Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Mario Bitencourt
Publicado em 26 de novembro de 2019 às 06:00
- Atualizado há 2 anos
Afastado do cargo há uma semana e preso desde sábado pela Operação Faroeste, o juiz Sérgio Humberto de Quadros Sampaio, do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ), é suspeito de proliferar “recursos criminosos” para sustentar um suposto esquema de grilagem de terras no Oeste do estado, cujos indícios indicam venda de sentenças judiciais na Corte.>
A informação consta no pedido de prisão temporária de cinco dias que o Ministério Público Federal (MPF) fez ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) na última sexta, três dias após a Polícia Federal deflagrar a Faroeste. O MPF pediu ainda a detenção provisória do ex-borracheiro José Valter Dias. Ambas foram acatadas pelo ministro do STJ, Og Fernandes. >
Tanto o juiz quanto o ex-borracheiro, que virou um dos maiores latifundiários do país, não foram encontrados no dia da operação. No pedido do MPF, assinado pela subprocuradora-Geral da República Lindôra Maria Araújo, os indícios apontam para “possível atuação dele (do juiz) na proliferação de recursos criminosos para alimentar o plano idealizado” pelo falso cônsul Adailton Maturino. Dias, suposto “laranja” de Maturino no esquema, é tido como foragido pela Justiça.>
A subprocuradora relata que, no dia da operação, foram encontrados na casa do juiz “três relógios Rolex, joias Cartier e os automóveis de luxo BMW X6, Porsche Cayenne, Hyunday Tucson, Honda HRV e uma moto Harley-Davidson, que transbordam o patamar normal financeiro de um servidor público”.>
Além disso, “restou apurado que o investigado Sérgio Humberto arca com aluguel mensal de R$ 10 mil, fora taxa condominial, para residir em luxuosa residência, na qual o preço de imóveis tem, como média, o valor de R$ 4,5 milhões [além de outras despesas], numa lógica que pode, supostamente, estar sendo financiada com dinheiro originário do esquema sob apuração”.>
O STJ prorrogou também por cinco dias a prisão de Maturino, que atuava como falso cônsul da Guiné-Bissau. O advogado de Maturino, Miguel Pereira Neto, não respondeu aos contatos da reportagem. >
Sua esposa, a advogada Gesiane Maturino, o secretário judiciário Antônio Roque Neves, assessor de Gesilvado Britto, presidente afastado do TJ, e o advogado Márcio Duarte Miranda, genro da desembargadora afastada Maria do Socorro Barreto Santiago, tiveram as prisões temporárias prorrogadas por igual período. Foram afastados também os desembargadores José Olegário Caldas e Maria da Graça Osório Leal, além da juíza Marivalda Moutinho.>
Sessão deve definir nova data para eleições no TJ-BA>
Nessa quarta-feira (27), dia em que ocorrem as sessões do Tribunal Pleno, responsável por tomar as decisões administrativas do tribunal, deve ser definida a nova data da eleição da diretoria do TJ-BA. O pleito foi adiado por conta da Operação Faroeste.>
Os desembargadores José Olegário Monção Caldas e Maria da Graça Osório Pimentel Leal, que foram afastados dos cargos durante a operação, estão inscritos para concorrer à presidência do TJ. Na lista de candidaturas homologadas - publicada no Diário Oficial da Justiça, no último dia 14 - constam ainda os nomes de Rosita Falcão de Almeida Maia, Lourival Almeida Trindade e Carlos Roberto Santos Araújo. >
A presidência do TJ-BA, assim como os demais cargos da diretoria (1ª Vice-presidência, 2ª Vice-presidência, Corregedor Geral de Justiça e Corregedor das Comarcas do Interior), é eleita sempre pelos 60 desembargadores do tribunal – para esses outros cargos também concorrem cinco desembargadores.>
Por conta do afastamento de Gesilvaldo Britto, ocupa o cargo de presidente do TJ-BA o desembargador Augusto de Lima Bispo, originalmente 1º vice-presidente. José Olegário Caldas e Maria do Socorro foram substituídos nos cargos, respectivamente, pelos juízes Cassinelza da Costa Santos Lopes e Manuel Carneiro Bahia de Araújo.>
Caso as eleições ocorram antes do prazo de afastamento dos desembargadores, eles não poderão votar. Mas ainda não está claro se José Olegário e Maria da Graça poderão manter as respectivas candidaturas.>
Tanto o TJ-BA quanto o STJ foram consultados sobre as candidaturas de José Olegário e Maria da Graça. O tribunal baiano informou que quem deve responder isso é o STJ, cuja assessoria de comunicação não retornou até o fechamento desta reportagem.>
Atualmente, segundo informações do TJ-BA, o judiciário baiano possui 595 juízes e 7.772 servidores. >
Lista de candidaturas homologadas para a diretoria do TJ-BA>
Presidente José Olegário Monção Caldas Rosita Falcão de Almeida Maia Lourival Almeida Trindade Maria da Graça Osório Pimentel Leal Carlos Roberto Santos Araújo>
1º vice-presidente Rosita Falcão de Almeida Maia Carlos Roberto Santos Araújo Heloisa Pinto de Freitas Vieira Graddi Cynthia Maria Pina Resende Jefferson Alves de Assis>
2º vice-presidente Carlos Roberto Santos Araújo Cynthia Maria Pina Resende Jefferson Alves de Assis Nágila Maria Aales Brito Augusto de Lima Bispo>
Corregedor Geral da Justiça Carlos Roberto Santos Araújo Cynthia Maria Pina Resende Jefferson Alves de Assis Nágila Maria Sales Brito José Alfredo Cerqueira da Silva>
Corregedor das comarcas do interior Carlos Roberto Santos Araújo Jefferson Alves de Assis Nágila Maria Sales Brito José Edivaldo Rocha Rotondano Márcia Borges Faria >