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Alta na taxa de desemprego sucede passado recente favorável, diz coordenadora do IBGE

"Na virada de trimestre, na virada de ano, costuma ter esse crescimento", avalia

  • Foto do(a) author(a) Estadão
  • Estadão

Publicado em 28 de março de 2024 às 14:58

O mercado de trabalho mostrou uma tendência sazonal de aumento na taxa de desemprego neste início de ano, mas 2024 sinaliza um panorama favorável, com a manutenção tanto do avanço do emprego formal quanto da renda do trabalhador, avaliou Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

"O resultado atual, de modo geral, reprisa movimentos já registrados em anos anteriores", disse a coordenadora do IBGE. "Na virada de trimestre, na virada de ano, costuma ter esse crescimento (na taxa de desemprego)."

A taxa de desemprego subiu de 7,6% no trimestre terminado em janeiro para 7,8% no trimestre encerrado em fevereiro, a segunda elevação após nove trimestres móveis seguidos de recuo. Porém, o resultado de fevereiro ainda foi o mais baixo para esse período do ano desde 2015. No trimestre terminado em fevereiro de 2023, a taxa estava em 8,6%. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

"Embora tenha crescimento desse indicador, a gente tem um passado recente de um ano bastante favorável para o mercado de trabalho", pontuou Adriana Beringuy. "Parece sim ser um ano que se inicia com um panorama favorável, principalmente quando a gente considera que a ocupação ficou (estatisticamente) estável, e que até mesmo o segmento formal dessa ocupação se manteve nesse trimestre encerrado agora em fevereiro de 2024. Temos a sazonalidade, que era esperada, mas, embutida nessa sazonalidade, temos a manutenção do crescimento do trabalho formal como também do próprio rendimento", justificou.

O País registrou um fechamento de 258 mil vagas no mercado de trabalho no trimestre até fevereiro em relação ao trimestre encerrado em novembro de 2023, o que corresponde a uma queda de 0,3% na população ocupada. No entanto, o resultado foi considerado estatisticamente estável, por ter ficado dentro da margem de erro da pesquisa.

"De modo geral, quem influenciou essa perda foi a administração pública e a agricultura. E outras atividades, embora não tenham registrado ganho significativo, tiveram desempenho positivo", apontou Beringuy.

A população ocupada totalizou 100,250 milhões de pessoas no trimestre encerrado em fevereiro. Em um ano, mais 2,127 milhões de pessoas encontraram uma ocupação.

A população desempregada aumentou em 332 mil pessoas em um trimestre, totalizando 8,535 milhões de desempregados no trimestre até fevereiro. Em um ano, entretanto, 689 mil pessoas deixaram o desemprego.

"Embora tenha 258 mil pessoas (que perderam a ocupação em um trimestre, ante novembro de 2023), o status dessa variação é de estabilidade. O crescimento da taxa de desocupação é provocado por uma maior procura de trabalho e estabilidade de população ocupada", afirmou a pesquisadora.

A redução no número de pessoas trabalhando foi puxada pela informalidade. Em um trimestre, 581 mil pessoas deixaram de atuar como trabalhadores informais. Ao mesmo tempo, foram abertas 269 mil novas vagas com carteira assinada no setor privado, para um ápice de 37,995 milhões de pessoas trabalhando nessas condições.

O avanço do emprego formal ajudou a elevar a renda média do trabalhador para R$ 3.110, alta de 1,1% em um trimestre, impulsionando também a massa de salários em circulação na economia para novo recorde: R$ 307,226 bilhões de reais, uma expansão de 0,9% em um trimestre, R$ 2,879 bilhões a mais.