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Thais Borges
Publicado em 28 de setembro de 2024 às 05:00
O sorvete Pinocchio, todo à base de pistache, veio primeiro. Foi há oito anos, quando o chef Bruno Matos, um dos sócios da confeitaria e gelateria Frio Gostoso, começou a criar sabores para sua própria marca - a Forasteiro, hoje integrada àquela que é uma das mais antigas confeitarias de Salvador. O pistache comprado da Jordânia serve para ele fazer o próprio creme da noz. >
“Geralmente, quando o sabor dá certo, eu faço a versão da torta”, conta. Assim, a criação autoral do gelato inspirou a Torta Pinocchio, consagrada vencedora do título de Melhor Torta de 2024 em Salvador. Ela foi a preferida de oito jurados - técnicos, influencers digitais e jornalistas do CORREIO -, entre 30 concorrentes, em uma degustação às cegas promovida na última terça-feira (24), na redação do jornal. O concurso é mais uma edição do projeto Correio Experimenta, que apenas este ano já elegeu o melhor ovo de Páscoa, o melhor hambúrguer delivery e a melhor pizza. >
Ao contrário do sorvete, porém, a torta Pinocchio é uma novidade: foi lançada este mês, nas lojas da Graça e da Pituba, onde pode ser encontrada com mais facilidade nos finais de semana. “É uma torta mais elaborada, de um sabor muito específico. Ou a pessoa ama pistache ou não. Como eu quero uma coisa mais customizada, eu mesmo faço a minha pasta”, explica Bruno. >
Uma das juradas da degustação, a chef confeiteira Lisiane Arouca, sócia do grupo Origem, destacou justamente a qualidade da massa, além do próprio pistache. Enquanto algumas massas de bolo costumam usar margarina, a manteiga de qualidade era perceptível na Pinocchio, assim como o pistache (ao invés de uma pasta de pistache industrializada). >
Ter esse tipo de ingrediente faz a diferença, na avaliação dela. “Tinha equilíbrio também nas camadas, todas muito parecidas na espessura, o que deixa a torta muito bonita e equilibrada no sabor. Para mim, foi a campeã em termos de beleza, estrutura, uma massa muito boa e um recheio com o açúcar no ponto certo”, elogia.>
Além de agradar ao júri especializado, a torta de pistache foi a preferida da redação do CORREIO. Após a degustação oficial, 30 jornalistas votaram em sua preferida. Com sete votos, a Pinocchio foi a escolhida por este público - foi a primeira vez que o primeiro lugar do júri técnico coincidiu com a escolha da redação, ao contrário das divergências nas provas de ovo de Páscoa e de hambúrguer. Ao todo, 14 tortas foram votadas como preferidas pelos jornalistas. O pódio ficou completo com a Viva Gula (pistache e morango) e Faustino (bolo de noiva), cada uma com cinco votos. >
Uma fatia da torta Pinocchio custa R$ 26 e tem peso médio de 260 gramas. Já a torta inteira, no tamanho médio, pesa aproximadamente 3,7kg e sai por R$ 330. É possível comprar tanto nas lojas físicas quanto pelo Whatsapp (71-3336-4898 para falar com a unidade da Graça e 71-3345-6657 para falar com a da Pituba). >
Ajustes>
Os testes para a torta Pinocchio começaram há cerca de dois meses, quase como uma alquimia. A ideia era fazer tanto algo mais sofisticado quanto uma torta que não fosse muito doce. Para Bruno, de forma geral, é comum que as pessoas foquem muito no açúcar. “A confeitaria não é açúcar, mas acaba sendo. Açúcar e sal são ingredientes que você tem que saber usar bem para compor. Quando tem excesso, você não sente os sabores”, ensina. >
O pistache está em praticamente tudo: do creme do recheio à cobertura, dos brigadeiros usados na decoração à massa. Já o nome vem da história não contada do conto de fadas de Pinóquio (Pinocchio, em italiano), o boneco de madeira que sonhava em ser um menino. >
“É aquela coisa da gente tornar-se humano, dessa experiência humana. É uma aventura, onde tem todas essas experiências de vícios, defeitos, falhas, crescimento”.>
Quando finalmente chegou à receita ideal, vieram os ajustes: ver como a torta se comportava com a temperatura, com a refrigeração e com o manuseio da loja, já que todos esses processos afetam as propriedades da guloseima. Foi preciso também avaliar como a torta se saía no aspecto comercial. >
“Para o meu paladar pode estar ótimo, mas e o público? A gente tem que fazer uma adaptação, às vezes, porque alguns sabores muito amargos, cítricos ou metálicos requerem um paladar mais apurado, já que a indústria coloca geralmente muito açúcar e sal”. >
Família>
A torta Pinocchio é a primeira de uma lista de 10 novos sabores criados por Bruno e que devem ser incorporados ao cardápio da Frio Gostoso nos próximos meses. São criações dentro da marca Forasteiro e incluem desde tortas com tâmara até opções veganas e sem açúcar. >
O nome Forasteiro veio da própria experiência com a família. “Eu sempre fui o filho rebelde, diferente. A Frio Gostoso é uma empresa mais tradicional e eu tenho um espírito mais livre. Por isso, percebi que tinha que ter minha marca também”. >
Aos 42 anos, Bruno é o mais velho dos três filhos do casal Edevaldo e Luciana. Os dois abriram a primeira Frio Gostoso há 43 anos, em Candeias, na Região Metropolitana de Salvador. O pai trabalhava em uma agência bancária e tinha vindo de Aracaju (SE) para a Bahia. Na época, a empresa era apenas sorveteria. >
O ofício tinha sido aprendido na família paterna, com uma tradição que remonta a quase 70 anos de história. A sorveteria inicial começou em Recife (PE) - e já foi vendida -, mas cada parente foi levando os ensinamentos para outros estados. >
Dois anos depois, Edevaldo foi transferido do banco novamente - agora para a capital baiana. Em Salvador, o casal abriu a primeira loja, na Graça. Lá, algum tempo depois, Luciana começou com as tortas - a confeitaria era a tradição da família dela. Vieram as clássicas, como Baba de Moça e Nozes, que continuam até hoje no cardápio. As lojas da Pituba e da Vila Laura vieram tempos depois, já no começo dos anos 2000. >
Edevaldo sempre teve um perfil arrojado. Na época em que mal se falava em gelato italiano em Salvador, ele recebeu fornecedores italianos de matéria-prima aqui e deu início à produção. "Meu pai registrou a marca ‘cascalho’ em 1983. Aqui a gente fala ‘cascalho’ e não ‘casquinha’ (do sorvete) por isso. Mas meus pais são muito reservados e e não são muito midiáticos. Eu que acabo contando a história onde chego". >
Bruno, que se formou em administração, entrou de vez na gastronomia há 20 anos, quando começou a fazer cursos de confeitaria e gelateria. Hoje, toda a família está envolvida de alguma forma com a Frio Gostoso - dos pais aos filhos (há, ainda, os irmãos Rafael e Thiago). Atualmente, a empresa conta com 45 funcionários. A produção acontece na unidade da Graça, mas deve ser ampliada também para a Pituba em breve. >
O futuro da Frio Gostoso pode ter uma aparência diferente. O plano é que, até 2025, qualquer torta servida na loja seja empratada com uma cerâmica de fabricação própria (da marca Brütha, da qual Bruno também é sócio). Para as encomendas, os clientes também vão ter a opção de comprar os pratos de cerâmica. Por ora, a nova torta já tem agradado aos frequentadores. "Os clientes têm gostado muito. Quem gosta de pistache reconhece o valor". >
O Correio Experimenta contou com apoio do Home Center Ferreira Costa para a ornamentação e montagem da mesa. Os itens de decoração e de mesa posta podem ser buscados no site da loja. Mais informações também podem ser encontradas no Instagram @ferreiracosta. >
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