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Governos federal e estadual ficam com a maior parte do valor que é pago pelo consumidor ao abastecer
Da Redação
Publicado em 17 de setembro de 2021 às 05:00
- Atualizado há um ano
A formação do preço da gasolina que o motorista paga nos postos de combustíveis começa bem distante do Brasil. Isso porque o petróleo, que é refinado para produção de combustíveis, tem o seu preço definido no mercado externo e cotado em dólar. Além disso, entram na conta os tributos cobrados pelo Poder Público em diversas etapas da cadeia de produção e comercialização.
“Esse parâmetro internacional é mensurado em dólar e aqui no Brasil o câmbio tem uma alta volatilidade muito associada à instabilidade política”, explicou Andrade, durante a sua participação no Programa Política & Economia, apresentado pelo jornalista Donaldson Gomes. Segundo ele, ao mesmo tempo em que o dólar pressiona do produto, a estratégia utilizada por diversos estados brasileiros, incluindo-se a Bahia, impulsiona ainda mais a alta.
Para exemplificar o peso dos tributos, Thiago Andrade fala sobre um projeto apoiado pela Petrobahia, junto com a Associação de Jovens Empreendedores (AJE), que promove ações de venda de combustíveis sem cobrar dos consumidores o percentual dos impostos. “Nós assumimos o preço da carga tributária e vendemos para o consumidor saber o quanto ele pagaria se a carga tributária não fosse tão alta”, diz. Segundo ele, a redução varia entre 53% e 56% do que é pago pelos motoristas em dias normais.
“Se você pensar em R$ 7, preço que ainda não chegou em Salvador, mais de R$ 3,50 são direcionados aos impostos federais e estaduais”, destaca. O empresário lembra ainda de questões relacionadas à maneira como o Poder Público cobra os tributos e que acabam impulsionando a alta de preços. De maneira resumida, o governo estadual faz a cobrança do imposto com base numa média estimada do preço final do produto. “É uma soma de fatores que fazem com que o preço ultrapasse os parâmetros considerados razoáveis”.
Junto com tudo isso, ainda entra na conta o preço do etanol, que é usado na composição da gasolina, explica. “É um produto de origem agrícola e o produtor de cana normalmente escolhe se vai produzir álcool ou açúcar com base nas melhores condições de mercado para ele e isso impacta no preço da gasolina também”, afirma.
E onde vai parar? “Essa é uma pergunta de US$ 1 milhão, porque ninguém sabe. O dólar tem aspectos econômicos e políticos impactando, com eleições vindo no ano que vem, a tendência é de volatilidade muito intensa”, analisa.
Segundo Thiago Andrade, a alta nos preços é ruim para a cadeia econômica que atua na comercialização dos combustíveis “Temos uma tributação elevada, uma estrutura de custo fixo grande e com margens pequenas é necessário trabalhar volume”, diz.
Preços elevados desestimulam o consumo dos produtos e distribuidoras e postos acabam vendendo menos. “Esse preço não beneficia em nada a Petrobahia ou os postos revendedores, ou mesmo Petrobras e exportadores de combustíveis. A estrutura toda acaba tendo um custo maior”, afirma.
“O setor sofreu muito com a questão da covid porque houve menos deslocamentos. Mas é importante lembrar que a situação ainda não retornou aos patamares anteriores à pandemia. As pessoas viajam menos e muitas escolas não retornaram”, exemplifica. Isso fez o mercado ficar menor e mais disputado, o que levaria os envolvidos a trabalhar com os menores preços possíveis.
Interior Thiago Andrade lembra que desde o seu nascimento, em 1996, a Petrobahia sempre atuou visando o mercado do interior do estado. “Quando a empresa nasceu, existiam aproximadamente 70 municípios do estado que não tinham nenhum posto de gasolina se quer. A gente foi lá, ocupando esses espaços”, conta. Além do fornecimento de gasolina, diesel e etanol, a distribuidora agora leva também o gás natural para o interior e combustível de aviação para atender aeroportos dedicados à aviação regional.
“Nós enxergamos o gás natural como o produto da transição energética, o combustível do futuro e para nós é importante levarmos para locais que ainda não são atendidos”, explica Andrade. Segundo ele, a Petrobahia está estruturando uma rede de fornecimento de gás em postos afastados um do outro por, no máximo, 150 quilômetros entre Salvador e Luís Eduardo Magalhães. “Esse espírito empreendedor e a busca por desenvolver o interior da Bahia e a região Nordeste estão presentes por toda a história da nossa vida empresarial”, conta.
“Nós sempre fomos onde ninguém chegava, às vezes em estradas de barro, com logística complexa, mas levando combustível de qualidade. Hoje a gente tem um nicho de mercado, onde ajudamos o revendedor a construir um negócio que leva emprego e renda no final das contas”, diz. “O posto de combustíveis tem essa característica. A cidade de Luís Eduardo Magalhães nasceu a partir do Posto Mimosão”, lembra.