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Manchas de óleo: médicos da Ufba pedem que seja decretado Estado de Emergência

Eles apontam prejuízos para a saúde e a sobrevivência dos pescadores e marisqueiros

  • D
  • Da Redação

Publicado em 25 de outubro de 2019 às 18:48

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Foto: Arisson Marinho/ CORREIO

A poluição das praias com manchas de óleo e a queda na venda de pescados acendeu o alerta dos pesquisadores que emitiram uma declaração pedindo que seja decretado o Estado de Emergência em Saúde Pública no país para controle dos riscos decorrentes da tragédia.

O alerta foi feito pelo Programa de Pós-Graduação em Saúde, Ambiente e Trabalho da Universidade Federal da Bahia (Ufba), nesta quarta-feira (23). Um estudo do Instituto de Biologia (Ibio), também da Ufba, encontrou óleo no interior de 30 animais do pescado. 

A coordenadora do programa, médica epidemiológica e professora da Ufba, Rita de Cássia Rêgo, contou que a maior preocupação é com a situação dos pescadores. Eles estão em risco por conta do contato com as manchas de petróleo, além de estarem passando maus bocados com a queda nas vendas dos pescados. Em algumas peixarias o movimento de clientes caiu quase 90%.  

“Comparado com a população em geral, os pescadores têm uma qualidade de vida muito inferior ao restante da população brasileira. Temos uma relação com as associações de pescadores de longa data, são 12 anos de trabalho. O que temos observado é que peixe é a principal fonte de alimento deles. O peixe é a sobrevivência deles. Agora, com o anúncio de que os pescados não podem ser consumidos a situação de pobreza se agrava”, afirmou. Manifestação de pescadores em Salvador na terça-feira (22) (Foto: Arisson Marinho/ CORREIO) A declaração enfatiza que o petróleo cru que está sendo encontrado nas praias é tóxico. A substância líquida oleaginosa é formada por uma mistura complexa de hidrocarbonetos e apresenta riscos toxicológico graves, agudos e crônicos, que podem levar à morte por intoxicação. Os especialistas disseram que alguns dos componentes tóxicos encontrados são o benzeno, tolueno e xileno.

O benzeno é uma substância química cancerígena que pode causar má formação fetal e patologias graves e potencialmente fatais, como câncer e aplasia de medula. Ele pode ser absolvido por ingestão, absorção pela pele, e inalação que pode atingir sistemas nervoso, respiratório, causar lesões na pele, alterações hepáticas, hormonais, infertilidade, dentre outros. Daí a importância de usar o equipamento específico para recolher esse material. Prejuízos estão preocupando os pescadores (Foto: Marina Silva/ CORREIO) Os pesquisadores cobraram ações mais eficazes dos órgãos de saúde e criticaram a falta de participação das lideranças de pescadores artesanais nos comandos oficiais de atuação na emergência ambiental.

Eles defenderam a necessidade de interditar as atividades de mariscagem em todas as praias e manguezais com presença de óleo que apresentem risco para a saúde dos pescadores e marisqueiros, e estabelecer seguro defeso para garantir a sobrevivência de quem depende dessas atividades. Óleo é tóxico e pode causar diversas reações nas pessoas (Foto: Marina Silva/ CORREIO) Os estudiosos também pediram que sejam organizados processos de controle sanitário e de segurança alimentar e nutricional, e adotadas medidas de monitoramento do risco ambiental e da assistência à saúde para proteção dessa população.

Rita de Cássia contou que a declaração é assinada por cerca de 20 pesquisadores, todos do curso de pós-graduação, e que será encaminhada às autoridades competentes nos próximos dias. Na Bahia, as manchas começaram a chegar em 3 de outubro (Foto: Marina Silva/ CORREIO) Petróleo As primeiras manchas de óleo começaram a aparecer no litoral do Nordeste no final de agosto. Na Bahia, elas chegaram no início de outubro, pelo Litoral Norte, mas logo chegou também em Salvador, na Ilha de Itaparica, e continua descendo a costa. O desastre já foi registrado nas praias paradisíacas de Morro de São Paulo, Garapuá e, mais recentemente, em Ilhéus, no Sul do estado. Até está quinta-feira (24), foram recolhidas 237 toneladas de óleo na Bahia

Preocupados, os trabalhadores que dependem da pesca e das praias para sobreviver, além de moradores e outros voluntários, estão fazendo mutirões e trabalhando ao lado dos órgãos competentes para recolher o petróleo. Alguns deles não tomaram os cuidados devidos e estão começando a apresentar problemas de saúde.  

Na terça-feira (22), o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que o governo fará um monitoramento de longo prazo dos impactos do derramamento de óleo na população que está tendo contato com a substância. A iniciativa será similar à de Brumadinho, em Minas Geiras. Mas ele não explicou como essas pessoas serão identificadas e de que forma esse trabalho será realizado.

O Governo Federal ainda não identificou o que está causando o aparecimento das manchas de óleo no litoral do Nordeste. Até o momento, o que se sabe é que ele foi produzido na Venezuela. Na quinta-feira (24), a Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) afirmou que vai auxiliar a Marinha e a Polícia Federal na investigação das causas do desastre. 

Restaurantes  Alguns estabelecimentos estão abrindo mão dos pescados, o que está agravando ainda mais a crise dos pescadores. No Rio Vermelhos dois restaurantes já disseram que não vão mais usar peixes no cardápio.

Nesta sexta-feira (25), o Shanti disse estar consternado com toda a situação. O restaurante não trabalha com carne vermelha e o peixe é a principal proteína da casa. Através das redes sociais, eles afirmaram que decidiram adaptar as receitas por uma questão de segurança para os clientes.

“Diante dessa tragédia, não podemos deixar de nos pronunciar. Desde que isso aconteceu, não encontramos nenhuma nota oficial de órgãos responsáveis, sobre a contaminação dos peixes pelo óleo. Prezando pela atenção, cuidado e saúde dos clientes, nossa equipe resolveu que a partir de hoje não irá mais servir peixe até que sejam feitas pesquisas termos resultados oficiais garantindo que os peixes estão aptos para consumo. Em todos os pratos servidos com peixe, iremos adaptar utilizando fontes vegetais, ovos, lácteos, e adaptação com proteína animal de outras localidades que não são do nordeste, buscando soluções criativas para que possamos passar por essa fase sem riscos”, diz a nota.

O Alô Alô Bahia desta sexta trouxe o posicionamento do Restaurante Nozu, também no Rio Vermelho. Ele suspendeu a comercialização de pratos que contenham robalo ou lagosta. “Estes são insumos adquiridos localmente e, portanto, sujeitos a contaminação decorrente do acidente ecológico com o derramamento de óleo na costa Nordeste do Brasil”, explicou o restaurante nas redes sociais. “Continuamos garantindo total segurança no consumo dos demais insumos, os quais são provenientes da Região Sul ou de fora do país”, finalizou o estabelecimento.