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Thais Borges
Publicado em 28 de dezembro de 2024 às 05:00
Uma das primeiras mudanças visíveis foi na arquitetura das igrejas. Saíram os espaços claros, com um púlpito de madeira ou de ferro e com, no máximo, alguma inscrição religiosa ou foto de paisagem transmitindo paz. Em seu lugar, vieram jogos de luzes, telões de LED, foco no palco e - principalmente - paredes pretas. O nome também mudou: muitas não levam mais a palavra ‘igreja’. Agora, elas são as churches (igrejas mesmo, só que em inglês). >
Não quer dizer que as primeiras não existam mais. Pelo contrário: o segmento evangélico, cada vez mais forte no Brasil, é tão heterogêneo e diverso que ainda é possível encontrar unidades como as igrejas mais tradicionais. A diferença é que, agora, elas precisam coexistir - e dividir o espaço - com um visual cada vez mais descolado e até parecido com shows e baladas. >
Se, na teologia, ainda não há um nome específico para esses templos, nas redes sociais, o termo está bem forte no imaginário das pessoas: é a igreja de parede preta. No TikTok, onde o nicho cristão de vídeos é muito forte, há desde jovens fazendo a trend ‘arrume-se como para um dia na igreja de parede preta’ até brincadeiras de usuários cristãos que seguem outras denominações da religião. >
Na sociologia e na antropologia da religião, não há exatamente consenso quanto a um marco histórico. Mas, para muitos pesquisadores, é possível traçar paralelos com o surgimento da Bola de Neve Church, 1999. Seu fundador, o apóstolo Rina, morto em novembro, era surfista e a comunidade sempre foi ligada aos esportes radicais. O estilo, por sua vez, era mais jovem e informal. >
Mas, até ali, era algo de nicho. Era uma denominação quase menor - quando considerados os números de adeptos - em relação às outras correntes evangélicas. É só na última década, porém, que essas igrejas se tornam uma tendência, como explica o sociólogo e antropólogo Taylor de Aguiar, doutor em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). No doutorado, ele pesquisou o coaching nas igrejas, enquanto o mestrado foi sobre a cultura para o 'Reino' - os sentidos de adoração de uma juventude evangélica. >
"Esse modelo de igreja assume uma nova configuração, como tem também atraído o público jovem, se inserindo em igrejas já consolidadas. Então, não são apenas igrejas novas que já surgem desse formato, mas também igrejas mais consolidadas no cenário evangélico brasileiro, como a Batista da Lagoinha", exemplifica. >
Neste contexto de ampliação, um conceito ganha espaço: o worship. No inglês, o termo significa admirar e respeitar a Deus ou mesmo ir a uma cerimônia religiosa. Já faz algum tempo, contudo, que virou sinônimo de adoração e louvor, especialmente nas igrejas renovadas, pentecostais e neopentecostais. Para alguns especialistas em música, o worship é um subgênero do gospel. >
Numa definição mais técnica, envolve músicas mais lentas ou até mesmo orações cantadas. Num entendimento mais amplo, porém, já inclui a estética - as luzes em meio às paredes escuras, fumaça artificial às vezes - e a própria cultura de adoração como uma forma de encontrar um acesso ao sobrenatural. >
Viral>
Neste semestre, as igrejas moderninhas foram alvo de debate nas redes sociais depois que vídeos mostrando como é a Reino, templo que fica em Balneário Camboriú (SC), viralizaram no TikTok. Num dos vídeos que atingiu mais de 700 mil visualizações no perfil da própria igreja (que está nas redes sociais como ‘@wearereino’ - ‘nós somos Reino’, no inglês), uma influenciadora mostra como é uma noite na ‘reunião das 20h’ - como são chamados os cultos. >
Entre cenas de membros da igreja recebendo soda italiana e vestindo roupas folgadas em tons crus, ela exibe momentos do louvor entre paredes pretas e luzes de led azul. “Impossível ficar parado. Nessa hora, tudo que eu queria era adorar”, diz a jovem. As centenas de comentários se dividiram entre os que estavam interessados em participar e aqueles que faziam piada. “Tem lounge? Ou só pista mesmo?", escreveu um usuário, referindo-se aos setores comercializados em shows e festas privadas. >
Um dos mais famosos pastores do Brasil, Silas Malafaia, presidente da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, publicou um vídeo em seu canal no YouTube com o trecho de uma pregação em que falava justamente sobre isso. Em sua fala, Malafaia afirmava não ter nada contra paredes pretas, mas que uma igreja deveria ter iluminação o suficiente para a hora da pregação e na hora da leitura da Bíblia. >
“Já preguei em igreja que era toda preta e fiquei: ‘cadê os crentes? Eu estou pregando para fantasma’. Só tem uma luz em cima do palco, é horrível para o orador. E para quê trazer Bíblia? Não tem onde ler, tudo escuro. Preguei em uma igreja que fiquei agoniado. Ouvia o barulho, mas não via o povo. Aquele luzeiro em cima que incomodava até. Que coisa de louco, cara", diz, nas imagens. >
Com tanto debate nas redes sociais, não é difícil encontrar conteúdos de evangélicos defendendo ou criticando as churches. Um dos vídeos no YouTube é do pastor e youtuber Pedro Reis, do canal Fluindo o Reino, que tem pouco mais de 130 mil inscritos. Em um vídeo postado no fim de novembro, ele afirma que “embora todo mundo saiba o que é uma igreja de parede preta, já que estão explodindo nas redes sociais, poucas pessoas estão analisando os efeitos danosos". Logo após dizer que não se trata apenas da cor, mas do movimento como um todo, ele argumenta que essas igrejas trazem "libertinagem espiritual”. >
Para o pesquisador Isley Borges, que estuda geografia das religiões, as 'igrejas de parede preta' - enquanto categoria própria - são uma continuidade da corrente neopentecostal no Brasil. No país, houve pelo menos três ondas do pentecostalismo até então. >
A primeira foi entre 1909 e 1910, com o clássico. Neste período, os primeiros missionários suecos chegaram aqui com uma ruptura forte do catolicismo e o dom de falar em línguas. "É aquele grupo que você olha e fala: 'é crente', porque tem cabelo grande, Bíblia debaixo do braço. Essas igrejas têm uma característica muito forte de negar o mundo. Existe o mundo da igreja, que é santo, e o mundo que é sujo, de pecados". Uma das igrejas que representa esse momento é a Assembleia de Deus. >
A segunda onda é o deuteropentecostalismo, que tem início na década de 1950. É um momento de crescimento vertiginoso do mercado gospel e muito uso dos meios de comunicação. Duas igrejas importantes surgem neste período: a Deus é Amor e a do Evangelho Quadrangular. >
Chamada de neopentecostalismo, a terceira é entre as décadas de 1980 e 1990. Aqui, há uma ruptura grande com as outras duas ondas. "A igreja deixa de negar o mundo e passa a afirmar o mundo. Ou seja, o mundo é a igreja", diz Borges. Ele cita, ainda, quatro características fundamentais nessas igrejas: o aspecto de empresa, a acomodação de valores do mundo e a guerra contra o diabo. Um dos expoentes dessa vertente é a Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd). >
Começam a surgir, nos anos seguintes, as dissidências dessas igrejas pentecostais. Para os filhos de alguns dos membros desses templos, alguns símbolos passam a ficar mais ultrapassados. O formato de culto é muito longo e a linguagem não se comunica com os mais novos. É assim que, segundo ele, nascem as igrejas como produto da coletividade. >
“O jovem, muitas vezes, quer participar da igreja não pela evangelização, mas porque busca um sentido de sociabilidade. Na ascensão das redes sociais, não é interessante para o mais jovem postar uma selfie numa igreja mais tradicional. Numa igreja com parede preta, luz de neon, show de música e decoração instagramável, é mais interessante”. >
Jovens>
Entre cristãos críticos e adeptos, há um pensamento em comum: ambos concordam que essas igrejas são mais atraentes para os mais novos, incluindo adolescentes. As estudantes Ana Clara Andrade e Alana Machado, as duas com 18 anos, costumam ir juntas aos cultos para jovens da Renova-me Church, em Feira de Santana. >
Lá, a área onde fica o púlpito tem paredes pretas, mas o restante da igreja é totalmente bege. Ao longo do espaço, ficam luzes amarelas e brancas, além de refletores. Mas há também as luzes coloridas que ficam girando para o palco e um grande painel de LED que projeta o que for da vez. >
Evangélica desde que nasceu, Ana Clara ainda frequenta sua igreja original - essa mais tradicional. No entanto, os cultos para a juventude - que são comuns na maioria dos templos, independente da vertente - a atraíram para que se dividisse entre as duas. >
“É um lugar moderno. As roupas são normais e não tem nenhum código de vestimenta específica. Os cultos são mais animados, acho que justamente para atrair mais pessoas jovens”, conta. Para ela, quem critica essas igrejas, na maior parte das vezes, são os crentes mais tradicionais. “Os preceitos, no fim, são os mesmos de qualquer igreja evangélica”, acrescenta.>
Já Alana explica que a estrutura da igreja traz uma sensação de casa - com o sentimento de pertencimento. “Acabei me aproximando das pessoas e se tornou um ambiente muito confortável”. >
Ao mesmo tempo, pintar as paredes de uma igreja de tons escuros têm alguns objetivos bem concretos: melhorar a captação das imagens durante o culto tanto na transmissão online quanto das fotos. “Paredes brancas refletem muita luz, atrapalhando o foco e a qualidade dessas imagens", explica a arquiteta Carina Macedo, que faz parte do ministério de multimídia da Igreja Avivamento Bíblico, que é pentencostal e também fica em Feira de Santana. >
O templo fez um movimento de pintar algumas das paredes justamente por causa disso. Desde a pandemia, a maioria das igrejas faz transmissão de seus encontros e esse movimento não retrocedeu com a reabertura após a covid-19. Para Carina, é uma tendência também porque as igrejas têm buscado as redes sociais para levar o evangelho mais longe e, por consequência, devem adaptar o ambiente para isso. >
O culto na igreja dela, contudo, não mudou e segue mais próximo das igrejas tradicionais. "Louvores, ofertório, pregação, orações", enumera. “A cor da parede não está necessariamente vinculada ao estilo de culto. Mas optamos por pintar apenas a parede do altar em tom escuro por entender que muitas pessoas ainda não aceitam bem essa novidade", pondera.>
Dinamismo>
Uma das igrejas com maior tradição em Salvador e no país, a Primeira Igreja Batista do Brasil (PIB), tem unido o legado como um dos primeiros templos da cidade com as novas tendências nos cultos. Fundada em 1882, a PIB passou por mudanças nos últimos cinco anos - desde que saiu no antigo endereço, na região do Iguatemi, para a Avenida Paralela. >
Hoje, todos os cultos têm transmissão ao vivo e ficam gravados para os fiéis que quiserem assistir depois. Membra da igreja, a representante comercial Eduarda Trindade, 32, conta que havia os líderes sentiram a necessidade de atrair os mais jovens para a casa. Antes, a igreja era mais voltada para os mais velhos. >
“De que modo podia atrair os jovens? Trazendo o que eles gostam. Investiram muito em palco, em telões gigantes de LED. O jovem não gosta do palanque”, diz. A experiência imersiva, para ela, não atrapalha a leitura da Bíblia. Na PIB, assim como em outros templos que adotam essa estética, as passagens do texto abordadas na pregação são exibidas no telão para que os fiéis possam acompanhar. “A iluminação é toda voltada para o palco. Como é tudo escuro, sua atenção fica no palco. Você de fato fica mais concentrada e presta mais atenção naquilo. Não precisa olhar para os lados”>
Além disso, há cultos específicos para dialogar com os crentes mais novos numa linguagem que seja acessível para eles. Os tópicos incluem assuntos que eles têm curiosidade para conversar entre amigos e, muitas vezes, não discutem com os pais. >
“Se eles têm curiosidade para saber como podem namorar, por exemplo, eles vão fazendo essas perguntas dentro da igreja e a gente responde com a base bíblica. Explicamos sobre drogas, sobre sexo, sem fugir do que é da Bíblia”, conta. >
O filho dela, Bernardo, tem 12 anos e começou a ir aos cultos para jovens e adolescentes. “É bom porque quando a gente vai para a igreja, a gente escuta o que agrega. A gente quer que nossos filhos vão, mas nem sempre eles querem ouvir o que você quer ouvir. Tem que ter sabedoria para entender que o que é colocado para pessoas da minha idade talvez não seja tão atrativo. Eu vejo que realmente ele quer participar, porque eu pergunto e ele diz que é uma vontade dele”. >
Bernardo admite que começou a gostar mais dos cultos porque a linguagem é mais informal. “O pastor também pergunta se você entendeu”, conta o garoto, que já conheceu outros dois amigos e recomenda para quem gosta de ir à igreja. “Na segunda vez que eu fui, foi marcante porque o pastor falou que toda vez que a gente ficar irritado ou pensar em alguma coisa que não é de Jesus, é para a gente falar de santidade. Passei a ter esse hábito e me sinto mais calmo, relaxado, pensando em coisas boas”. >
Outra igreja referência no Brasil, a Igreja Batista da Lagoinha também ganhou um novo nome - Lagoinha Church. Criada em Belo Horizonte nos anos 1950 e famosa por ser a casa de uma das maiores bandas gospel do país (o ministério de louvor Diante do Trono), a Lagoinha chegou a Salvador em 2017. Com mais de 100 templos ao redor do mundo, a igreja matriz ficou conhecida também pela liderança da família Valadão, mas, na verdade, foi fundada por um baiano - o pastor José Rego do Nascimento, de Vitória da Conquista. >
Em Salvador, a igreja está sob a liderança do pastor Miller França, que explica que a Lagoinha sempre buscou o dinamismo porque Jesus falava a linguagem dos seus dias. "Creio que o Senhor (Deus) é muito dinâmico e inspira. Ele é um Deus criativo e a Lagoinha acompanha esse dinamismo, essa criatividade". >
A Lagoinha também aderiu à estética das paredes pretas com luzes em LED. No entanto, para o pastor, a estética é faz parte do momento - e pode ser alterada no futuro. A estética faz parte de uma estratégia deles para criar um ambiente considerado mais acolhedor. >
"Hoje, estamos vivendo a realidade de uma igreja totalmente preta. Quem sabe daqui a pouco vai ser totalmente branca. O que realmente importa é vivenciar esse conteúdo de fato", analisa. A programação não é focada em jovens, mas ele acredita que o crescimento desse público nos templos tenha a ver com a mensagem pregada e também com o fato de que as redes sociais alcançam os mais novos. "Desperta curiosidade por ser uma igreja de parede preta? Ok. Desperta curiosidade por ter luzes? Ok. Mas a mensagem principal é trazer Cristo, amar, viver e ser igreja". >
Ao todo, na Bahia, já são 30 Lagoinhas - 11 apenas na Região Metropolitana de Salvador. As atividades sociais da igreja também estão em expansão no estado, incluindo a criação da Lagoinha College, que é uma escola de artes, esportes e empreendedorismo com valores cristãos, em outubro. "Creio que a igreja está aí para fazer um papel muito mais abrangente. Ela precisa tocar a cidade e a Lagoinha está aí para isso. Não é algo fechado. É algo novo. Talvez por isso chame a atenção das pessoas a respeito de onde você se firmar, congregar, pertencer".>
Inglês>
Uma das características presentes na maior parte dessas igrejas é o vocabulário em inglês. Muitas passaram a adotar não apenas o ‘church’ como parte do nome, mas outros anglicismos se tornam presentes. Nos vídeos da Reino, a igreja da Santa Catarina que viralizou, além do próprio ‘We are Reino’, placas com dizeres como ‘Jesus is the center’ (Jesus é o centro) recepcionam os participantes. >
Quando questionado por usuários do TikTok, o perfil oficial da igreja publicou um vídeo em que explica que é uma igreja global e, como o inglês é uma língua universal, a Reino a usa como ferramenta. “Mas, claro, além do inglês, nós gravamos vídeos em espanhol, russo e diversas línguas, para que o evangelho possa alcançar ainda mais pessoas”, diz uma jovem. >
Na Lagoinha, a mudança tem motivação parecida, de acordo com o pastor Miller França. “Como nosso pastor André (Valadão, presidente da Lagoinha) fala, somos hoje uma igreja global. E a língua mais falada é o inglês. A maioria dos nossos ministérios e os nomes são em inglês não porque a igreja está nos Estados Unidos, mas por ser a língua mais falada ou mais estudada. Para ter uma linguagem mais unificada, nós usamos”. >
Mas o próprio movimento neopentecostal tem suas raízes nos Estados Unidos, em especial pelo crescimento dos black evangelicals (evangélicos negros), segundo o pesquisador Isley Borges. >
“Os pregadores que chegam ao Brasil para fundar as igrejas carregam a influência dos pregadores norteamericanos. Você tem nichos no mercado de bens simbólicos evangélicos com a instauração dessas igrejas ligadas aos estilos alternativos. Elas aceitam, de maneira inclusiva, os rockeiros, os tatuados, os punks, os hippies, as pessoas do heavy metal, do surfe. Todas elas carregam esse termo church em inglês para demarcar uma igreja voltada a um estilo de vida”.>
Além da Bola de Neve, uma das principais influências das igrejas moderninhas é a Hillsong Church, que foi fundada na Austrália, mas virou uma referência global por sua música de adoração e por ter famosos como Justin Bieber entre seus membros. Nos últimos anos, líderes da igreja (que tem filiais em outros países, inclusive o Brasil) foram acusados de corrupção, abusos e “falhas morais”. Ao longo do último século, muito do cristianismo brasileiro é fomentado pelo cristianismo americano. >
“A Hillsong é o exemplo perfeito de uma igreja worship. Os pastores têm um estilo mais fora tradicional. Não quer dizer que as igrejas worship terão esses escândalos, mas é um exemplo de como elas têm se inspirado para atrair jovens e outras camadas sociais para dentro da igreja”, diz a historiadora Andressa Arruda. >
A pandemia foi um divisor de águas para muitas igrejas no Brasil. Foi a partir do período de distanciamento social que elas precisaram mudar sua forma de culto e aderir à tecnologia. As 'igrejas de parede preta' tiveram um boom nesse período, por seu aspecto mais jovial, como explica a historiadora Andressa Arruda, que desenvolveu pesquisa sobre o worship, juventude e marketing religioso na Universidade Estadual do Norte do Paraná. >
"Essas igrejas conseguiram se adaptar melhor nesse estilo de culto, tanto que ainda existe igreja que faz todos os cultos nas redes sociais. Foi uma oportunidade", diz. >
Uma particularidade do worship, de acordo com ela, é que diferentemente das tradições pentecostal e neopentecostal, o culto é mais intimista. "O indivíduo é o centro. Não são as curas, não são os milagres. As pregações são mais motivacionais. Os pregadores usam técnicas de coaching nos cultos". >
Segundo ela, o marketing religioso é para atrair os indivíduos para dentro da igreja. Além da estrutura do templo e das luzes, os louvores são mais intimistas. "Lembram as bandas americanas, como Coldplay. As pregações também não confrontam tanto as pessoas, mas dão a elas a esperança de uma vida melhor". >
Chamar de 'igreja de parede preta' é uma classificação para dar conta de algo que ainda não tem nome bem definido, como explica o sociólogo e antropólogo Taylor de Aguiar. Para ele, trata-se de um cristianismo emergente, pós-desenvolvimento. >
Tendo estudado o coaching em igrejas no doutorado, ele também vê essa presença nessas igrejas, que seriam mais antropocêntricas. De acordo com ele, há uma expansão de uma linguagem cristã não religiosa. >
"O cristianismo seria um estilo de vida, uma identidade. E essa identidade é muito importante para que você tenha a expansão dessa linguagem no mundo digital". >