Bahia deve ganhar geladeira de cérebros de baleia; entenda

Pesquisadora já mantém equipamento com cérebros de golfinhos na UFRJ

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  • Thais Borges

Publicado em 2 de junho de 2024 às 05:00

Baleia jubarte encalhada na praia em Caravelas
Baleia jubarte encalhada na praia em Caravelas Crédito: Kamilla Souza/Acervo pessoal

Por enquanto, os cérebros de baleia coletados em Caravelas, no Sul da Bahia, continuam lá, na sede do Instituto Baleia Jubarte (IBJ). Eles estão armazenados em recipientes com formol, mas isso deve mudar em breve. A ideia da pesquisadora Kamilla Souza é implantar uma segunda geladeira de cérebros para pesquisa. Além do refrigerador que tem 50 cérebros de golfinhos na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o plano é ter um novo equipamento na Bahia, no IBJ.

Segundo ela, a proposta é para a próxima temporada reprodutiva, que começa no início do próximo semestre. "Nessas próximas coletas, quero fazer algo um pouco mais sofisticado e não usar uma coisa tão tóxica quanto o formol. Quero usar uma solução tampão, que é para manter as células vivas no material e, para isso, (a solução) tem que ficar na geladeira", explica.

Tendo outro ponto de apoio e estudo além do que fica no Rio de Janeiro, Kamilla acredita que pode contribuir para desenvolver pesquisas com outras instituições não apenas da Bahia, mas de outros estados da região Nordeste. "Minha ideia principal é estabelecer esse ramo da pesquisa no Brasil. Não quero ter uma coisa centralizada e não quero fazer isso sozinha. Se tem baleia na Bahia, por que não pode ter uma geladeira de cérebros de baleia na Bahia?", argumenta a neurocientista.

Procurados pela reportagem, os representantes do IBJ confirmaram a intenção de implementar essa geladeira para pesquisa para os próximos ciclos reprodutivos. "Estamos trabalhando para viabilizar essa geladeira", afirma o coordenador de desenvolvimento institucional da entidade, José Truda.

Em meio 40 anos dedicados ao trabalho de conservação do IBJ, Truda acredita que a principal função da instituição nesse trabalho é dar suporte a um estudo como o que tem sido conduzido por Kamilla. "É um trabalho pioneiro e nossa expectativa é de poder continuar colaborando. São cérebros de animais que morrem ou que chegam na praia mas não há possibilidade de salvá-los", reforça.

O médico veterinário e coordenador de pesquisa do IBJ, Milton Marcondes, falou sobre o diferencial do uso da ressonância magnética para entender os cérebros das baleias. "É uma coisa inédita usar aparelhos com uma possibilidade de resolução muito alta para mapear o cérebro do animal e entender as diferenças", avalia.