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Da Redação
Publicado em 6 de setembro de 2022 às 21:44
Controla a ansiedade, mantém a postura e marcha. Essa é a mensagem principal dos últimos ensaios das fanfarras de colégios estaduais e municipais de Salvador para o Desfile Cívico Militar comemorativo à Independência do Brasil, realizado na manhã de quarta-feira (7), na Avenida 7 de Setembro. Após um hiato de dois anos, por conta da pandemia da covid-19, alunos e professores admitem nervosismo e expectativa de grande sucesso para o evento. Eles vão sair da Praça 2 de Julho, no Campo Grande, até a Praça Castro Alves. >
Na rede municipal, participam do desfile oito escolas com 580 crianças e adolescentes. Das escolas estaduais, são 410 alunos de seis instituições. Na Escola Municipal Barbosa Romeo, que fica no bairro de São Cristóvão, os ensaios aconteciam todos os dias há três meses. O último encontro antes da apresentação final foi realizado na noite desta terça (6). A banda é composta por alunos a partir dos 7 anos e ex-integrantes com até 30 anos. >
O regente da fanfarra, Edmar Machado, de 38 anos, contou sobre os ajustes realizados antes da grande apresentação: “Esses últimos momentos são preocupantes, trazem nervosismo, ansiedade, tanto por nossa parte, como dos alunos. Mas nós focamos em corrigir a marcha e o entrosamento na hora de andar todo mundo junto”, explicou. >
A banda da Escola Romeo foi fundada em 2008 e vem tendo uma atuação contínua desde então, apesar dos dois anos de pandemia, quando a fanfarra deu uma pausa para manter a segurança dos participantes. Nesse período, 40 estudantes desistiram, deixando a banda somente com 30 pessoas. O regente explicou que a maior dificuldade é a falta de interesse dos jovens na música. >
“Temos dificuldade em fazer com que esse jovem se interesse pela música e queira participar, mas o desfile do 7 de Setembro anima todo mundo. Todos os participantes estão bem engajados com o projeto”, disse Edmar. >
Uma das participantes da fanfarra é a estudante Maria Luiza Luz, 17, que entrou na equipe há mais de seis anos e é uma das dançarinas da banda. Apesar da ansiedade, ela disse estar confiante. “Não é todo dia que desfilamos para tanta gente em um evento tão grande. Já desfilei antes, já vi toda a dedicação da gente para participar, e agora está sendo lindo, estamos ensaiando bastante para fazer uma boa performance”. >
“A fanfarra é uma peça muito importante, a educação não é só feita na sala de aula, mas tudo que é feito fora é muito enriquecedor. É importante construir esse sentimento de nacionalismo e de pertencimento nos estudantes”, destacou James Silva, 35, gestor do noturno da escola. >
Um dos ex-alunos que voltaram para participar da fanfarra é Felipe Almeida, 30, que toca trompete. Ele entrou na fanfarra logo quando foi criada e nunca mais saiu. “É muito gratificante poder voltar aos ensaios. Quero que todos participem das fanfarras, vale a pena, aprendemos muita coisa. Entrei adolescente e nunca mais saí, tô aqui sem receber nada, por amor mesmo”, relatou. >
No mesmo dia que a independência completa 200 anos, Henrique Silva faz 29. Ele é o regente da fanfarra do Colégio Estadual Azevedo Fernandes, no Pelourinho, e vai comemorar o aniversário nas ruas de Salvador comandando a banda. “Começamos a ensaiar em março todos os dias da semana. Depois de dois anos, poder tocar na Avenida Sete é um recomeço, um novo aprendizado. É uma data cívica muito importante”. >
É claro que o sentimento de ex-integrantes que voltam para contribuir de alguma forma com a fanfarra é de gratidão e muita felicidade. É o caso do instrutor Marcelino Alves, 23, que atua junto com Henrique na banda do Colégio Azevedo Fernandes. >
“Iniciei em 2016 como aluno e hoje tenho o prazer de poder contribuir com esse projeto, passar um pouco do conhecimento que adquiri aqui. Está sendo muito emocionante retornar agora depois de dois anos, ganhamos integrantes novos, jovens cheios de vontade de fazer e fazer bem feito. Muitos dos nossos jovens aqui vivem em risco social e poder ocupar a mente deles com a música, com a arte, é uma porta para o futuro, um futuro melhor”, finalizou.>
*Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo >