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Desigualdade salarial da Bahia é a maior do Brasil, aponta IBGE

Componentes de raça e gênero interferem no índice

  • D
  • Da Redação

Publicado em 19 de novembro de 2021 às 15:38

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Agência Brasília

Entre 2019 e 2020, a população com “salário” no estado passou de 5,7 milhões para 5,0 milhões, numa queda de 13,8% em um ano. Sob os impactos da pandemia, 791 mil pessoas deixaram de ter rendimento de trabalho na Bahia. Em termos relativos, a redução no número de pessoas com rendimento de trabalho na Bahia no ano passado foi a segundo mais intensa do país, abaixo apenas do verificado na Paraíba.

Apesar da queda de pessoas com renda, a renda média do trabalhador baiano aumentou 14,1% em 2020. No entanto, isso também refletiu na maior disparidade entre salários, o que tornou a desigualdade ainda maior. De acordo com o IBGE, os 10% de trabalhadores com maiores salários recebiam, em média, o equivalente a 56 vezes o rendimento dos 10% que ganhavam menos (R$ 8.624 contra R$ 155).

Salário médio teve aumento recorde (+14,1%), mas desigualdade passou a ser a maior do país

Em 2020, uma parcela importante da população brasileira e baiana deixou de trabalhar, em grande parte por causa da pandemia. A crise impactou mais os trabalhadores informais, que, por sua vez, têm os menores rendimentos. A perda de trabalho concentrada num grupo que ganha menos fez o salário médio aumentar. Na Bahia, o rendimento médio mensal habitualmente recebido por todos os trabalhos passou de R$ 1.620 para R$ 1.849, entre 2019 e 2020, num aumento real de 14,1% (já descontados os efeitos da inflação).

O aumento na desigualdade salarial na Bahia, em 2019, se consolidou na variação do Índice de Gini do rendimento médio mensal de todos os trabalhos no estado, que, no ranking nacional, subiu do 7º lugar em 2019 (0,529) para o maior do país em 2020 (0,557). O Índice de Gini mede a desigualdade numa distribuição qualquer e vai de 0 a 1, sendo mais desigual quanto mais próximo de 1.

O aumento também foi na contramão do que ocorreu no Brasil como um todo, onde a desigualdade recuou. No ano passado, os 10% de trabalhadores brasileiros com maiores rendimentos recebiam o equivalente a 31 vezes o rendimento médio dos 10% que ganhavam menos (R$ 324). Em 2019, a relação era de 35 vezes.

O aumento da desigualdade se refletiu também numa maior desigualdade salarial entre raças e gêneros. No ano passado, trabalhadores pretos passaram a ganhar, em média, a metade dos brancos (-49,6%); e mulheres passaram a receber 1/5 a menos que os homens (-21,5%).

Em 2020, um trabalhador preto ganhava quase a metade de um branco: R$ 1.469 frente a R$ 2.892 (-49,8%). Em 2019, a diferença era significativamente menor, embora ainda bastante alta (-38,3%).

Na comparação entre trabalhadores de cor parda e branca, a desigualdade aumentou ainda mais e chegou, em 2020, ao seu ponto máximo na série histórica recente do IBGE, iniciada em 2012. No ano passado, os pardos recebiam, em média R$ 1.671, 42,2% menos do que os brancos. Em 2019, essa diferença era de -30,5%.

A situação foi parecida entre trabalhadores homens e mulheres, embora a desigualdade salarial por sexo na Bahia seja menos profunda do que por cor ou raça.

Em 2020, as mulheres que trabalhavam na Bahia recebiam, em média, R$ 1.591, ou 21,5% menos que os homens, cujo rendimento médio era R$ 2.027. Essa diferença era de -19,2% em 2019. Isso porque, de um ano para o outro, o rendimento médio masculino aumentou mais que o feminino: +15,2% e +12,0%, respectivamente.