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Carolina Cerqueira
Publicado em 6 de abril de 2025 às 05:00
A semana começou com mais um sinal de alerta. O Ministério da Saúde anunciou, no dia 1º, um milhão de doses extras da vacina tríplice viral contra o sarampo para o Rio de Janeiro. A imunização vai ser destinada a nove cidades do estado classificadas como "prioridade". A iniciativa começa neste sábado (7). O principal objetivo é não deixar o Brasil perder — novamente — o certificado de país livre do sarampo. >
O motivo da preocupação são os três casos da doença registrados em 2025: dois em duas crianças de São João do Meriti (Rio de Janeiro) e um em uma mulher do Distrito Federal que fez uma viagem internacional. Todos os pacientes se recuperaram e não há confirmação de que transmitiram o sarampo para outras pessoas, segundo o Ministério da Saúde. >
O Brasil conquistou o status de país livre do sarampo em 2016. A certificação é concedida pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS). Em 2018, no entanto, devido à baixa cobertura vacinal, o vírus voltou. Em 2024, o certificado foi recuperado. >
Segundo o Ministério, entre 2018 e 2024, "o Brasil registrou surtos de sarampo relacionados à queda na cobertura vacinal, intensificada durante a pandemia por conta da disseminação de desinformação, inclusive por figuras públicas e gestores.">
Em 2024, a cobertura voltou a ser positiva. A primeira dose da tríplice viral atingiu 95,22%. A segunda alcançou 79,73% — um avanço em relação a 2022, que teve índices de 80,7% e 57,64%, respectivamente.>
O órgão defende que os três casos registrados são pontuais e não comprometem a certificação do Brasil reconquistada em 2024. "O sarampo ainda circula em outras partes do mundo, podendo eventualmente ser introduzido no território nacional. A resposta rápida por parte do Ministério da Saúde e das secretarias estaduais e municipais de saúde tem sido fundamental para impedir a transmissão do vírus", respondeu em nota.>
Ao final de 2024, uma publicação da Opas/OMS alegava baixa cobertura vacinal a nível mundial, bem como aumento de números nas demais regiões do planeta, com exceção das Américas. O aumento afetou, principalmente, as regiões de África, do Mediterrâneo Oriental, da Europa, do Sudeste Asiático e do Pacífico Ocidental. >
Procurada, a Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) informou que nenhum caso de sarampo é confirmado na Bahia desde 2023. Em 2024, foram notificados 98 casos de sarampo no estado, sendo todos descartados. Em 2025, até sexta-feira (4), cinco casos suspeitos haviam sido notificados e descartados.>
Quanto à cobertura vacinal na Bahia, seguindo os dados mais recentes, de 2024, a primeira dose da tríplice viral alcançou 98,46%, superando a meta de 95% estabelecida pelo órgão federal.>
Para a infectologista do Laboratório Leme — da Rede Dasa — Sylvia Lemos, qualquer quantidade de casos confirmados é preocupante. Ela alerta que trata-se de um vírus com alto potencial de transmissão e que a doença tem longo período de contágio. >
O que é sarampo? >
A doença ainda apresenta diversos sintomas que podem ser facilmente confundidos com os de outras doenças virais. A transmissão do sarampo também acontece de pessoa para pessoa, por via aérea, ao tossir, espirrar, falar ou respirar. Segundo a infectologista, a transmissão pode acontecer até quatro dias antes e quatro dias depois do aparecimento dos primeiros sintomas e deve-se tomar cuidado, principalmente, com ambientes fechados. >
Alguns dos sintomas são tosse, nariz escorrendo, irritação nos olhos (que ficam vermelhos e inchados), mal-estar. Logo em seguida, aparecem as manchas vermelhas pelo corpo. "Elas se espalham pela cabeça, tronco, pés, braços. Também podem aparecer manchas brancas nas bochechas logo no início", descreve Sylvia Lemos. >
"A febre também pode estar presente e, se persistir, é um sinal de gravidade. A preocupação deve estar, principalmente, voltada para crianças e idosos", complementa.>
Algumas das possíveis complicações do sarampo são: pneumonia, otite (infecção no ouvido), encefalite aguda (inflamação no cérebro) e morte. Uma a três a cada mil crianças doentes podem morrer em decorrência de complicações da doença, informa o site do Ministério da Saúde.>
Vacina >
A medida mais efetiva para a prevenção do sarampo é a vacinação. Ela é ofertada gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para pessoas de 12 meses a 59 anos. >
A infectologista Sylvia Lemos instrui que os pais e responsáveis devem vacinar os pequenos com a primeira dose quando eles completarem 12 meses, e com a segunda dose aos 15 meses. >
A especialista recomenda ainda que pessoas acima dessa idade que não tenham sido vacinadas ou que tenham perdido o cartão de vacinação e não saibam se foram imunizadas, procurem os postos. >
"Quem tem de 1 a 29 anos, deve tomar as duas doses. Já quem tem entre 30 e 59 anos, uma dose", orienta Sylvia. Vale ressaltar que, de acordo com informações do site do Ministério da Saúde, a vacina tríplice viral é contraindicada durante a gestação. >
Sylvia acrescenta que as doses de reforço devem entrar na preocupação das instituições de saúde. "Em geral, as vacinas são para a vida toda, mas estamos vivendo cada vez mais e o esquema vacinal deve ser repensado porque existe a possibilidade da imunidade diminuir com o tempo", finaliza. >