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Policiais que atiraram em artista plástico em Candeias são indiciados por homicídio doloso

Inquérito foi encaminhado à Vara Crime nesta sexta (15) pelo delegado Marcos Laranjeiras

  • D
  • Da Redação

Publicado em 15 de junho de 2018 às 19:42

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Foto: Reprodução/ Facebook

Os três policiais militares que mataram o artista plástico Manoel Arnaldo dos Santos Filho, o Nadinho, foram indiciados por homicídio doloso, ou seja com intenção de matar.

O inquérito policial que chegou a esta conclusão foi encaminhado nesta sexta (15) à Vara Crime da Comarca de Candeias pelo titular da Delegacia Territorial do município, Marcos Laranjeiras. 

Edvaldo Nunes de Almeida, Leandro Santos Xavier e Dinalvo do Santos Paixão, todos pertencentes à 10ª Companhia Independente da Polícia Militar (Candeias), foram enquadrados no artigo 121 do Código Penal. 

Na família do artista, o sentimento é alívio. "Depois da morte de painho é o primeira dia que a gente consegue respirar com esperança, de que vai dar certo, que a Justiça vai ser feita. É como se um bálsamo começasse a nos banhar", contou uma das filhas de Nadinho, Márcia Cristina dos Santos. 

Pelas costas Segundo o delegado, foi atingido pelas costas por um dos policiais militares envolvidos na ocorrência. “Três tiros foram disparados na direção da vítima, mas apenas um atingiu-o mortalmente. Os outros dois atingiram a porta e a parede da casa”, disse o delegado titular de Candeias, Marcos Laranjeiras.

Os três policiais admitiram, em depoimento, que não tinham certeza se o que Nadinho tinha na mão era uma arma de fogo. “Eles disseram que viram a vítima com um objeto não identificado na mão. Disseram que não poderiam precisar que existia uma arma de fogo porque já era 21h e estava escuro”, disse o delegado. 

O depoimento contradisse a versão oficial da PM à imprensa, em que constava que "o homem que apareceu em uma das janelas recepcionou os policiais empunhando e apontando uma arma de fogo contra os integrantes das guarnições e, segundo o relato dos próprios policiais, teria acionado duas vezes a tecla do gatilho da arma, mas a munição teria falhado. Frente à iminente ameaça, os policiais alvejaram o homem com dois disparos, um atingiu o braço e outro, o tórax". 

Em depoimento ao delegado, as testemunhas confirmaram que alertaram os policiais que na residência do bairro Santo Antônio não havia bandidos, mas sim um artista plástico. Nadinho não tinha antecedentes criminais. 

Reconstituição No dia 7 de junho, o Departamento de Polícia Técnica (DPT) realizou uma reconstituição do crime, a pedido da Polícia Militar. Participaram da simulação os policiais envolvidos na ocorrência e testemunhas. A família de Nadinho também acompanhou de perto a simulação. O laudo da reconstituição deve ficar pronto em até 30 dias. 

“Foi um momento de ‘reviver o que não vivemos’, foi doloroso, mas foi necessário. Todos os envolvidos falaram a sua versão e a Polícia Técnica foi observando e registrando cada passo, cada movimento. Agora precisamos esperar para saber o que vai acontecer daqui pra frente”, disse Márcia Cristina Santos, filha do artista plástico. 

Além de um inquérito criminal, os policiais militares também respondem a um inquérito militar, conduzido pela Corregedoria de Polícia Militar. Desde a noite da morte de Nadinho, o trio está afastado das atividades em rua. 

Relembre o caso  O artista plástico Manoel Arnaldo Filho morreu após ser baleado durante uma ação da Polícia Militar dentro de seu ateliê, na noite do último dia 21 de abril, em Candeias. Segundo os familiares da vítima, PMs entraram no imóvel e já chegaram atirando no homem, que estaria desarmado e desenhando.

Em nota, a PM afirmou, inicialmente, que a morte aconteceu no bairro Santo Antônio, por volta das 20h, após equipe de militares da Operação Força Tática de Candeias receberem um chamado através do Centro Integrado de Comunicação (Cicom), informando que um homem havia invadido uma residência no bairro.

A PM informou que duas equipes estiveram envolvidas nessa ocorrência, cada uma composta por três policiais militares. "Entretanto, apenas uma estava no momento da abordagem do imóvel, a outra equipe chegou em apoio momentos depois", destacou a corporação.

"Ao chegarem no endereço informado, as equipes policiais bateram à porta do imóvel e identificaram-se como policiais militares, contudo o homem que apareceu em uma das janelas recepcionou os policiais empunhando e apontando uma arma de fogo contra os integrantes das guarnições e, segundo o relato dos próprios policiais, teria acionado duas vezes a tecla do gatilho da arma, mas a munição teria falhado. Frente à iminente ameaça, os policiais alvejaram o homem com dois disparos, um atingiu o braço e outro, o tórax", afirmou a PM, em nota.  

A família negou que isso tenha ocorrido. "Eles entraram na casa e plantaram uma arma. Ainda disseram que meu tio tinha pólvora na mão, mas ele não atirou. Era um homem de bem que não tinha nenhum envolvimento. Ele morava nessa casa desde pequeno", complementa o sobrinho.