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Após disputa, UFRB lança pedra fundamental do campus em Santo Amaro

O terreno foi doado à instituição em 2012, mas a prefeitura da cidade tentou passar a posse da terra à empresa Orbi Química

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  • Da Redação

Publicado em 12 de novembro de 2020 às 21:50

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Foto: Divulgação/Cecult

A Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) lançou a pedra fundamental da construção do campus do Centro de Cultura, Linguagens e Tecnologias Aplicadas (Cecult), em Santo Amaro, na terça-feira (10). O planejamento é que as construções comecem no próximo ano. O terreno foi disputado pela prefeitura para uso de uma empresa química, mas o projeto de lei não foi aprovado e a terra continuou nas mão da instituição de ensino.

O diretor do Cecult, Danillo Barata, afirmou que o ato foi um momento marcante por mostrar o resultado do apoio que a instituição recebeu para manter o terreno. “Fizemos a prestação de contas com quem aprovou nossa permanência. O Ministério Público Federal nos pressionou para realizar o ato”, disse.

O Cecult existe desde 2013, mas as aulas ocorrem no prédio da antiga Escola Estadual Pedro Lago, que foi cedido para a instituição. Segundo Barata, a obra do pavilhão de aulas e de administração vai custar em torno de R$ 20 milhões. Além dessa obras, o prédio da antiga siderúrgica Trzan também vai fazer parte do campus e será renovado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

A intervenção é parte do PAC Cidades Históricas, portanto, as obras do campus serão realizadas por meio do Ministério da Educação (MEC) e do Ministério do Turismo (MTur), com intermédio do Iphan.

“Será um espaço permeável com a cidade ocupando a universidade para usufruir do espaço, das bibliotecas. Não será um campus fechado nos seus muros”, comentou Barata.

O centro já tem 100 servidores federais e 600 alunos matriculados. A expectativa é de que 2 mil estudantes possam se matricular no centro no novo campus. “O local que estamos agora não comporta o campus”, disse o diretor. 

O terreno foi doado para a universidade em 2012, mas o prédio não chegou a ser construído pela falta de recursos para a obra. Em setembro, o diretor do centro se reuniu com o MEC, o MTur e o Iphan para viabilizar o novo campus.

O desejo é que o prédio fique pronto em 2022, ano que marca o bicentenário da Ata da Vereação de 14 de junho de 1822, do Senado da Câmara de Santo Amaro que já pedia por uma universidade pública no país.

Para o diretor, o centro oferece cursos inovadores em um lugar  inspirador, mas que foi machucado pelas políticas públicas e a falta de cuidado com o meio ambiente e arquitetura.

“No século 20, a extração de chumbo entrou na cidade e a transformou em uma das cidades com mais contaminação. Queremos levar o centro para lá pra trazer uma nova experiência de a cidade  pode ter soluções mais sustentáveis e possa dialogar mais com o meio ambiente e a inteligência do Recôncavo. Desejamos apontar novos caminhos não só os das indústrias que poluem”, afirmou.

O diretor relembrou a tentativa da prefeitura da outro uso para o terreno: “Foi um momento complexo. O prefeito não conversou com a universidade sobre isso, o projeto apareceu da noite para o dia. Ocorreu uma mobilização, o que até fez com que eu retornasse para o foco de consolidar o nosso projeto”.

A sessão que votou o projeto foi marcada por tensão e gritaria. Em 27 de julho, a Câmara Municipal de Santo Amaro analisou o projeto de lei que passava a posse do terreno às margens do Rio Subaé, anteriormente doado à Ufrb, à empresa Orbi Química, de São Paulo. 

Em convocação extraordinária, por 9 votos a favor de passar a área para a fábrica e 5 contrários, a universidade acabou obtendo a vitória porque seriam necessários 10 votos para a aprovação da pauta, já que o regimento da casa exige 2/3 dos votos para que um projeto siga em tramitação. Um dos parlamentares não compareceu à sessão porque está com suspeita de covid-19. Com isso, os vereadores favoráveis à empresa não obtiveram os votos necessários.

O tema chegou a ser levantado pelo cantor santamarense Caetano Veloso e causou alvoroço no município, que já tem uma longa história de contaminação por metais pesados.