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O racha entre os partidos acontece após vários desentendimentos, durante a formação da chapa que disputará as eleições deste ano
Da Redação
Publicado em 14 de março de 2022 às 18:54
- Atualizado há 2 anos
A aliança de 14 anos entre o Partido dos Trabalhadores (PT) e o Progressistas (PP) na Bahia chegou oficialmente ao fim nesta segunda-feira (14). Em nota, o PP relembrou todos os fatos que causaram mal-estar na chapa e citou uma "inaceitável quebra do acordo" após decisões unilaterais tomadas pelo senador Jaques Wagner. João Leão (PP) também entregou uma carta onde pediu ao governador Rui Costa (PT) a exoneração do cargo de secretário do Planejamento da Bahia, que o pepista acumulava concomitantemente ao de vice-governador.
Os secretários de Desenvolvimento Econômico, Nelson Leal, e de Infraestrutura Hídrica e Saneamento, Leonardo Góes, também pediram exoneração de seus cargos.
O racha entre os partidos acontece após vários desentendimentos durante a formação da chapa governista para o governo do estado nas eleições de outubro deste ano. Por conta disso, o PP resolveu encerrar a parceria.
"O Progressistas Bahia decidiu buscar novos caminhos. Mas, antes de falar do futuro, precisamos rememorar a contribuição do Partido nos êxitos das últimas quatro gestões estaduais e explicar o caminho que nos trouxe até esta importante decisão", diz a nota assinada pela Comissão Executiva do Partido Progressista.
Em seguida, o partido cita a participação nas três últimas vitórias eleitorais e na administração do estado. "Jamais faltou lealdade, dedicação, apoio parlamentar e espírito público", diz o texto. A nota recupera ainda todos os eventos que causaram a ruptura, desde a promessa do PP assumir o governo durante os nove meses finais do atual mandato, até a entrega da carta nesta segunda.
"Além de considerar inaceitável a quebra do acordo, a indelicada comunicação da decisão pela imprensa causou uma imensa decepção e a constatação de que o PP não era mais desejado e não tinha espaço na aliança que nos trouxe até aqui", escreveu a comissão, que decidiu, por unanimidade, se afastar da aliança atual. " O PP é um dos maiores partidos da Bahia e do Brasil e a nossa história não foi reconhecida na decisão dos líderes petistas", finaliza a nota.
Entenda o racha Na manhã da última segunda-feira (7), Jaques Wagner (PT) revelou, durante entrevista à rádio Metrópole, que o governador Rui Costa recuou da ideia de renunciar ao cargo para disputar uma vaga no Congresso e que o senador Otto Alencar (PSD), até então cotado para ocupar o lugar de Wagner no palanque da base, retornaria ao páreo para concorrer ao segundo mandato.
Leão não foi avisado sobre a nova reviravolta e o anúncio acabou gerando um mal-estar na chapa do Palácio de Ondina, já que o vice-governador ficou sabendo da nova decisão pelo rádio.
O ocorrido elevou a pressão interna para que o partido deixasse o bloco do PT e apoiasse a candidatura do ex-prefeito ACM Neto (União Brasil) ao governo. Na manhã da quarta, Leão, que também é presidente do PP baiano, se reuniu com o senador Ciro Nogueira, presidente nacional licenciado do Progressistas e atual ministro-chefe da Casa Civil do Governo Federal, e com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, para traçar o futuro do partido na Bahia.
"Após as declarações do senador Jaques Wagner, em entrevista no início da semana, descumprindo alinhamentos construídos fruto de amplo diálogo, o PP da Bahia precisa refletir sobre seu futuro nas eleições estaduais deste ano", afirmou Leão na época.
O líder do PP baiano explicou que estavam sendo analisados alguns cenários. Um deles, o PP ter candidatura própria ao governo da Bahia. O outro, compor com a chapa majoritária do ex-prefeito de Salvador e secretário Geral do União Brasil, ACM Neto.
O senador Jaques Wagner (PT) chegou a pedir desculpas a João Leão (PP), ao deputado federal baiano Cacá Leão e ao Partido Progressista (PP) pela forma como conduziu o anúncio do candidato do PT na Bahia para as eleições deste ano.
Veja o texto na íntegra:
NOTA PÚBLICA - PP
O Progressistas Bahia decidiu buscar novos caminhos. Mas, antes de falar do futuro, precisamos rememorar a contribuição do Partido nos êxitos das últimas quatro gestões estaduais e explicar o caminho que nos trouxe até esta importante decisão.
Nesses 14 anos de aliança com o PT da Bahia, o PP contribuiu ativamente nas três vitórias eleitorais de 2010, 2014 e 2018. Participou das administrações petistas com companheirismo e protagonismo nos avanços conquistados. Neste período, o vice-governador João Leão, presidente estadual do Progressistas e uma das principais lideranças políticas da Bahia, esteve à frente das secretarias de Infraestrutura, Desenvolvimento Econômico, Planejamento e, em todas elas, realizou gestões responsáveis e inovadoras, assim como todos os quadros do PP que participaram do governo.
Vale ressaltar que neste período de aliança, jamais faltou lealdade, dedicação, apoio parlamentar e espírito público. Depois de muitas reuniões sob a coordenação do senador Jaques Wagner, foi atribuída ao partido a responsabilidade de assumir o governo durante os nove meses finais do atual mandato.
O governador Rui Costa se afastaria do cargo para concorrer ao senado federal e o senador Otto Alencar ao Governo do Estado. Mesmo não concorrendo a um mandato popular, Leão aceitou o convite com a convicção de poder trabalhar muito mais pelo povo baiano.
Logo após aceitar o honroso convite, Leão participou de um encontro em São Paulo com o ex-presidente Lula, acompanhado do governador Rui Costa que, na oportunidade, deu conhecimento do acordo a Lula.
Na segunda-feira, 07 de março, porém, em entrevista a um programa de rádio de Salvador, o senador Wagner anunciou a nova composição da chapa. Nela, o vice-governador João Leão não teria nenhuma participação. Leão também não mais assumiria o governo.
Além de considerar inaceitável a quebra do acordo, a indelicada comunicação da decisão pela imprensa causou uma imensa decepção e a constatação de que o PP não era mais desejado e não tinha espaço na aliança que nos trouxe até aqui.
Somos homens e mulheres dedicados ao trabalho pelo desenvolvimento do nosso Estado e as propostas programáticas do partido sequer foram consideradas.
O partido se uniu em torno de Leão. De todos os rincões do estado chegaram palavras de solidariedade e apoio. A Executiva Estadual do PP, após amplo debate e consultas às lideranças progressistas, decidiu, por unanimidade, se afastar da aliança atual e buscar outros caminhos onde possa continuar trabalhando pelo povo baiano.
O PP é um dos maiores partidos da Bahia e do Brasil e a nossa história não foi reconhecida na decisão dos líderes petistas.
O partido agradece a civilizada convivência desses 14 anos com todas as lideranças partidárias e enaltece as relações construídas com os demais partidos da base.
Chegou a hora de partir, de mudar para avançar. Comissão Executiva do Partido Progressista - Bahia