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Carolina Cerqueira
Publicado em 9 de fevereiro de 2025 às 11:00
As garrafinhas de água estão na moda entre os jovens, que as levam para a academia, escola, faculdade, trabalho. Mas são os mais velhos que mais precisam beber água, como alertam os especialistas. Conforme os anos passam, menor vai ficando o percentual de água no corpo e, pior ainda, menos sede sentimos. >
Não é possível determinar uma idade específica para o início do alerta, ela pode variar de acordo com cada organismo. No entanto, a partir dos 40 um sinal deve ser ligado. Para a nefrologista Ana Flávia Moura, aos 60 anos as questões ficam mais evidentes. “Essa alteração ocorre de forma gradual e o momento em que se torna perceptível pode variar”, coloca a Presidente Sociedade Brasileira de Nefrologia Regional Bahia. >
A nutricionista Julia Canto explica que é a percepção de sede que é alterada com o tempo. “O sistema nervoso vai ficando mais lento; é o declínio fisiológico já esperado ligado às percepções gerais”, diz. “Mas o corpo continua precisando de água. Na verdade, precisa até mais”, acrescenta. >
Outro fator para a conta são os medicamentos que podem ser diuréticos e prejudicar o funcionamento dos rins. “São remédios para hipertensão e glicemia, por exemplo. É preciso fazer um monitoramento das funções renais e ajuste de doses”, coloca a geriatra Lilian Carvalho. >
Riscos >
Julia alerta que sinais que podem indicar falta de água no corpo são boca seca, olhos ressecados e até mesmo irritabilidade, confusão mental e tontura com risco de queda. Lilian complementa que a pele também pode ficar seca e, com isso, aumenta o risco de lesões e feridas. >
A baixa quantidade de água também pode causar infecções urinárias. Num ciclo vicioso, o organismo busca produzir células de defesa para agir contra a infecção e, para isso, precisa de água. A geriatra pondera que beber água é um hábito e, quanto mais acostumada pessoa está com isso enquanto jovem, maior a probabilidade de manter o hábito quando mais velha. >
A sede, na verdade, não deve mesmo ser sentida. “É um sinal de alarme, regulado pelo sistema nervoso central, para nos fazer ingerir líquidos e manter o equilíbrio do organismo. Quando ela acontece, significa que já passamos mais tempo do que deveríamos sem ingerir água. Não devemos esperar ter sede para nos hidratar!”, alerta a nefrologista Ana Flávia Moura. >
Quantidade ideal >
Existe uma dose diária geral recomendada pelos especialistas. O cálculo deve ter de 30 mililitros por cada quilo do corpo. Ou seja, uma pessoa que pesa 70 quilos, para saber quanto de água deve beber por dia, deve multiplicar 70 por 30. O resultado será 2.100, ou seja, 2100 mililitros, o que corresponde a dois litros e cem mililitros. >
A conta, apesar de não variar conforme a idade, no entanto, ainda é geral. A quantidade precisa variar de acordo com cada organismo. “O tipo de dieta, a existência de alguma comorbidade ou patologia, o clima do local, o uso de medicamentos e a prática de atividades físicas são algumas das condições que devem ser avaliadas ao se estimar a quantidade ideal de água”, pondera Ana Flávia. >
Os dias mais quentes e as atividades físicas são importantes para a conta porque provocam maior perda de água corporal através do suor. Esse é um mecanismo do corpo que visa manter a temperatura adequada. Para repor essa quantidade perdida, mais água é necessária. >
Com as altas temperaturas durante o verão, o alerta é ainda mais importante, principalmente para os mais velhos. Segundo a Defesa Civil de Salvador, a capital baiana registrou, por dois dias consecutivos, a maior temperatura do ano. Nos dias 2 e 3 de fevereiro, os termômetros chegaram a 35,7ºC. >
Dicas >
Para quem dificuldade de adotar a ingestão de água como hábito, seja por esquecer da tarefa ou por não gostar do líquido, a geriatra Lilian Carvalho dá dicas. “A ingestão de frutas com alto teor de água é uma boa indicação, como melancia e lima. A água saborizada também. Basta colocar pedaços de frutas, sem espremer. Pode ser abacaxi, laranja, limão e até hortelã e manjericão para dar refrescância. As gelatinas também contêm bastante água”, diz. >
“Vale ressaltar que os sucos não substituem a água pois são mais considerados como alimento, já que contêm frutose que vira sacarose, ou seja, açúcar”, acrescenta. A nefrologista Ana Flávia finaliza explicando a importância da ingestão de água: “Boa parte do funcionamento do corpo depende de água. Os rins, por exemplo, precisam de água para diluir as substâncias em excesso e as toxinas, eliminando-as de forma a evitar danos aos órgãos.” >