nove membros, todos alvos de sequestro de bens e mandados de busca e apreensão. A Justiça bloqueou 28 imóveis suspeitos.>
Em relação às redes sociais, a Justiça já deferiu o pedido de derrubada das contas dos influenciadores, mas o processo pode levar algum tempo para ser efetivado pelas plataformas. Até a quarta-feira, nenhum dos dois havia postado em suas redes sociais, e também não apresentaram advogados no processo. >