Tutorial do rebolado: Quem é a gaúcha que ensina as baianas a destravar o quadril?

Conheça o TwerkFit, modalidade de treino que está fazendo sucesso entre as baianas que querem aprender a rebolar e, ao mesmo tempo, trabalhar a flexibilidade e aumentar a autoestima

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  • Priscila Natividade

Publicado em 15 de setembro de 2024 às 05:00

Em sua sexta edição, treinamento acontece sempre um final de semana por mês
Priscilla Zanoni (com o celular em mãos) e alunas do TwerkFit Crédito: Divulgação

Há quem ache que não leva muito jeito para fazer ou que diga que já nasceu sabendo. Fato é que agachar, empinar e rebolar a bunda diz mais sobre trabalhar as articulações, flexibilidade e a consciência corporal do que se imagina. E, de brinde, fazer o ‘quadradinho’ e destravar o quadril ainda rende um bônus na autoestima ao exibir o bumbum com orgulho.

No início, era só dança. Mas ensinar a rebolar ganhou outro significado quando a educadora física gaúcha Priscilla Zanoni (@twerkfitbr) combinou os princípios do Twerk - um estilo de dança que estimula os movimentos dos quadris – com técnicas para destravar essa parte do corpo. Aí, nasceu o treino de TwerkFit.

“Primeiramente, era só dança, mas, com o passar do tempo, fui ajeitando ali as arestas e vendo que era possível desenvolver mulheres também. O TwerkFit é a minha marca. Criei uma metodologia onde trabalho primeiro com preparação corporal, flexibilidade, resistência muscular, mobilidade articular, para entender e compreender o passo a passo de cada variação de movimento e ter o resultado esperado no treino de destrave de quadril”, comenta Priscilla, que mora em Salvador há 7 anos.

‘Twerk’, o quê? O treinamento aconteceria só uma vez. Agora, chega à sexta edição, que acontece sempre em um fim de semana de cada mês. A turma programada para os dias 28 e 29 de setembro, na unidade da Ebateca, no Imbuí, está com vagas esgotadas, o que levou Priscilla a abrir um treino extra para os dias 5 e 6 de outubro.

“A sala cabe 30 pessoas e fechamos a turma de setembro em apenas duas semanas que iniciamos as inscrições. Cada treinamento custa R$ 200 por pessoa. O foco da TwerkFit é trabalhar com o destrave de quadril, ajudar mulheres reais a rebolarem do zero e é possível, sim, você conseguir fazer aquelas movimentações. Vejo muita gente que chega com o quadril travado, ou envergonhada, e sai depois com sua sensualidade aflorada, autoconfiança e empoderamento”.

"Vejo muita gente que chega com o quadril travado, ou envergonhada, e que sai depois com sua sensualidade aflorada, autoconfiança e empoderamento"

Priscilla Zanoni
educadora física e criadora da TwerkFit

Antes de criar a TwerkFit, Priscilla Zanoni foi instrutora do Fit Dance, twerk e zumba. Decidiu vir para Salvador em um momento que as coreografias estavam bombando, sobretudo, nas academias. Mas, a sua relação com a Bahia, por incrível que pareça, começou bem antes disso. Ela gostava de dançar desde criança, quando já era a baliza de banda na escola. Virava estrelinha, fazia mortal, criava coreografias, foi para a faculdade de Educação Física. Até aprendeu a rebolar quando escutou pela primeira vez um clássico do pagodão baiano.

“Comecei a rebolar por causa das músicas de axé. Aquela música ‘Raimunda’, da Gang do Samba, foi a primeira que aprendi a dançar. Nunca mais parei. Vim para cá, fui dar aula de fit dance, trabalhei na escola de dança da Fundação Cultural (Funceb), quando decidi que faria algo diferente. Comecei a criar meu método e meio que fiquei conhecida como a ‘Priscilla que ensina a rebolar'. O movimento do rebolado, da dança, da parte física. E eu encontrei uma forma de expandir isso, um conhecimento de uma vivência minha”, relembra.

Priscilla é educadora física, mas também já foi instrutora de Fit Dance, zumba e twerk
Priscilla é educadora física, mas também já foi instrutora de Fit Dance, zumba e twerk Crédito: Divulgação

Ainda de acordo com Priscilla, a principal diferença do Twerk e TwerkFit é que um é mais acrobático e sensual, enquanto o outro tem um propósito mais técnico na movimentação do quadril. “Foquei no estudo do movimento e em que formato isso poderia ser feito. As tremidas, por exemplo - chacoalhar o bumbum é uma rotação pélvica, onde eu não posso mexer nada do meu corpo, somente fazer a rotação. Comecei a estudar como eu podia fazer essa a variação, explicar a postura, o impacto e amplitude. Ou seja, não é só um trabalho aeróbico, mas de resistência muscular, flexibilidade e das travas mentais do psicológico feminino”.

Bumbum pra jogo

A marca conta ainda com outros produtos além do treino de Destrava Quadril. Entre eles, o curso online de formação de instrutoras de TwerkFit, as aulas online para alunas do país inteiro e a linha de roupas específicas para o treino. Só com os treinamentos presenciais, Priscilla chega a faturar, em uma turma, uma média de R$ 11 mil, somando a imersão com a venda de peças da linha, que conta com hot pants - shortinhos que deixam o bumbum de fora -, blusas regatas e tops com uma proposta mais sensual.

“Assim que lancei a certificação, queria que as instrutoras ficassem personalizadas, para eu ter um perfil mais profissional, porque tem pessoas que, quando veem a gente rebolando, olham com aquele preconceito. A ideia da linha específica para o treino veio muito disso. Inclusive, tenho clientes que são alunas de pole dance e stiletto, danças mais sensuais, que também procuram as peças. É bem diferente da roupa de academia, algo mais voltado par o estilo da aula mesmo”. No Brasil, já são mais de 100 profissionais certificadas como instrutoras de TwerkFit, com aulas lotadas no Rio Grande do Sul, São Paulo, Cuiabá e Rio de Janeiro.

E existe rebolado perfeito? “A Bahia tem um rebolado diferenciado e não só isso, aqui tem muita energia de dança. As pessoas que moram aqui, culturalmente, são voltadas para isso. No entanto, destravar o quadril passa pela consciência corporal, coordenação motora, postura, amplitude e impacto de movimentação, liberar não só as travas corporais mais as mentais também. Vejo mulheres se autossabotando, bloqueando o corpo. No treinamento, a gente traz para o sexy sem ser vulgar, a roupa, a liberdade corporal, a autoconfiança, e é incrível ver essa transformação delas”.

Inscrições para a turma extra que acontece em outubro já estão abertas
Inscrições para a turma extra que acontece em outubro já estão abertas Crédito: Divulgação

Pessoas que tenham algum problema no joelho ou na coluna podem fazer a aula, mas com uma proposta de treino adaptada para essas situações, devido à repetição dos movimentos, como reforça Priscilla. “O que trava o quadril, na verdade, é aquela pessoa que não tem consciência corporal, não consegue rebolar direito ou fazer algumas movimentações. Mas eu sempre digo que existem variantes de um quadril travado, ou seja, pode ser uma flexibilidade que não está bem desenvolvida, uma mobilidade articular que a pessoa não tenha, uma coordenação motora ou uma trava mental. Tudo isso é o que a gente traz dentro do nosso conceito de aula”.

Daqui para frente, o próximo plano é montar uma plataforma digital para a formação de novas instrutoras e um site para quem se interessa pelo TwerkFit. “Não é só chegar e rebolar. Meu olhar é artístico, profissional, de mudança de vida, perspectiva, aumento da autoconfiança. É muito nítido esse empoderamento, eu acho lindo. Mais que destravar o quadril é destravar a mente delas. A gente enfrenta, às vezes, um pouco de preconceito do outro, mas sempre digo para as meninas no treinamento: ‘dança para você’. Então, a dança é para a gente mesmo”, completa.