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Óleo de baleia era usado como matriz energética no Brasil colonial

Há registros de caça animais foram caçados até proibição em 1985. Hoje, cérebros de cetáceos são estudados pela neurociência

  • Foto do(a) author(a) Thais Borges
  • Thais Borges

Publicado em 2 de junho de 2024 às 05:00

Baleia jubarte
Baleia jubarte Crédito: Shutterstock

A inteligência das baleias pode explicar como elas conseguiram resistir à caça predatória e garantir a continuidade de sua existência. Essa é a avaliação do historiador Wellington Castellucci Júnior, doutor em História Social e professor da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), que tem pesquisas sobre a caça às baleias no Brasil.

Caçar baleias era algo permitido no Brasil até 1985, quando o país assinou um acordo internacional que proíbe essa atividade. Mas, antes disso, a pesca existiu por séculos. Segundo Castellucci Junior, essa atividade começou no país em 1602, em Itaparica. Naquele contexto, a caça emergiu de forma diferente do que era feito até então - agora, vinha com um caráter mais comercial.

"A própria dinâmica da época demandava a produção de matriz energética. A caça às baleias é fruto dessa necessidade, uma vez que o petróleo só foi descoberto em 1859", explica.

O óleo de baleia, assim, cumpria todas as finalidades de uma matriz energética: era usado para iluminação, para as engrenagens dos engenhos e até para lubrificar máquinas após a Revolução Industrial, na Inglaterra. A ideia muito difundida de que casas e igrejas eram construídas com esse óleo, porém, não está confirmada em registros históricos.

"Do ponto de vista documental, não há comprovação. A afirmativa que se dizia no passado era que muitas vezes a pessoa ganhou tanto dinheiro com o negócio do óleo de baleia que pode ter construído uma mansão. Mas o óleo tinha um custo elevado, então dispensá-lo para a construção civil é questionável".

Até 1801, a Coroa portuguesa instituiu o monopólio da caça às baleias no Brasil. No entanto, ao contrário da prática de países como Estados Unidos e Inglaterra, que desempenhavam a atividade em mares profundos, aqui era apenas em áreas costeiras. Em alguns anos, entre maio e outubro, mais de 220 baleias foram capturadas apenas na Bahia.

No estado, eram predominantemente baleias jubartes. Há relatos de que baleias francas também estariam incluídas, mas não há registro da espécie em documentos, como ocorre em estados como Rio de Janeiro e São Paulo.

A caça começou a declinar ainda no final do século 18, no Brasil, devido à pesca em grande escala praticada pelos Estados Unidos. Enquanto por aqui a atividade era feita com o uso de pequenos botes a remo, sem tecnologia que permitisse nem mesmo a saída da Baía de Todos os Santos, os Estados Unidos desenvolveram navios que permitiam viagens de até quatro anos nos oceanos.

"Na segunda metade do século 18, eles já tinham o domínio das rotas migratórias no Atlântico. Interceptavam as baleias e matavam elas em alto mar, processando o óleo. Em 1840, o Atlântico já era um deserto de baleias", afirma.

Ainda assim, até o final dos anos 1960, quem morava em Salvador ainda podia avistar pequenas embarcações caçando baleias no mar, de acordo com o professor.

"As baleias percebiam que, ao chegar aqui, eram mortas. Começaram a buscar outros refúgios de sobrevivência, por isso ocorre a redução significativa da presença na BTS. O que temos agora é fruto de mais de 30 anos de proibição de caça. As baleias estão voltando à BTS porque são suficientemente inteligentes para saber que, agora, elas podem voltar aos seus antigos locais de reprodução", completa o professor.