Receba por email.
Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Donaldson Gomes
Publicado em 7 de abril de 2019 às 06:15
- Atualizado há 2 anos
Tudo começou com uma briga de vizinhos. Jacinto, um “pai de santo temido” na cidade de Salvador em 1930, acusa o vizinho Antonio Fontes jogar óleo em sua cisterna, para inviabilizar sua plantação, no bairro do Lobato. As ameaças de morte, “a peixeira”, noticiadas nos jornais da época, chamaram a atenção do comerciante Oscar Cordeiro, um entusiasta com as riquezas do subsolo.
“Este fato me chamou atenção, conhecendo a pessoa a quem se atribuia jogar óleo, pois sua situação econômica não permitia gastar diariamente dinheiro para comprar óleo e fazer tal perversidade”, lembra em seus relatos, entregues ao CORREIO pelo seu sobrinho, o advogado Fernando Cordeiro.
CONFIRA O ESPECIAL 'O PETRÓLEO ERA NOSSO'
Durante nove anos, o descobridor do petróleo lutou contra o governo Vargas, e com o investimento de recursos próprios para provar a existência do mineral no subsolo baiano. Muito antes da frase “Acabei com a célebre lenda de que não há petróleo no Brasil”, Cordeiro passou por poucas e boas. Eram todas as manhãs nos dias de semana, “sendo que os domingos e feriados eram aqueles dias totalmente dedicados à pesquisa do petróleo baiano”, relata.
Quando o tio teve êxito, Fernando tinha um ano. “O retorno que ele teve foi o empobrecimento. Vendeu carro, casa e pagou sozinho todas as despesas da exploração. Seu grande legado é o orgulho que nos deu”, diz o sobrinho. Em meu a papéis e livros que documentam a saga do seu tio, o advogado destaca uma carta do escritor Monteiro Lobato – que ao contrário do que muitos pensam não tem nada a ver com o nome do bairro. “A descoberta do petróleo no Brasil pertence a Oscar Cordeiro, como a descoberta do Brasil pertence a Cabral”, disse o escritor.