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Da Redação
Publicado em 25 de maio de 2015 às 09:45
- Atualizado há 2 anos
Foto: Ed Santos/Acorda CidadeApós 18 horas de revolta, os detentos do pavilhão 10 do Conjunto Penal de Feira de Santana, a 108 quilômetros de Salvador, finalizaram a rebelião nesta segunda-feira (25). Segundo o diretor do Conjunto, Clériston Leite, a revolta acabou por volta das 9h, depois de negociações lideradas pelo coronel PM Adelmário Xavier, do Comando de Policiamento da Regional Leste (CPRL).>
Outros comandos da Polícia Militar, equipes da Secretaria de Administração Penitenciária da Bahia (Seap) e da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal também participaram do acordo.>
A rebelião começou por volta das 15h deste domingo (24) e deixou oito pessoas mortas, sendo que a última morte aconteceu na madrugada desta segunda-feira (25). Um dos detentos foi decapitado. Outros cinco detentos ficaram feridos e foram atendidos em hospitais da cidade.>
As identidades dos mortos ainda não foram divulgadas. "A polícia ainda não entrou no pavilhão. A rebelião já acabou, mas as negociações continuam. Só quando o DPT entrar para fazer a remoção e perícia dos corpos é que vamos poder dizer os nomes dos presos que morreram", disse Clériston Leite.>
As famílias, incluindo mulheres e crianças que foram feitas reféns, estão sendo liberadas aos poucos. Ainda de acordo com o diretor do presídio, ninguém está ferido. A rebelião começou durante o período de visitas e cerca de 90 familiares dos detentos que estavam no local foram feitos reféns.>
A administração do presídio percebeu que os internos haviam começado uma confusão. A briga que originou o motim, segundo a Polícia Militar, foi um “acerto de contas entre grupos rivais” que havia deixado um saldo de sete detentos mortos - um deles decapitado - e cinco feridos.>
O líder de uma das facções seria Haroldo de Jesus Britto, o Aroldinho, preso em janeiro de 2011 por roubo a banco, que teria sido morto por rivais. Famílias acompanham do lado de fora (Foto: Ed Santos/Acorda Cidade)NegociaçõesDe acordo com o diretor do Conjunto Penal, Clériston Leite, que começou a negociar com os presos logo após o início do motim, só é possível afirmar o número de mortos quando acabar a rebelião. “Eu não estou mais à frente das negociações, mas estamos aguardando o final delas para poder confirmar números. A gente só vai ter certeza quando entrar lá”, disse. >
O superintendente de Gestão Prisional da Secretaria de Administração Penitenciária da Bahia (Seap), coronel Paulo César, afirmou que a situação estava mais tranquila. “Eles suspenderam a negociação à noite porque queriam entidades de direitos humanos lá, mas ninguém se fez presente, só imprensa e polícia. Os familiares que não querem sair”.>
De acordo com o secretário estadual de Administração penitenciária, Nestor Duarte, eles foram convidados a sair logo no início do motim, mas não quiseram.Duarte confirmou que duas facções iniciaram o motim - uma mais nova teria se insurgido contra as ordens da mais antiga. Durante as negociações, um terceiro grupo que não é ligado a nenhuma das facções concordou em recolher os mortos. Sete corpos foram empilhados em um dos lados do pátio na noite de ontem.>
Os detentos feridos foram atendidos pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) no presídio e encaminhados ao Hospital Geral Clériston Andrade. De acordo com o coronel, três armas foram apreendidas - dois revólveres e uma pistola -, mas não estava descartada a possibilidade de se encontrar mais armamento no local. >
O motim tomou o Pavilhão 10 do Conjunto Penal, cujas 38 celas são ocupadas por 336 presos, embora a capacidade seja de pouco mais de 150. O pavilhão não é o único superlotado. Dados da Seap apontam que, até o último dia 19, havia 1.467 presos no local. A capacidade é para 644 - um excedente de 823. De acordo com o coronel Paulo César, o presídio passou por obras de ampliação. “A obra já está concluída, aguardando só a liberação de mais pavilhões. A capacidade sobe para 1.200”, disse. A população é de 1467 presos.>