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Da Redação
Publicado em 12 de setembro de 2018 às 05:00
- Atualizado há 2 anos
Há quem não tenha dificuldade com a Matemática. Uma grande parte, no entanto, ainda a vê como um enigma sem solução. Mesmo com as diferentes percepções, todos os 5,5 milhões de brasileiros que farão o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em novembro terão que encarar a disciplina para receber uma boa pontuação.
Há menos de dois meses do exame, os candidatos se dividem entre aqueles que já estão se preparando desde o início do ano e os que estão começando agora. Bruna Sena, 19 anos, estudante do Colégio Estadual da Bahia, o Central, mira no vestibular de Jornalismo. Ela é um dos 398.490 baianos que farão a prova. A aluna diz não cultivar um bom relacionamento com os números e sabe que, para alcançar o alvo e desbancar a concorrência, precisa se esforçar mais em Matemática.
Por isso, além do conteúdo da escola, a estudante costuma tirar pelo menos três horas durante a semana para revisar conteúdos exclusivos da área. Com a experiência de três vestibulares, Bruna diz já ter noção dos assuntos mais cobrados na prova (veja na página ao lado). Em Matemática, ela aposta na geometria analítica. “Como eu tenho maior dificuldade, procuro auxílio dos materiais passados pelos professores e por videoaulas na internet”, conta ela. Bruna Sena, 19 anos, estudante do Colégio Estadual da Bahia, quer fazer Jornalismo (Foto: Marina Silva/CORREIO) Para aqueles que estão começando a estudar agora, um estudo intensivo com os principais assuntos deve ser feito até próximo à prova. E os professores dão a dica: além de estudar bastante, é preciso fazer simulados, ver as provas anteriores e ter sempre cuidado com o tempo.
“Para esses alunos, focar nos assuntos que mais caem, fazer provas dos anos anteriores, simulados e preparar a gestão do tempo é superimportante. A melhor estratégia nesse ponto é, na hora da prova, fazer as questões fáceis e deixar as difíceis para o final. É preciso gerenciar muito bem o tempo da prova, que tem 90 questões. É preciso ainda marcar o gabarito com muita tranquilidade”, apostou o professor do colégio e pré-vestibular Bernoulli Léo Santana. O professor ainda lembrou que os alunos ganharam 30 minutos a mais no segundo dia.
O professor Cláudio Barreto, conhecido como Tio Chico, que é do Instituto Dom de Educar, da Rede FTC, orienta que os retardatários iniciem os estudos com a proporcionalidade: razão, proporção, regra de três, progressão aritmética, juros simples e função de primeiro grau. “Com isso, ele vai pegar um grande leque da prova”.
O professor afirmou que o próximo passo é estudar análise combinatória, probabilidade e suas teorias, estatística, geometria plana e espacial.
Fórmulas A dica para aqueles que vêm estudando desde o início do ano é manter a disciplina diária, separar os últimos 15 dias antes da prova para revisar questões e formar grupo de estudos. “É importante manter a disciplina de estudo, mas de uma forma que não sobrecarregue o aluno, para não ficar cansativo. Revisar questões, ver as fórmulas e os assuntos é muito importante”, disse o professor do colégio e pré-vestibular Bernoulli, Léo Santana.
A orientação para os alunos é de, ao longo do ano, separar as anotações principais dos assuntos e as fórmulas que precisam levar na cabeça para a prova (veja algumas na página ao lado). “Eles precisam, dentro de cada assunto, conseguir fazer esses pequenos resumos com fórmulas básicas para ficar no dia a dia. É preciso fazer uma revisão continuada, estudando e revisando todas as matérias”, disse Santana.
Os treineiros - estudantes que não terminaram o ensino médio, mas fizeram o Enem - podem testar seus conhecimentos e ver em quais assuntos tiveram pior desempenho, focando neles.
É o caso de Adriano Faneli, 17, que está no terceiro ano do ensino médio e fez o Enem enquanto estava no segundo ano. “Não considerei o resultado como um diagnóstico preciso, porque ainda me restava um ano de ensino médio”, disse. Ele afirmou priorizar a Matemática nas suas 70 horas semanais de estudo por acreditar que a disciplina potencializa o raciocínio lógico. “Sempre procuro abordar o assunto como um todo e depois dou importância aos assuntos de maior frequência nos vestibulares que eu pretendo prestar”, disse ele.
A estudante Lara Dias, 17, também foi treineira no Enem passado. Ela quer Medicina e estuda, além do colégio, duas horas diárias dedicadas à prova. “O resultado que tive em 2017 influenciou bastante no meu planejamento de estudo deste ano. Eu fui mal em matemática e, por isso, estou focando em Exatas”, contou.
Já a estudante Beatriz Leal, 18, que está no terceiro ano, fez Enem nos últimos dois anos. “Eu melhorei muito de um exame para o outro. Foi uma melhora que me surpreendeu”, disse. Ela foi bem em Matemática, com a segunda maior nota, abaixo apenas de Redação. “O resultado fez com que eu não me dedicasse tanto assim à Matemática e preferir estudar mais para Naturais, que eu tive nota mais baixa”, contou.
Ela fez pré-vestibular no ano passado e optou por não realizá-lo neste ano, cursando apenas o terceiro ano. “Eu tenho um plano de estudo completo do Enem com todos os assuntos. Ele prevê aula, teoria, resumos, exercícios e quatro revisões. Então é bastante completo”, contou. A estudante disse preferir não gravar fórmulas - apenas em assuntos muito específicos ou que ela tenha dificuldade.
Os assuntos que mais caem
Para aqueles que não começaram a estudar para o Enem ainda, os professores de matemática Léo Santana, do Bernoulli, e Claudio Barreto, do FTC, listaram os assuntos que deverão cair na prova.
“Com certeza, cai resolução de problemas, as equações de 1º e 2º grau; os problemas de raciocínio lógico como regra de três e porcentagem; as funções de 1º e 2º grau exponencial; análise combinatória e probabilidade com raciocínio lógico e interpretação; gráficos e infográficos com estatística; geometria plana e espacial, entre áreas e volumes; além da trigonometria, principalmente a do triângulo retângulo e progressão aritmética e progressão geométrica”, listou Léo Santana.
O professor Claudio Barreto listou progressão aritmética; progressão geométrica; juros simples e compostos; arranjo, permutação e combinação na análise combinatória; probabilidade de evento simples e probabilidade condicional, que cai todos os anos; áreas de figuras planas como quadrado, retângulo, hexágono e círculo; dentro da geometria espacial, as áreas e volumes dos principais sólidos. Os mais frequentes sólidos de acordo com o professor são os cilindros, paralelepípedos, prismas, esferas e cones.
Para quem prefere confiar nos números, um levantamento realizado pela plataforma de educação SAS sobre Matemática com as provas do Enem de 2009 a 2017 lista os assuntos que mais caíram em matemática. O primeiro é geometria, que caiu em 206 questões das últimas oito provas aplicadas (25,4% dentre os 810 itens analisados). Em segundo lugar ficaram escala, razão e proporção, com 110 questões (13,6%). Em terceiro, aritmética, com 105 questões (13% das vezes). Veja lista completa no box abaixo.
ASSUNTOS Quantas vezes caiu* Porcentagem Geometria 206 25,4% Escala, razão e proporção 110 13,6% Aritmética 105 13% Funções 74 9,1% Porcentagem 64 7,9% Gráficos e tabelas 63 7,8% Estatística 55 6,8% Probabilidade 47 5,8% Equações elementares 21 2,6% Análise combinatória 21 2,6% Sequências 18 2,2% Números inteiros e reais 13 1,6% Trigonometria 10 1,2% Notação científica 2 0,2% Matriz 1 0,1%
*TOTAL = 810 questões
Proeficiência em Matemática é influenciada por apoio dos pais Desde a primeira infância, na vida escolar e no cotidiano com os pais, as habilidades em matemática são produzidas. É isso que a pesquisa “A matemática das crianças e dos pais” do "O Círculo da Matemática do Brasil" e realizada pelo Instituto TIM. Os alunos que tem os pais mais presentes na vida escolar têm 21,8% a mais de proficiência matemática dos que os que não têm.
“Existe uma herança matemática nas famílias brasileiras que agrava de modo decisivo a baixa aprendizagem da disciplina no país. Na pesquisa, 43% dos pais disseram que essa era matéria que menos gostavam na escola, por exemplo. É como se existisse uma transmissão entre gerações de pobreza matemática que as escolas, infelizmente, não conseguem interromper. E isso agrava ainda mais o desenvolvimento da disciplina no Brasil e a busca por soluções para reverter o cenário no país”, explica o economista Flavio Comim, professor da Universidade de Cambridge, responsável pela pesquisa e idealizador do projeto “O Círculo da Matemática no Brasil”.
De acordo com o estudo, os pais não precisam ter proficiência em matemática, apenas devem estar presentes no dia a dia. Conhecer os professores, os colegas de turma e dedicar mais tempo para ajudar nos estudos ajuda o entendimento de matemática dos filhos.
O estudo ouviu 1,5 mil crianças de escolas públicas, com idade média de nove anos, e seus responsáveis em 20 cidades de todas as regiões do país. Um teste de porcentagem, média básica, frações, multiplicação e divisão foi aplicado.
Das crianças ouvidas, 90% consideraram que aprender matemática irá ajudar a ter uma boa profissão. Dos pais, 45% afirmaram que não adianta estudar matemática. Quase quatro em cada dez crianças (38%) afirmaram que ninguém os ajuda com o estudo e 72% disseram que queriam ter apoio maior dos pais.
VEJA DÉCIMO SIMULADO DO PROJETO ENEM
Confira lista de assuntos que devem ser estudados, de acordo com os professores: Indicação dos professores: Equações de 1º e 2º grau Regra de três e porcentagem Funções de 1º e 2º grau exponencial Análise combinatória (arranjo, permutação e combinação) Probabilidade Estatística Geometria plana e espacial (áreas e volumes) Trigonometria - atenção especial ao triângulo retângulo Progressão aritmética e geométrica Juros simples e compostos
*com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier