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Lençóis vai exigir teste negativo de covid-19 para receber turistas

Reabertura na cidade já pode ser nessa terça (1), mesmo com o Parque Nacional da Chapada permanecendo fechado

  • Foto do(a) author(a) Daniel Aloísio
  • Daniel Aloísio

Publicado em 26 de agosto de 2020 às 19:39

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Túlio Saraiva/Divulgação

O turista que quiser entrar em Lençóis vai ter que levar máscara, álcool em gel e um papel que comprove que ele foi testado para covid-19, com o prazo máximo de 72h de sua realização, e que o resultado tenha dado negativo. Esses são apenas alguns dos requisitos impostos pela prefeitura da cidade, conforme divulgado no Diário Oficial do Município.  

A retomada do turismo no local já pode acontecer nessa terça-feira (1), caso a prefeitura verifique que os estabelecimentos estejam cumprindo as medidas de distanciamento social. “Nós estamos fazendo uma vistoria e só quando finalizarmos isso teremos uma resposta concreta. A data só será confirmada com um decreto municipal, o que ainda não saiu”, disse a secretária de Turismo da cidade, Roberta Ferraz.  

Ela não quis comentar o motivo da exigência do teste de covid-19, mas a assessoria da prefeitura local informou que a gestão não quer colocar a população em risco. “Sabemos do índice de falso negativo, mas se evitarmos um só contágio nesse momento, já terá valido a pena. Além disso, o teste funcionará como instrumento educativo e de conscientização também para os viajantes”, explicou por meio de nota. 

O diretor da Secretaria de Turismo da Bahia (Setur), Jorge Ávila, que faz parte de um grupo que está elaborando um protocolo conjunto para a retomada do turismo nas cidades da Chapada Diamantina, não entendeu o motivo da determinação. “Não faz muito sentido, pois as pessoas podem pegar a doença depois de realizar o exame. Eu posso fazer o exame pela tarde e de noite ser contaminado, por exemplo. Vou alertar para eles sobre essa realidade”, disse. 

Jorge ainda afirmou que a exigência do teste para a covid-19 não vai estar presente no protocolo conjunto de retomada do turismo na região. “Não há essa possibilidade. O estabelecimento que medir a temperatura de uma pessoa e verificar um valor alto, vamos exigir que ele encaminhe a pessoa para um médico. Mas não estou vendo essa discussão para incluir o teste no protocolo geral”, afirmou. 

Outras cidades  Em Mucugê, que também faz parte da Chapada Diamantina e já está com bares, restaurantes e lojas de artesanatos abertos, a retomada do turismo deve acontecer na próxima segunda-feira (31), com a reabertura das empresas de hospedagem, segundo o secretário de turismo Tiago Profeta. Lá ainda não está definido se vai ser exigido o teste para a covid-19, mas o titular já tem sua opinião.  “Numa conversa que tive com o pessoal da Saúde, eles dizem que o fato dos turistas trazerem o exame não quer dizer que eles não vão estar com o vírus. O teste rápido só indica a contaminação depois de um tempo que a pessoa já está com o vírus. Se houvesse uma segurança, uma confiança de que o teste reflete mesmo o resultado, seria algo legal”, afirmou.  Além do teste rápido, outras medidas adotas pela cidade são o agendamento prévio com as empresas de hospedagem, as normas de distanciamento, a redução de 50% da capacidade das pousadas e a medição de temperatura dos turistas. O mesmo acontece em Lençóis. Outras cidades da região ainda não definiram suas novas regras e aguardam o protocolo geral feito pela Setur - que deve ficar pronto na próxima semana, segundo Jorge Ávila - para cravar uma data de retomada.  “Aqui em Barra do Mendes não há previsão ainda. Estamos preparando o protocolo, mas ainda não definimos se vamos pedir o teste para covid-19. Eu penso que, por precaução, exigir o resultado negativo é o melhor. Temos que reabrir com cuidado, para a consequência não ser negativa”, disse Jace Araujo, secretária de Turismo de Barra dos Mendes. Nessa terça-feira (25), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que é responsável pela área, publicou um decreto com os procedimentos para reabertura das Unidades de Conservação Federais para visitação pública. No entanto, o Parque Nacional da Chapada ainda não possui data de retomada. O CORREIO procurou o gerente regional responsável pelo parque, mas não obteve retorno.  

Marcela d’Marins, que é analista ambiental do parque, explicou que o decreto não determina a reabertura imediata e que isso tem que ser algo conversado com os órgãos públicos e a sociedade civil. “No Parque Nacional há uma demanda pelo Vale do Pati, que fica entre Mucugê e Andaraí, e a associação de moradores não quer receber visitantes durante a pandemia”, afirmou.  

Vivaldo Domingos, presidente da associação, confirmou o sentimento da população do local e explicou que, em Mucugê, o turista só deve ter acesso à estrutura turística da cidade e do Parque Municipal. “Se o parque abrir e o pessoal quiser acampar, é uma decisão da pessoa, mas eles não terão acesso às nossas casas, que costumam hospedá-los. Aqui não é uma região com fácil acesso à saúde para estarmos nos arriscando”, disse.  

Tendência  A retomada do turismo na Chapada Diamantina é baseada na noção de que os passeios ao ar livre, junto à natureza e sem aglomerações, são as tendências da retomada turística, segundo Jorge Ávila, da Setur. “A zona turística da Chapada é composta por 34 cidades e, junto com esses municípios, estamos construindo esse protocolo que vai padronizar as ações na região, o que traz segurança para a população e os turistas”, afirmou.  

O protocolo desenvolvido tem como base os estudos feitos por outras instituições, como a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) e a Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (Abeta), além do programa Turismo Responsável do Ministério do Turismo, que criou um selo para atestar as empresas que aderirem às boas práticas de proteção contra o novo coronavírus.   “O mais importante desse processo é a conscientização da responsabilidade compartilhada entre empresários, funcionários, prefeituras e também do próprio turista. Todo mundo vai ter que contribuir obedecendo as medidas e tendo consciência da sua responsabilidade. Essa unidade entre toda a zona turística já tem que ser construída”, disse Jorge Ávila, da Setur.   Por ano, 140 mil pessoas visitam Lençóis, segundo o balanço da Prefeitura. A cidade, que tem pouco mais de 11 mil habitantes, recebia gente de todos os lugares do mundo. “A gente ainda está fazendo um estudo para dimensionar o impacto desse período parado, mas com certeza é enorme, pois perdemos feriados, altas temporadas. Agora, vamos voltar com cuidado. Pedimos aos turistas que venham com calma e se programem com antecedência”, disse Renata Ferraz.   

Quem depende desse tipo turismo não vê a hora de voltar a trabalhar. “Eu sou defensor de que esse protocolo seja feito e que sejam informadas todas as medidas para a população. Sem protocolo, prefiro que fique fechado, pois é muito perigoso tanto pra mim quanto para o cliente”, disse o guia turístico André Muinhos, 38 anos. Para sobreviver, o rapaz está recebendo o auxílio emergencial do Governo Federal.    (Foto: arquivo pessoal/André Muinhos) Moradora de Lençóis, Liliane da Silva Sodré, dona da pousada Villa Almm, descreveu seu sofrimento. “Estamos parados, sem receber clientes e sobrevivendo do auxílio emergencial para comer. As contas estão atrasadas”, afirma. Ela entende a importância das medidas de isolamento, mas espera retomar sua atividade econômica. “Vamos abrir a pousada, mas com tudo diferente. Vamos priorizar o distanciamento e não permitir aglomerações, por exemplo”, disse. Antes da pandemia, a pousada Villa Almm recebia até 15 pessoas em quatro quartos. “Com a nova realidade, esse número vai diminuir”, confirmou.   

Saudades   Para quem tem o costume de visitar sempre a Chapada Diamantina, a retomada das atividades é a esperança de matar as saudades. O fotógrafo Marcelo Gandra espera que o protocolo permita o turismo já em dezembro desse ano. “Espero que nesse mês esteja tudo mais controlado. O contato com a natureza é muito importante e faz falta. Eu pretendo ir para o Vale do Pati sozinho, para não criar aglomerações”, disse.    Marcelo não vê a hora em que será possível acampar na Chapada Diamantina (Foto: arquivo pessoal) Marcelo mora em Salvador e frequenta a região da Chapada desde 1998, atraído pelo ecoturismo. “Na minha área da fotografia, o local também é privilegiado, pois tem paisagens magníficas, que ficam eternizadas na memória”, afirmou.

O professor de biologia do Instituto Federal da Bahia (Ifba), Jeferson Coutinho, também se utiliza da região não só para fins turísticos.  

“Comecei a frequentar a região em 2009, quando eu estava na graduação. A primeira viagem que teve fins acadêmicos: fui coletar um escorpião que só tinha na região, na época. Fiquei apaixonado e fiz meu mestrado e doutorado lá também, além de visitar constantemente para passeio”, disse o professor, que conhece tanto a região a ponto de não mais precisar de guias turísticos.  

Só ao Vale do Capão, uma vila da cidade de Palmeiras, Jeferson já esteve no local 30 vezes. “Na última vez, fui sozinho. Para 2020, tinha uma viajem programa para o São João com amigos. Tivemos que adiar para 2021, que deve ser a minha próxima ida ao local, caso tudo esteja normalizado”, afirmou. 2020 é o primeiro ano que o professor Jeferson não visita a Chapada, desde 2009 (Foto: arquivo pessoal) Confira alguns locais para fazer o teste para a covid-19 na rede particular: 

Drogasil. Somente teste rápido (resultado sai na hora), nas unidades da Barra, Graça e Pituaçu. O agendamento é feito pelo site da empresa. Valor: R$ 140. Qualquer pessoa pode fazer. Mais informações: (71) 3235 4142 (Número da unidade da Graça). 

Laboratório Sabin: Fazem teste molecular (com prazo de entrega de um dia) e sorológico (sem prazo de entrega divulgado). Só realizam o teste com receita. O agendamento tem que ser feito por telefone, de segunda a sexta, das 7h às 17h, aos sábados, das 7h às 12h, e aos domingos, das 7h às 11h, pelo telefone (71) 3261-1314. Não foi informado os valores do teste. 

Drogaria São Paulo: Realiza o teste rápido com agendamento prévio feito pelo site da empresa. Valor: R$ 139,90 (O pagamento deverá ser realizado presencialmente, com cartão de crédito parcelado em até três vezes ou cartão de débito). Qualquer pessoa pode fazer e o resultado sai na hora. Não foram divulgadas as unidades de Salvador que realizam o teste.  

* Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro.