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Mario Bitencourt
Publicado em 6 de julho de 2019 às 20:20
- Atualizado há 2 anos
A Prefeitura de Juazeiro também decretou luto oficial por três dias em razão da morte do cantor e compositor João Gilberto, que até antes de completar 18 anos, quando foi morar em Salvador, era conhecido na cidade do norte baiano como “Joãozinho de Patu”, em referência à mãe dele, dona Petronília, conhecida como Patu.>
Em Juazeiro, João Gilberto cresceu numa casa no centro da cidade, onde hoje é a Secretaria Municipal de Cultura, que será palco de homenagens ao filho ilustre nos festejos do aniversário de emancipação (15 de julho). Desde 2012, a cidade tem uma estátua em homenagem ao cantor, em tamanho natural, localizada na orla, às margens do Rio São Francisco.>
No dia 12, às 18h, ocorrerá na casa onde nasceu João Gilberto a exposição “João Gilberto, de Juazeiro para o Mundo”. No quarto de João serão colocadas fotografias raras e vídeos narrando sua vida e obra. E no dia 13, na Orla 2, às 20h, perto da escultura, um show com a banda “Amadores Profissionais” vai exaltar a obra de João.“A homenagem já estava prevista para ser feita, e agora se torna mais especial. Vamos cantar Bossa Nova, será uma noite de música para João”, disse o prefeito Paulo Bonfim (PCdoB). “Por sua causa, Juazeiro é conhecida no mundo inteiro. Por seu legado musical e artístico, aqui é a capital mundial da Bossa Nova”.O gestor disse que tentou convencer a família do músico a realizar o sepultamento na cidade baiana, mas foi avaliado que seria melhor no Rio de Janeiro, para onde embarca às 7h deste domingo a irmã caçula de João Gilberto, Maria Oliva, conhecida como Vivinha, 81 anos, que mora no bairro Country Clube. Estátua do cantor em Juazeiro (Foto: Divulgação) “Ela está deitada e não pode falar, está consternada com a morte do irmão”, disse o marido José Roberto Vasconcelos, 77. Segundo ele, a última vez que João esteve em Juazeiro faz mais de 15 anos. Ele chegava sempre de forma discreta, de preferência de madrugada, e deixou de fazer viagens por conta do estado de saúde.>
Amiga de infância de João Gilberto, a agitadora cultura, jornalista e escritora Maria Isabel Muniz Figueiredo, conhecida como Bebela, de 90 anos, lembra da vez que o músico ganho seu primeiro violão. “Foi aos 12 anos, dona Patu, a mãe dele, quem deu. Ele ficava tocando pra gente na beira do rio”, conta Bebela.>
Segundo recorda, João Gilberto era um garoto que gostava muito de estudar e buscava se relacionar com pessoas que pudessem acrescentar algo para sua vida. “Eu, ele e mais uma amiga vivíamos juntos, tínhamos uma proximidade grande, sempre ligados à cultura, à música e à arte de uma forma geral”, relembra.>
Bebela não se lembra ao certo da última vez que esteve com João Gilberto, só sabe que “faz muito tempo”, e recorda que antes de ir morar em Salvador “ele passou por Aracaju, Diamantina (MG) e depois voltou para Aracaju de novo, eram coisas da família dele que ficava buscando dar educação boa para o menino”.>
Para Bebela, o maior legado de João Gilberto será a busca pela perfeição musical: “Uma pessoa como ele tem muita disciplina nas coisas que faz, então isso serve de exemplo para outros que estão buscando alcançar seus objetivos, em qualquer área que atuar”.>