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Caso Davi Fiúza: desaparecimento é denunciado às Nações Unidas

Mãe de Davi Fiúza e pais de outros adolescentes baianos desaparecidos foram recebidos no escritório da Anistia Internacional

  • Foto do(a) author(a) Victor Lahiri
  • Victor Lahiri

Publicado em 6 de dezembro de 2014 às 09:16

 - Atualizado há 2 anos

A Anistia Internacional, ONG de defesa dos direitos humanos, vai denunciar à Organização das Nações Unidas (ONU) o caso do adolescente Davi Fiúza, desaparecido no dia  24 de outubro, no bairro de São Cristóvão, após a ação de policiais, segundo a mãe do garoto, Rute Fiúza. Ela e pais de outros adolescentes baianos desaparecidos foram recebidos, ontem, no escritório da AI, no Rio de Janeiro. (Foto: Reprodução/ Facebook)“No caso do Davi, há um grupo de trabalho das Nações Unidas sobre desaparecidos que já nos procurou para apresentar esse caso formalmente. A gente está falando com a mãe do Davi e vamos levar esse caso para a ONU. Em alguns casos, quando não há uma solução, também podemos apresentar à Comissão Interamericana de Direitos Humanos [da Organização dos Estados Americanos - OEA ], e a ideia é esta”, explicou o assessor de Direitos Humanos da AI, Alexandre Ciconello.

Os pais e mães das vítimas foram levados ao local por intermédio dos grupos Quilombo Xis e Reaja ou Será Morto(a). Além do Caso Davi Fiúza, outras três denúncias foram apresentadas: o caso de um jovem desaparecido durante operação policial no Nordeste de Amaralina, outro caso que ocorreu em Canabrava, poucos dias após a morte de um policial no bairro, e o desaparecimento de um adolescente que estava cumprindo medida socioeducativa e, após a liberação, nunca mais foi visto.

Logo após a reunião, Ciconello já encaminhou a denúncia através do sistema Ação Urgente, que levará o caso ao conhecimento de grupos ativistas em mais de 100 países onde a AI possui escritórios — ontem mesmo, sites da Bélgica já haviam reproduzido a história. Segundo Alexandre, a iniciativa tem como objetivo exercer pressão nos órgãos governamentais.

Para ele, além da impunidade, familiares ainda enfrentam intimidações e ameaças. “Rute nos mostrou mensagens que ela tem recebido por celular, onde o emissor envia imagens de mulheres assassinadas com legendas como: ‘É isso o que fazemos com mulheres fortes’”, citou.

Apesar de não precisar o número de denúncias da Bahia, o assessor comentou que o volume de ocorrências surpreende. “O número de denúncias vindas do estado da Bahia tem crescido bastante desde o ano passado e isso nos alertou sobre os desaparecimentos forçados que têm ocorrido principalmente em ocasiões onde há presença da Polícia Militar baiana”, informou o assessor

. A Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que todas as medidas cabíveis para identificar as causas do desaparecimento do jovem Davi Fiúza estão sendo tomadas. O caso está sob responsabilidade da Delegacia de Proteção à Pessoa e, de acordo com o diretor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Jorge Figueiredo, várias vertentes são investigadas, inclusive, a de participação de policiais.

Para isso, os profissionais da segurança pública que estavam de plantão no dia do ocorrido estão sendo ouvidos no inquérito. O órgão ressaltou o comprometimento com as investigações, ressaltando a demissão de 104 policiais no período 2013/2014, atribuindo ao fortalecimento das corregedorias vinculadas à Secretaria. Contudo, a assessoria do DHPP informou que, até o momento, a investigação não foi encaminhada a nenhum dos delegados do departamento e aguarda a deliberação de Jorge Figueiredo.