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Thais Borges
Publicado em 15 de dezembro de 2024 às 02:00
Escolher o suplemento para comprar vai muito além de buscar o preço mais em conta. Cair em uma armadilha pode levar a riscos graves à saúde e, em alguns casos, à morte.
Creatina
Uma das campeãs em consumo no Brasil, a creatina auxilia na regeneração da fonte de energia nos músculos, o que leva a exercícios mais intensos e com mais força. Uma das formas de atestar a qualidade de uma creatina é conferir se ela tem o selo ‘Creapure’, como explica a nutricionista Ana Paula Goulart, professora da Unijorge. Creapure é uma marca alemã que indica a pureza do suplemento.
"Suplementos como a creatina devem ser inodoros, de coloração branca, parecendo um açúcar refinado. Se tiver uma coloração mais escura ou amarelada, pode ser um sinal de adulteração. Não é normal sentir gosto de creatina. Se o paladar perceber a substância doce, há o risco de presença de maltodextrina ou outro tipo de açúcar na composição", ensina.
Há um teste caseiro que pode indicar a presença de amido de milho - um dos produtos mais comuns para adulteração. É possível adicionar água e gotas de iodo ao pó branco: se ficar amarelo, é creatina; se ficar escuro, tem amido acima do limite. Esses testes, contudo, não detectam outras substâncias.
"Se a creatina ficar sem dissolver, pode ter certeza que ali tem outros ingredientes e não é só a creatina pura", pondera a nutricionista Carolina Dias. A legislação brasileira estabelece que produtos aprovados podem ficar 20% a mais ou a menos do índice de pureza permitido.
Whey Protein
O whey protein é um dos suplementos em que há maior receio de falsificação, contrabando ou alterações no rótulo, como explica a médica endocrinologista Laís M. Aguiar, professora da Unifacs.
"A primeira coisa importante é saber de onde estou comprando aquele whey. Tem que ser em lojas autorizadas, credenciadas ou nos sites oficiais das marcas. Outra coisa importante é observar o lote, inclusive se ele está mal impresso no rótulo e, na abertura do produto, estar atento à coloração, ao cheiro e à aparência", orienta.
A textura precisa ser fina e não empelotada, como reforça a nutricionista Ana Paula Goulart. "Se o pó estiver com grumos ou mais espesso do que o normal, pode indicar deterioração ou falsificação. A solubilidade também deve ser adequada, ou seja, deve dissolver facilmente em líquidos".
Muito presente em pré-treinos, a exemplo dos produtos de diversas marcas que fazem ‘super cafés’ especiais para energia, a cafeína deve ter suas doses dentro do recomendado para cada pessoa. Em geral, de acordo com a endocrinologista Laís M. Aguiar é de 4mg a 6mg por quilo do paciente. Doses acima de 7mg por quilo devem ser analisadas com muito cuidado e mais de 9mg por quilo nunca é recomendado.
"Se o paciente é hipertenso, se já tem arritmia, precisa de avaliação clínica. Se o paciente já consome café durante o dia, pode impactar mais, inclusive a qualidade do sono. Mais de 9mg por quilo da pessoa pode trazer consequências como cefaleia, náuseas e picos de arritmia", explica.
Além disso, ela recomenda conferir se há ervas, diuréticos e anabolizantes nos ‘pré-treinos’, além da cafeína, a única que tem evidências científicas mais robustas. "Existem suplementos proibidos no Brasil. Alguns têm ação diurética, por exemplo, e para pacientes cardiopatas e hipertensos, que já usam medicamentos para outras comorbidades, pode ser muito perigoso. São muitos efeitos na saúde, como disfunção renal, dano hepatotóxico e arritmias graves", alerta a médica.
É mais uma das substâncias comuns, mas que requer avaliação clínica cuidadosa, especialmente para pacientes que têm dificuldade de absorção intestinal ou síndromes metabólicas. Uma das formas de escolher um produto seguro é conferir se o item tem selos de certificação como o Ifos ou o Meg 3, de acordo com a nutricionista Ana Paula Goulart. "O selo Ifos é emitido por uma instituição internacional que avalia a qualidade do ômega 3".
Seja uma vitamina apenas, sejam os complexos polivitamínicos, suplementar vitaminas se tornou outra tendência comum especialmente após a pandemia da covid-19. Mas a verdade é que muitas pessoas não precisariam suplementar vitaminas. "Existe um consumo muito aleatório dos polivitamínicos. Se não tem eficiência e não têm carências, não vai trazer nenhum benefício. O corpo vai metabolizar aquilo e vai ter excreção sem absorção", afirma a endocrinologista Laís Aguiar.