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Carolina Cerqueira
Publicado em 22 de março de 2025 às 05:00
Um guia sobre o uso de dispositivos digitais é o que os pais de crianças e adolescentes pediam às autoridades, especialistas e até universo e forças superiores. O Governo Federal tomou a frente sobre as instruções para o ambiente escolar ao restringir no início de 2025 o uso dos aparelhos nos colégios. Para dentro de casa, a luz chegou em março, com atraso, depois da promessa de lançamento do guia para outubro de 2024. >
São 164 páginas que reúnem, principalmente, alertas quanto aos riscos de exposição a abusos, violências e bullying, além de atrasos no processo de desenvolvimento e de aprendizagem que poderiam ser causados por uso inadequado de dispositivos digitais. >
Para ajudar pais e responsáveis a gerir o uso das telas, a publicação, finalmente, resolve a pergunta: qual a idade certa para ganhar o primeiro celular? A resposta é que a recomendação é de que as crianças não tenham celulares próprios antes dos 12 anos. E quanto mais tarde ganharem, melhor para a saúde física e mental e o desempenho escolar. >
Antes da compra, perguntas devem ser feitas para orientar a decisão, questionando pontos como a finalidade do dispositivo (que deve superar a pressão de grupo de amigos ou recompensa por bom comportamento). Também é preciso identificar se a criança ou adolescente entende os riscos da internet e tem maturidade para lidar com eles. >
Quanto às contas próprias em redes sociais, a recomendação é seguir o que dizem os termos de uso e classificação indicativa de cada plataforma, que preveem a utilização apenas a partir da adolescência. >
O guia ressalta ainda a importância de estabelecer como meta que os bebês não tenham nenhum contato com telas até os dois anos. Esse é considerado por especialistas como um período crítico para o desenvolvimento linguístico, cognitivo e emocional. Se o contato acontecer, que seja pelo menor tempo possível. A prioridade deve ser as interações de brincadeiras e exposição a músicas e livros. >
Entre os dois e os cinco anos, o tempo de tela estabelecido por especialistas brasileiros é de, no máximo, uma hora por dia. Entre os seis e os 10, o limite deve ser de duas horas por dia. Para adolescentes de 11 a 17 anos, o indicado é o máximo de três horas. Para todas essas idades, deve ser estimulado que o uso seja feito em ambientes compartilhados da casa para facilitar o monitoramento por adultos. >
Diálogo>
O guia reconhece que a posse de celulares é uma realidade e o uso é, em alguma medida ou momento, inevitável. Também considera que um uso saudável e bem conduzido pode trazer benefícios para os sujeitos em formação em relação a aquisição de conhecimentos, aprendizado escolar e defesa em contextos de violência urbana. >
Para um uso saudável, o documento considera o ‘diálogo’ entre os pais ou responsáveis e as crianças os adolescentes como palavra-chave. O estabelecimento de regras para o uso deve depender de cada contexto, dinâmica familiar e maturidade das pessoas envolvidas. >
Vale lembrar que as versões infantis dos aplicativos podem e devem ser acionadas, assim como as medidas de proteção dos dispositivos para restrição de tempo de uso e conteúdos acessados. Mesmo após os 12 anos, o uso dos celulares e das redes sociais deve continuar ocorrendo com mediação familiar durante toda a adolescência. >
O que o guia chama de mediação familiar é o conjunto de ações como: incentivar que as crianças e adolescentes relatem as experiências positivas e negativas, ser uma boa referência, promover tempo de qualidade em família sem telas, estabelecer limites de tempo de uso, zelar pela rotina de sono (não usar telas na cama e desconectar-se ao menos uma hora antes de dormir), priorizar atividades escolares e incentivar o uso positivo e criativo das tecnologias. >
Alerta >
A grande preocupação para pais e responsáveis deve vir quando os filhos desenvolverem dependência em relação aos aparelhos ou plataformas. Pesquisas estão em curso para estabelecer uma relação direta entre o uso e a dependência, de fato, mas é consenso que o design desses aplicativos utiliza conhecimentos sobre o comportamento humano para manipular usuários para que fiquem mais tempo conectados. >
Alguns dos recursos citados no guia são: notificações constantes e chamativas, linhas do tempo ou rolagem de conteúdo infinitas, reprodução automática de conteúdos audiovisuais, uso de curtidas ou outros mecanismos de comparação social ou de aparência física. >
O documento aponta que o uso excessivo pode ser fator de risco para sintomas de ansiedade, depressão e agressividade, além de ser associado a comportamentos mais impulsivos e à dificuldade de autorregulação emocional com mudança no padrão de funcionamento cerebral. >
2. Vai recebê-lo porque realmente precisa?>
3. Necessita de um aparelho celular do tipo smartphone ou bastaria um telefone sem acesso a aplicativos? >
4. Consegue lidar com as oportunidades online e ser respeitoso as outras pessoas?>
5. Tem consciência de que as possibilidades de distração concorrerão com outras atividades da rotina? >
6. Tem conhecimento sobre os riscos à privacidade e sobre a importância de não fornecer dados pessoais? >
7. Domina riscos do ambiente digital, como a possibilidade de ser vítima de fraudes, golpes, jogos de azar ou de ter contato com discursos de ódio? >
8. Sabe a importância de não compartilhar fotos ou vídeos próprios em redes abertas que possam ser acessadas por pessoas estranhas? >
9. Tem noções básicas de segurança online, a exemplo do não compartilhamento de senhas?>
10. Reagirá de forma tranquila se tiver o uso ou posse do próprio aparelho suspenso pelos responsáveis em caso de uso irresponsável ou comprometedor?>
Acesse o guia completo no link https://bit.ly/3Y4u811>