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Festival do Dendê em Camaçari terá Alex Atala, Fabrício Lemos e Solange Borges

Evento visa fomentar ingredientes locais, culinária brasileira e empreendedorismo feminino

  • Foto do(a) author(a) Carolina Cerqueira
  • Carolina Cerqueira

Publicado em 8 de março de 2025 às 08:00

Da esquerda para a direita, Alex Atala, Solamge Bordes, Lisiane Arouca e Fabrício Lemos
Da esquerda para a direita, Alex Atala, Solamge Bordes, Lisiane Arouca e Fabrício Lemos Crédito: Jairo Goldflus, Fernanda Maia e Divulgação

Dendê, mandioca e urucum são os três ingredientes cultuados pela chef de cozinha Solange Borges, de 62 anos. Mas o primeiro deles é o verdadeiro rei. "Foi o dendê que levou a gente para o mundo", diz ela, que é idealizadora do Festival do Dendê. A quarta edição do evento acontece em Camaçari dos dias 12 a 16 de março.

Além de Solange, o evento vai ter a presença de outros chefs, como Alex Atala (D.O.M.), Fabrício Lemos e Lisiane Arouca (dupla que comanda o Grupo Origem), Katrin e Dante Bassi (Restaurante Manga) e Peu Mesquita (Lafayette e Vona SSA).

O objetivo é exaltar a culinária, os ingredientes e os produtores locais. Tudo começou na Agrovila Pinhão Manso, em Camaçari. É um espaço onde cerca de 20 mulheres produzem alimentos como banana, aipim e dendê, que são vendidos em feiras coletivas.

Polos como esse, que ainda fazem a produção do tipo pilão, são importantes agentes de preservação. A tradição do cultivo tem perdido força na Costa do Dendê e os preços têm aumentado para o consumidor final. Segundo os especialistas, os motivos são a falta de incentivo financeiro e as dificuldades na produção. Apesar de receber o título de 'terra do dendê', a Bahia, em 2024, acumulava apenas 1,4% da produção nacional. 

Chef Solange Borges
Chef Solange Borges Crédito: Fernanda Maia/Divulgação

É na Agrovila que está instalado o projeto de Solange Borges chamado Culinária de Terreiro (@culinariadeterreiro), no terreiro Unzo Nganga Kuatelesa Ninza. "A gente acreditou que a forma de quebrar preconceito era fazendo as pessoas conhecerem o terreiro, então pensamos na culinária como atrativo e deu muito certo", lembra a chef.

É através da comida que ela abre diversos caminhos para a própria vida. Conta que aprendeu a cozinhar com "mainha", que era empregada doméstica de forno e fogão. "Ela cozinhava quando estava grávida de mim, então acho que fui contaminada com esses aromas", brinca Solange.

Mas a história não é tão romântica assim. Ela perdeu a mãe cedo e, sendo a irmã mais velha, precisou cuidar dos mais novos. "A única forma que eu vi foi continuar vendendo acarajé, como minha mãe fazia", explica.

O Festival do Dendê tem como foco justamente as mulheres empreendedoras, considerando as baianas de acarajé como as primeiras da categoria no Brasil. Serão as mulheres as principais expositoras no evento.

Programação

Na Feira de Saberes e Sabores, o público poderá acompanhar estandes com artesanato local e biojóias, além da exposição e venda de produtos regionais como dendê, mel, licuri, cacau, dentre outros.

Chef Alex Atala Crédito: Jairo Goldflus/Divulgação

O festival terá ainda visita a quilombo, jantar exclusivo, palestras, oficinas, cozinha-show, degustação e apresentações culturais. Está na quarta edição e afirma se consolidar como um dos principais encontros gastronômicos e culturais do estado.

O público pode se inscrever no site festivaldodende.com.br para as atividades de cozinha-show com alguns dos chefes participantes. No dia 16, um jantar coletivo preparado pelos chefs também está à venda.

Um workshop sobre empreendedorismo feminino promete buscar reverter o principal problema que as mulheres da comunidade enfrentam, segundo Solange. "O escoamento da produção é a principal dificuldade. A gente precisa precisa mostrar o que tem e muitas mulheres não sabem como fazer ou têm vergonha", pondera.

Reconhecimento

Solange fala por experiência própria. Foi preciso um empurrão de uma amiga para que ela mesma se reconhecesse como chef de cozinha. "Eu via aqueles profissionais com aquele charme e resolvi fazer o curso no Senac, mas demorei para entender que eu já era uma chef", lembra.

Culinária afro-brasileira é o foco do Festival
Culinária afro-brasileira é o foco do Festival Crédito: Reprodução/Instagram

Depois da conversa com a amiga, ela correu para trocar seu nome no Instagram. Chef Solange Borges, decretou. "O conhecimento tradicional é importante, tem valor. Muita coisa que eu aprendi no curso minha mãe já sabia. São os povos tradicionais que descobrem e a academia sintetiza", afirma Solange.

"Nosso povo só foi escravizado porque detinha tecnologia e conhecimento. Fomos escravizados porque éramos muito bons e precisamos agora usar esses conhecimentos para nós mesmos. É isso que o Festival do Dendê busca fomentar também", finaliza.