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Donaldson Gomes
Publicado em 30 de maio de 2023 às 16:38
- Atualizado há um ano
Após uma série de investimentos em seus terminais portuários, a Bahia agora precisa superar um "apagão" na área do transporte ferroviário, avisa o empresário baiano Roberto Oliva, presidente do conselho da Intermarítima. Ele foi reeleito esta semana como presidente do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira de Terminais Portuários (ABTP), entidade que reúne empresas que atuam em 234 áreas portuárias espalhadas pelo Brasil.
A entidade envolve empresas que movimentam os mais diversos tipos de produtos no país, desde cargas conteinerizadas, cargas gerais, líquidos e gasosos e movimenta a produção de todos os setores econômicos, dos grandes complexos industriais até os polos agrícolas.
"Tudo o que entra e sai do Brasil, o que houver de investimento privado nos portos brasileiros, dialoga com a ABTP", explica Oliva. Com isso, quase 90% de tudo o que é movimentado por portos no país passa pela área de algum associado da entidade, diz. "Nós representamos 19,5% do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil, isso nos dá uma representatividade muito grande para dialogar com todo o ecossistema portuário brasileiro", acredita.
Para Roberto Oliva, a indicação dele para este novo mandato é uma garantia de que as demandas do Nordeste na área portuária serão encaminhadas. "O fato de eu ser da Bahia, e do Nordeste, já que a Intermarítima atua também no Rio Grande do Norte, muda uma tradição antiga, porque o comando sempre foi do Sul e Sudeste", diz.
Ele cita a presença de baianos como o ex-secretário de Infraestrutura do Estado, Marcus Cavalcanti, no governo federal – agora à frente da Secretaria Especial do Programa de Parcerias de Investimentos da Casa Civil – como uma oportunidade para levar adiante os pleitos da Bahia na área da Infraestrutura.
"Temos que ver como conseguir medidas para destravar o desenvolvimento da Bahia. O nosso estado vive um apagão ferroviário", lamenta. Segundo ele, isso tem impedido a economia da região de aproveitar todo o seu potencial para a operação logística. "Apesar de estar no meio do país, de ter essa dádiva dada pelo Criador, que é a Baía de Todos os Santos, com águas profundas e pouco assoreamento, de fazer limite com oito estados brasileiros, nós estamos ficando isolados pela falta de acessos ferroviários e pela má qualidade dos acessos rodoviários", avisa.
Roberto Oliva cita a necessidade de buscar soluções para ligar o estado no sentido norte-sul via ferrovias, para conectar as regiões produtoras com os mercados do Sudeste e dos demais estados do Nordeste. "A gente precisa entroncar com a VLI em Minas Gerais, com a Transnordestina", recomenda.
O presidente do Conselho Deliberativo da ABTP diz que o problema dos acessos é mais agravado na Bahia, mas se trata de uma questão nacional. "O setor portuário, pela sua pujança, foi o que mais respondeu aos chamamentos do governo para fazer investimentos. Eu posso citar na Bahia o Tecon, que não tem nada mais moderno, nossos arrendamentos, o arrendamento de Aratu com a CS, a Enseada movimentando minério de ferro e o TPC escoando grãos, para falar só de alguns. Mas este movimento não foi acompanhado por uma expansão na infraestrutura de acessos ferroviários e mesmo rodoviários", diz, lembrando, por exemplo, que o trecho da BR-324, entre Salvador e Feira de Santana, possui hoje a mesma capacidade de movimentação de veículos que tinha na Década de 70.