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Carolina Cerqueira
Publicado em 15 de fevereiro de 2025 às 11:00
Para quem não tem ao menos R$ 500 mil para comprar uma casa de praia, talvez R$ 15 mil seja um valor acessível. O detalhe é que o comprador não pode usar o imóvel a qualquer momento e tem períodos previamente programados. Essa forma diferente de comprar uma propriedade não é nova; surgiu nos Estados Unidos há cerca de 50 anos, mas foi regulamentada no Brasil apenas em 2018 e, agora, se populariza no país. >
O modelo, chamado de multipropriedade, vai ser adotado no Village Itaparica, que ocupa o espaço do antigo Club Med, na Ilha de Itaparica. A área total do terreno é de mais de um milhão de metros quadrados e tem uma conexão de 600 metros com a praia. Ele vai ofertar serviço de hotelaria para os proprietários que querem uma segunda habitação para curtir finais de semana, feriados ou férias. >
A empresa responsável pela construção é a Eidom Empreendimentos. A etapa de demolição, feita por partes, será concluída em 60 dias e as entregas das unidades serão feitas a partir de 2026. >
São 440 unidades, de 44, 88 ou 136 metros quadrados. Os preços dependem do tamanho e localização do apartamento, além da quantidade de semanas que o comprador do imóvel vai adquirir. Uma semana por ano custa a partir de R$ 47.900. Já três semanas, em unidades mais valorizadas, podem custar R$ 170 mil. >
O valor é pago somente uma vez; o pagamento não é feito a cada ano. O CEO da Eidom Empreendimentos, Samuel Goldstein, explica que a compra mais comum é da fração de duas semanas por ano. >
“O cliente pode comprar a semana super alta (que corresponde aos principais feriados), a semana alta (que corresponde à alta temporada, mas sem a garantia dos principais feriados) ou a semana média (que corresponde aos demais períodos do ano). A beleza do modelo é que, se você compra duas semanas, fica barato, cabe no bolso”, diz. >
Samuel conta que as vendas, divididas em três etapas, já têm 50% da segunda fase concluída. A maioria dos compradores é da Bahia mesmo, o que tem feito a empresa segurar o plano de expandir as vendas entre outros estados.>
Demanda >
O público que busca a multipropriedade é variado. Caio Calfat, fundador e diretor-geral da Caio Calfat Real Estate Cosulting, lembra que, quando o modelo começou, a demanda vinha dos casais com filhos pequenos. “Hoje, você encontra solteiros, casais idosos, casais com filhos em diferentes idades e diversas classes sociais”, continua ele, que destaca que os preços costumam ir de R$ 15 mil a R$ 100 mil. >
“O valor menor é um forte atrativo, mas outra grande motivação da compra é a aspiracional. Uma família de classe C ou B consegue comprar um imóvel bem acima do que conseguiria em um modelo tradicional. Esses imóveis secundários, inclusive, tendem a ser bem mais valorizados do que os da moradia principal dos clientes”, acrescenta Caio. >
Ele afirma que o mercado tem crescido, mesmo com a crise econômica de 2014 a 2017 e a pandemia. Foi em 2020 que a Eidom Empreendimentos adquiriu o espaço que era do Club Med que, depois de 40 anos na Ilha de Itaparica, decidiu concentrar os investimentos baianos em Trancoso. >
Samuel compartilha que o Village terá ainda uma parcela de unidades que funcionará no esquema tradicional de hotel e um shopping aberto ao público. A estrutura de lazer é a grande aposta da empresa. O local vai contar com diversas piscinas, bares, restaurantes, parque infantil, quadras esportivas e equipamentos para atividades aquáticas. >
Como funciona >
O CEO explica que o cliente é realmente proprietário do imóvel. A compra fica registrada em cartório e recebe um número de matrícula, que tem subdivisões correspondentes para cada dono, com o valor que foi pago por cada um. O preço pode ser parcelado e, se não for, a compra é feita de uma vez só e o único pagamento contínuo será da taxa condominial. >
A fração do imóvel será do proprietário até ser vendida. A venda não depende da autorização dos proprietários das demais frações. Durante as semanas que lhe cabem, os clientes podem usar o imóvel, emprestá-lo ou ainda trocar por estadia em outro local. >
O Village será um dos parceiros da RCI, empresa que tem mais de 4 mil estabelecimentos parceiros em mais de 100 países. Através do site, WhatsApp ou central de atendimento, o proprietário poderá trocar o período do ano ao qual tem direito no imóvel que comprou por uma estadia em outro país, caso prefira viajar. >
É o que explica Fabiana Leite, diretora de Desenvolvimento de Negócios América do Sul da RCI: “Essa opção de intercâmbio chega para agregar valor à propriedade. O cliente, se não quiser usar o imóvel naquele período, entrega à RCI e nós vamos disponibilizá-lo para outro proprietário parceiro, bem como vamos entregar àquele primeiro cliente uma outra propriedade onde ele quiser.” >
A troca funciona com um esquema de pontos, parecido com as milhas das passagens aéreas. O imóvel do cliente tem uma pontuação e ele pode trocá-la por um outro imóvel correspondente, sem que seja necessário pagar taxa de estadia. Os demais gastos da viagem ficam a cargo do cliente. A RCI tem 264 empreendimentos parceiros no Brasil, sendo 23 deles na Bahia.>
Salvador Shopping, Shopping Barra, Shopping Paralela, Shopping Bela Vista, Shopping da Bahia, Parque Shopping Bahia, Salvador Norte Shopping e ainda uma loja no espaço do próprio empreendimento. | Site: villageitaparica.com.br >
O Village ainda não foi entregue, mas um beach club já está em funcionamento no local, no esquema day use gratuito para proprietários e pago para o público geral. >
Valor: R$ 70 (4ª a 6ª feira) e R$ 100 (sábado e domingo) | Crianças de até 4 anos e aniversariantes não pagam. Crianças entre 4 e 12 anos, idosos e PCDs pagam meia. >
Contato: 4004-8777 (telefone e WhatsApp) >