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Fumaça ou neblina? Bairros de Salvador são atingidos por 'fumaceiro' ligado a incêndio

Entenda o que aconteceu e veja tudo que se sabe sobre o incêndio no Galpão 3 da Codeba

  • Foto do(a) author(a) Carolina Cerqueira
  • Carolina Cerqueira

Publicado em 18 de abril de 2022 às 05:00

É fumaça ou neblina? Foi com esse questionamento que moradores de bairros como Garcia, Canela, Bonfim, Vila Laura e Brotas acordaram neste domingo (17) em Salvador. Em alguns locais, a nebulosidade era acompanhada do típico cheiro de queimado e, em outros, não. O assunto foi parar nas redes sociais e logo associado ao incêndio que começou nas primeiras horas do dia 15 e que ainda está sendo combatido no galpão três da Companhia das Docas do Estado da Bahia (Codeba), no bairro do Comércio. 

O economista Marlo Melo mora no Canela e, curioso com a fumaça que viu da janela ao acordar, foi até o Porto. Ao chegar lá, confirmou a suspeita de que o trabalho do Corpo de Bombeiros ainda não tinha terminado. “Eu moro aqui no Canela e estava curioso para entender o que era a fumaça lá em casa, se era da Codeba. Aí olha só, o fogo não acabou. A fogueira voltou a acender lá dentro. [...] Essa área toda está com fumaça. Estamos defumados e molhados nesse domingo de Páscoa”, disse ele em um vídeo publicado no Twitter. 

Outros soteropolitanos também publicaram sobre o assunto nas redes. “Fumaça de incêndio ou queimada tomando conta da região do Matatu”, disse um. “No Garcia, nevoeiro e cheiro de queimado”, apontou outro. “Tá tudo tomado de fumaça aqui na Federação, não dá para ver nada”, informou outro. “Salvador, isso é neblina ou fumaça?”, resumiu uma outra publicação. 

O publicitário Diego Nascimento, de 29 anos, mora no Bonfim achou que se tratava de uma neblina, mas desconfiou.“Estava tudo esfumaçado, como se fosse neblina, mas com cheiro de queimado muito forte. Quando o clima fica assim chuvoso, aqui tem neblina, mas dessa vez foi diferente, mais densa e com o cheiro. Como não vi nenhuma fumaça preta de incêndio aqui, desconfiei do resto de incêndio lá da Codeba”, disse.  Nevoeiro observado no bairro da Graça (Foto: Leitor CORREIO) Segundo o diretor-geral da Defesa Civil de Salvador, Sósthenes Macedo, Salvador, de fato, amanheceu no domingo com um fenômeno diferente. Mas não foi neblina, quem acertou foi o morador do Garcia que mencionou no Twitter a presença de um nevoeiro.“O fenômeno que ocorreu hoje pela manhã em Salvador, tecnicamente, é um nevoeiro. São gotículas de água extremamente pequenas e que ficam em suspensão perto da superfície, ou seja, é a umidade que se condensa bem próximo ao solo”, explicou o diretor-geral da Defesa Civil. Com o nevoeiro, pode haver comprometimento da dissipação de fumaça de incêndio, por exemplo. Ou seja, na discussão no Twitter, os dois times têm razão. O incêndio no galpão da Codeba foi dado como controlado no final da manhã de sexta (15), mas, por volta de 13h10, a equipe precisou religar as mangueiras para controlar o fogo que começou a tomar conta do lado direito da frente do galpão. Uma das bombas de água utilizadas para combater as chamas, quando o incêndio ainda estava em grande proporção, também foi reativada.

No sábado (16), as chamas voltaram mais uma vez e nem mesmo a chuva que atingiu a cidade foi capaz de ajudar. O trabalho de rescaldo do incêndio seguiu neste domingo (17). Com apoio de brigadistas da própria Codeba, 15 bombeiros continuam o trabalho na área. Duas retroescavadeiras, um trator de pá e três caçambas foram usados para continuar o rescaldo.

O incêndio

O incêndio teve início na madrugada do último dia 15 e foi percebido por vigilantes por volta da meia-noite. Não houve feridos. Num primeiro momento, somente a parte Sul do Galpão 3 foi atingida, mas o fogo se espalhou e já comprometeu cerca de 50% do galpão. Parte da estrutura desabou e ainda há risco de mais desabamentos.  Estrutura começou a ruir ainda no dia 15 (Foto: Emilly Tifanny/CORREIO) O incêndio é considerado de médio porte pelos bombeiros. "As chamas chegaram a seis metros de altura, ultrapassando o teto. A estrutura conseguiu se manter em pé até às 06h. Quando começaram os jatos d'água as paredes contraíram e começaram a desabar", disse o engenheiro da Codesal, João Carlos Palma.

A vendedora ambulante Joana Conceição, de 56 anos, trabalha próxima ao galpão e se assustou com o que viu ao chegar para trabalhar. “Minha sobrinha ligou me avisando do incêndio, mas mesmo assim eu fui trabalhar, não achei que ia ter problema. Quando cheguei, foi um susto muito grande. Era muita fumaça, tudo vermelho e era muito difícil de respirar”, conta. 

De acordo com o Corpo de Bombeiros, a informação que a instituição recebeu é de que, no local, havia cerca de 3 toneladas de material, que se tratava de celulose. Segundo a assessoria, 70% da carga armazenada no local foi preservada. Foram usadas retroescavadeiras e outros maquinários para a retirada das cargas intactas.  "É um material bastante inflamável e isso dificulta o nosso trabalho. Há a dificuldade de acessar o local pelo risco de desabamento e é difícil combate devido ao seu material combustível. O que fizemos foi isolar o incêndio para fazer o melhor combate", explicou o coronel Adson Marchesini, comandante-geral do Corpo de Bombeiros.Devido à extensão do incêndio, três navios rebocadores usaram uma bomba para sugar a água do mar para tentar controlar o fogo. Uma força-tarefa entre bombeiros, brigada de emergência do Porto Organizado de Salvador e Defesa civil foi montada para atuar no incêndio. Dez viaturas do Corpo de Bombeiros e 40 agentes atuaram no combate às chamas. 

O trânsito na Avenida da França precisou ser alterado devido à interdição de uma parte do trecho. De acordo com a Transalvador, até a noite deste domingo (17), o trânsito permanecia interditado na via principal da avenida, no trecho entre o portão 1 da Codeba (galpões 5 e 6) e o local atingindo pelo fogo. 

Com o bloqueio, o trânsito foi desviado pela via marginal da Av. França até a altura do cruzamento com a Rua Argentina. A partir deste ponto, os veículos e os ônibus podem acessar a via principal, em frente ao Hub Salvador, e seguirem em direção à Av. Lafayete Coutinho (Contorno). Equipes da Transalvador permanecem na região para orientar os condutores.

Ainda não há informações sobre as causas do fogo. De acordo com o Corpo de Bombeiros, só após o controle das chamas será possível realizar uma perícia pelo Departamento de Polícia Técnica (DPT) para identificar o que causou o fogo. Já sabe-se, porém, que devido à intensidade do fogo, o galpão deve ser demolido. 

Os galpões do Porto de Salvador possuíam painéis artísticos de autores baianos instalados na parte externa. A instalação ocorreu em 1999, a partir de um concurso promovido pela Codeba em comemoração aos 450 anos de Salvador. No início, eram 33 obras, que foram se deteriorando. Em 2016, eram 26. 

O CORREIO tentou contato com a Codeba para saber quantos painéis ainda permanecem nos galpões e quais foram atingidos pelo incêndio, mas não obteve resposta. O Corpo de Bombeiros também não soube informar. Na foto abaixo, feita ainda no início do incêndio, é possível ver ao menos um painel instalado no galpão 3.  (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) Irregularidades

O galpão 3 do Companhia das Docas do Estado da Bahia (Codeba) não tem alvará de vistoria do Corpo de Bombeiros. A informação foi divulgada pelo comandante-geral da corporação, Adson Marchesini. Segundo ele, a companhia deu entrada com o projeto para garantir o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB), mas o processo ainda está em tramitação. "A primeira informação que eu tenho é que eles estão em andamento com esse processo. Eles deram entrada para a aprovação do projeto, que é o primeiro passo para ter o alvará", explicou Marchesini.A Codeba foi questionada sobre o processo, mas não respondeu até o fechamento dsta edição. A Codesal informou que, com a instituição da lei de incêndio, a responsabilidade da aprovação do auto de vistoria deixou de ser responsabilidade da Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur) e passou a ser do Corpo de Bombeiros, que tem um setor específico para esse caso. 

É normal tanta demora?

De acordo com o tenente-coronel bombeiro militar Ramon Dieggo, o incêndio em si já foi controlado e agora o trabalho é de rescaldo, que é a operação de reparo, cujo objetivo é apagar todos os focos remanescentes que possam reacender as chamas. O tenente-coronel diz que a demora é normal e que ainda não há previsão para que o trabalho seja finalizado.“Em virtude do processo de remoção dos escombros com as retroescavadeiras, pequenos focos de incêndio voltam a aparecer. Isso porque a temperatura está muito elevada e, com a movimentação, tem o contato com o oxigênio e a queima. A celulose é muito inflamável, isso contribui para a demora dessa última fase. Ainda não dá para precisar quando o trabalho vai ser finalizado porque para isso é preciso que todo o material seja retirado e tenham baixa na temperatura”, explicou. Nas últimas semanas, outro incêndio chamou a atenção dos baianos. Um supermercado em Vitória da Conquista pegou fogo no dia 8 e só foi totalmente apagado no dia 12. Funcionários e clientes estavam no local quando tudo começou e viveram momentos de tensão. Em vídeos que circulam na internet, é possível ver cenas do momento em que as chamas se iniciaram, gerando correria das pessoas presentes, bem como uma grande coluna de fumaça que podia ser vista até por moradores distantes. De acordo com o Corpo de Bombeiros, não há vítimas e a causa do incêndio ainda é desconhecida.

Segundo a corporação, o imóvel tinha muito material inflamável e estava com o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) vencido - estavam em processo de renovação - com isso, o sistema de prevenção e de primeira resposta falhou. Além disso, em virtude de parte da cobertura ter colapsado e não oferecer segurança, o acesso das equipes a esses locais ficou mais difícil.