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Donaldson Gomes
Publicado em 31 de outubro de 2024 às 06:00
Desde a pandemia, os baianos redescobriram o interior. Primeiro, motivados pela convicção de que era menos penoso enfrentar o distanciamento longe dos grandes centros, mas depois atraídos pela qualidade de vida das pequenas aglomerações e, sobretudo, pelas oportunidades de negócios que estão surgindo fora dos grandes centros urbanos.
Há alguns anos, o noticiário mostra atividades que o setor agrícola, ao lado de atividades como a mineração e a produção de energia renovável estão ganhando protagonismo no desenvolvimento do estado. Ao mesmo tempo, a indústria e o setor de serviços, sempre tão concentrados na Região Metropolitana de Salvador (RMS), descobrem que há oportunidades também interior a dentro.
Em 2023, o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio baiano totalizou R$ 88,66 bilhões, com crescimento de 4,2% em relação ao ano anterior e participação de 21,1% no total da economia baiana. O que demonstra o ritmo de expansão da atividade, é que no segundo trimestre de 2024, a atividade já representava 28,4% do PIB estadual.
Também em 2023, a mineração baiana acumulou quase R$ 10 bilhões em faturamento, sendo responsável por aproximadamente 3% do PIB baiano. Entretanto, a influência da atividade vai além daquilo que ela gera diretamente em receitas, renda e paga em folhas salariais. Presente em municípios com poucas alternativas econômicas, a atividade se posiciona como motor de desenvolvimento.
Já a produção de energia renovável, além de trazer segurança para o abastecimento energético, gera oportunidades de um melhor aproveitamento do solo urbano. O estado atingiu o marco de 10 Gigawatts (GW) de potência outorgada, de acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), com 342 usinas em operação e um investimento estimado em R$ 50 bilhões.
Interiorizar o desenvolvimento, ou descentralizar a geração de riquezas, é uma alternativa para reduzir a pressão sobre os grandes centros urbanos, aponta um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) sobre competitividade e governança em cidades médias brasileiras. O órgão de pesquisa identifica uma mudança neste sentido, a partir do ano 2000.
"As principais transformações ocorridas no território nos últimos vinte anos revelam o crescimento da agroindústria, empreendimentos de recursos naturais com a urbanização da fronteira agrícola, com o desempenho de cidades pequenas e médias na interiorização da urbanização e na desconcentração da atividade econômica no território", destaca o relatório do Ipea.
Na região Nordeste, a polarização entre cidades pequenas e as grandes áreas metropolitanas se manifesta na distribuição do Produto Interno Bruto (PIB) regional. Com cerca de um terço do valor total, as cidades pequenas (33,0%) compõem com as grandes áreas metropolitanas (31,4%) a maior parcela da produção econômica. Por outro lado, as cidades médias (18,7%) estão articuladas às áreas metropolitanas (16,9%).
O diretor de estudos e políticas regionais, urbanas e ambientais do Ipea, Nilo Saccaro Junior, destaca ainda o potencial de sustentabilidade na descentralização do desenvolvimento.
O diretor do Ipea enfatiza que o desenvolvimento territorial e urbano deve ser sustentável, tanto ambiental quanto financeiramente.
“Todos concordam que há gargalos a serem superados para que tenhamos cidades mais eficientes economicamente e mais sustentáveis e mais inclusivas. Os principais gargalos podem ser relativos à infraestrutura, aos instrumentos de planejamento e gestão urbana e à própria regulamentação urbana”, comentou.
No Nordeste, as grandes áreas metropolitanas mostram uma marcante presença das atividades de serviços, que representam mais da metade do VAB, aponta o Ipea.
A indústria vem a seguir, com cerca de um quinto do total, e a administração pública completa a estrutura econômica. Nas áreas metropolitanas, a composição é semelhante, embora a participação da administração pública supere a atividade industrial.
Acontece que os pequenos municípios alcançam a participação expressiva por conta do número elevado deles. Historicamente, quase metade do PIB da Bahia se concentra entre os 13 municípios que fazem parte da Região Metropolitana de Salvador (RMS) e os 16 que compõem a Região Metropolitana de Feira de Santana (RMFS).
Este processo de expansão econômica e populacional no interior do estado se reflete com bastante clareza na demanda por mais infraestrutura. Para conseguir acompanhar o processo, a Neoenergia Coelba modificou a maneira de planejar as suas ações, para conseguir atender as necessidades de cada região do estado. “Temos uma demanda do interior muito maior do que antes, por isso que passamos a fazer um planejamento que leva em conta uma projeção de crescimento do mercado e tivemos que personalizar por região, porque algumas delas crescem muito mais que a média do estado”, explica Thiago Guth, presidente da Neoenergia Coelba.
Um exemplo destas especificidades é o caso do Oeste, onde a empresa vai investir para praticamente dobrar a capacidade energética. “Nós nos baseamos tanto nos pedidos que já foram feitos, quanto no que já aconteceu nos últimos anos, mas também nas projeções do que está por acontecer”, afirma.
Em outras regiões, a empresa de energia também tem verificado tanto a necessidade de conectar novos clientes, quando a de ampliar a carga energética ofertada. Um exemplo disto pode ser verificado em regiões com grande apelo turístico, como o Litoral Norte, o Baixo Sul e o Sul da Bahia. Nestas regiões a expansão de equipamentos voltados para o turismo demanda cada vez mais energia.
Por outro lado, no Litoral Norte, a Neonenergia Coelba identifica também o crescimento relacionado ao aumento no número de moradias, com ligações residenciais e comerciais. “Nós estamos preparados para dar suporte ao desenvolvimento do interior baiano”, diz, citando investimentos em diversas áreas do estado, num investimento total estimado em R$ 13,3 bilhões até 2027.
O Projeto Bahia Forte é uma realização do Jornal Correio com patrocínio da Unipar, Neoenergia e Fazenda Progresso, apoio de Wilson Sons e Braskem.