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O que é demência, quais são os tipos e qual a diferença para alzheimer

Especialistas explicam sintomas e dão dicas para a família

  • Foto do(a) author(a) Carolina Cerqueira
  • Carolina Cerqueira

Publicado em 21 de dezembro de 2024 às 02:00

 Solidão na velhice aumenta em 31% o risco de desenvolver demência
Alzheimer é um tipo de demência Crédito: Shutterstock

O comprometimento da memória está inserido na deterioração gradativa das funções cognitivas, que pode ser entendida como sinônimo de demência. O alzheimer é o tipo mais comum da doença. Também há outros tipos, como a vascular (segunda mais comum), que acontece quando a irritação sanguínea é comprometida (ocorrência de AVCs, por exemplo), e a frontotemporal, que acomete a parte da frente do cérebro e gera rapidamente uma alteração de comportamento.

Esta última é a demência que acomete o ator Bruce Willis e o ex-jornalista da Globo Maurício Kubrusly, que tem 79 anos e mora agora no Sul da Bahia. Ele já não lê, não escreve, fala pouco, anda pouco e reconhece apenas a esposa, Beatriz Goulart. O documentário da Globoplay "Kubrusly - Mistério Sempre Há de Pintar por Aí" foi lançado em dezembro e conta os detalhes da situação de Kubrusly.

O geriatra Leonardo Oliva, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), pondera que questões, por vezes reversíveis, também podem causar o mau funcionamento do cérebro, como AVC, presença de líquido em excesso no cérebro, hipotireoidismo, deficiência de vitamina B12, sífilis e HIV. As demências vascular e frontotemporal citadas acima não têm cura, assim como o alzheimer, que pode ser de dois tipos.

O alzheimer familiar, também chamado de alzheimer genético, é mais raro e acomete o indivíduo mais cedo. Enquanto o alzheimer comum chega por volta dos 65 anos, o familiar pode chegar até 10 ou 15 anos antes. Ele também evolui mais rapidamente e pode ser identificado por teste genético. “Um filho ou filha de um pai ou uma mãe com alzheimer familiar tem 50% de chance de desenvolver a doença”, explica o geriatra.

“Já no alzheimer comum, esse fator genético entra apenas como um fator de risco, junto com outros fatores como tabagismo, etilismo, diabetes, hipertensão, isolamento social e até baixo letramento”, acrescenta. Segundo os especialistas, uma excelente forma de prevenção é a manutenção dos aprendizados; ensinar algo novo ao cérebro pode protegê-lo contra a instalação da demência.

Um relatório nacional sobre demência, divulgado pelo Ministério da Saúde este ano, aponta que cerca de 8,5% da população com 60 anos ou mais convivem com a doença, representando um número aproximado de 2,71 milhões de casos. Até 2050, a projeção é que 5,6 milhões de pessoas sejam diagnosticadas no país.

Como explica Leonardo Oliva, o alzheimer é a manifestação da doença degenerativa que causa a morte dos neurônios, que são as células do cérebro. A perda de memória recente costuma chegar primeiro porque é a área do cérebro responsável por ela, o hipocampo, que é acometida primeiro. É lá onde está a chamada memória de trabalho, responsável pela lembrança dos compromissos, de uma lista de compras, do manejo das finanças, do controle dos remédios.

Como a doença é progressiva, a memória do passado só será afetada mais tarde. Os esquecimentos vão ficando mais graves, a capacidade de verbalizar vai ficando reduzida, o comportamento muda. A pessoa pode ter alucinações e delírios e até agredir e ofender quem está ao redor. As funções motoras também são afetadas e passa a ser difícil ou impossível se alimentar, tomar banho e ir ao banheiro sozinho, por exemplo.