Receba por email.
Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Thais Borges
Publicado em 28 de dezembro de 2024 às 10:00
A queima de fogos de artifício durante o Réveillon pode ser um desafio para cães, gatos e outros animais. Os fogos provocam estímulos visuais e sonoros intensos para os pets e podem causar danos imediatos e de longo prazo. Alguns dos possíveis problemas são estresse, ataques de pânico, convulsões e doenças cardíacas. Quase 85% dos pets demonstram medo de fogos de artíficio e barulhos altos, sendo que 52,3% apresentam tremores por causa dessa situação, de acordo com um estudo do grupo PetLove.
Isso acontece porque os pets têm sensibilidade sensorial aguçada, segundo a médica veterinária Leane Souza, professora da Universidade Salvador (Unifacs). O sistema auditivo dos animais consegue captar até sons ultrassônicos. “O campo auditivo dos humanos está entre 20 e 20.000 Hz, enquanto dos cães e gatos de 15 a 40.000 Hz. É justamente esse fator que os tornam mais vulneráveis a determinados ruídos”, diz.
Explosões e estouros dos fogos podem provocar ansiedade, medo e a chamada resposta de luta ou fuga - reação desencadeada pela liberação de hormônios que preparam o organismo para lidar ou tentar escapar de uma ameaça. Isso leva a perigos de acidentes físicos e traumas. “Já recebemos um paciente que pulou pela janela da área de serviço e fraturou a coluna, ficando paraplégico”, lembra.
A recomendação dela é ter um olhar atento diante dos possíveis sinais de desconforto, fobia ou desespero dos bichinhos. Esses sinais incluem agitação, salivação, tremores, choros e latidos excessivos, aumento da frequência cardíaca e dilatação da pupila. Durante eventos barulhentos, os animais podem se esconder, cavar e arranhar paredes, chão ou móveis; e destruir portas e janelas na tentativa de fuga. Isso aumenta os riscos porque eles tendem a se machucar, se perder ou virar alvos de atropelamentos.
O que fazer
A primeira medida sugerida pela professora para reduzir o sofrimento dos pets é evitar colocá-los no colo, abraçá-los ou oferecer petiscos nos momentos de muito barulho. Apesar das boas intenções, essas ações acabam levando à associação a situações de estresse e ansiedade, podendo desencadear um comportamento destrutivo, retraído ou agressivo.
Outra dica é não deixar o animal sozinho na hora da queima de fogos. É importante tentar abafar o som, fechando o máximo de portas, cortinas e janelas, assim como prezar pela preparação de um espaço acolhedor, seguro e confortável.
“Coloque som no ambiente, se possível com frequências de relaxamento. Também vale espalhar brinquedos (bolinhas, túneis, caixas de papelão) e utilizar aromaterapia, como essência de lavanda. Mais uma estratégia é deixar sempre disponível uma caixinha de transporte para que se sintam abrigados. E, acima de tudo, jamais permita o acesso a varandas, janelas e piscinas”, aconselha.
Em casos extremos, é possível usar tranquilizantes e sedativos. Essa opção, contudo, é restrita à prescrição de médicos veterinários com registro junto ao Ministério da Agricultura, já que medicamentos sem indicação do especialista podem causar sérios efeitos colaterais.
“O uso inadequado pode provocar hipotensão, a famosa queda na pressão arterial, e até mesmo o óbito. Dependendo da espécie, existem medicamentos que não devem ser prescritos por serem nefrotóxicos, ou seja, perigosos à saúde dos rins, e hepatotóxicos, por fazerem mal ao fígado”, acrescenta a professora.