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Carolina Cerqueira
Publicado em 20 de abril de 2024 às 05:00
Nival Machado, de 85 anos, mora no Lar Franciscano Santa Isabel, que fica no bairro da Saúde, em Salvador, já há nove anos. Ele conta, rindo, a história de como foi parar ali.
Ele conheceu o Lar, resolveu a parte burocrática e foi falar com as filhas.
“Elas começaram a chorar, parecia que eu ia morrer, que era o fim do mundo. Eu tive que dizer que tinha desistido da ideia. Esperei uma viagem que elas iam fazer e, quando estavam fora, me mudei deixando um recadinho na porta de casa."
Ele dividia o apartamento com elas, que na época não eram casadas, mas trabalhavam o dia todo. Nival se sentia muito só.
“Eu sempre pensei em buscar um lugar para ficar quando ficasse mais velho, independente de ter filhos ou não porque eu nunca quis dar trabalho. Minhas filhas acham que é a lei natural da vida elas cuidarem de mim porque eu cuidei delas na infância, mas eu não penso assim", diz.
"Quando eu me mudei, era independente mas sabia que isso não duraria para sempre. E entre ficar sozinho num apartamento o dia todo ou com cuidadoras e estar num lar com outras pessoas da minha idade, prefiro a segunda opção. Isso aqui para mim é uma grande família”, explica.
Com o tempo, as filhas se acostumaram e aceitaram a ideia. "Vêm me visitar o tempo todo – até demais –, às vezes eu tenho que dizer para não virem”, diz ele, rindo.
Nival diz que no Lar se sente ativo e vivo. Ele, que adora uma agitação e, principalmente, uma dança, conta empolgado sobre as festas e passeios dos quais participa promovidos pela instituição.
Além dessas atividades, um afazer cotidiano ocupa sua agenda: os trabalhos manuais. Ex-professor de desenho arquitetônico, Nival adora fazer enfeites de decoração. No Lar, tem seu próprio cantinho, que chama de ateliê.
Quando a equipe do CORREIO chegou ao local para a entrevista, ele estava cercado de cartolinas que seriam transformadas em enfeites de decoração para as áreas comuns e as portas de cada um dos quartos.
“Passo quase o dia todo aqui. Faço com muito gosto e cada um dos enfeites tem algo especial, nenhum é igual ao outro”, diz, orgulhoso de sua produção.
Veja abaixo histórias de outros três idosos que adotaram a mesma trajetória de Nival: