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‘Adolescentes são mais vulneráveis ao vício em vape’, diz pneumologista da Mayo Clinic

Em entrevista ao CORREIO, médico explica que uso pode afetar desenvolvimento do cérebro nessa idade

  • Foto do(a) author(a) Thais Borges
  • Thais Borges

Publicado em 16 de fevereiro de 2025 às 05:00

Uso de vape é maior entre jovens e adolescentes
Uso de vape é maior entre jovens e adolescentes Crédito: Shutterstock

Apesar de proibido no Brasil, o uso de vape - o cigarro eletrônico mais moderno, também chamado de ‘pod’ por alguns - ainda atinge, principalmente, adolescentes e jovens adultos. Pessoas com idades entre 18 e 24 anos representam o maior percentual de consumidores dos cigarros eletrônicos, segundo um estudo do Ministério da Saúde.

Só para dar uma ideia, até 6% dos indivíduos nesta faixa etária fumam vape, enquanto o percentual no restante da população era de 2% na última pesquisa Vigitel, conduzida em 2023 pelo órgão federal. Ainda é algo novo, mas a Bahia já contabiliza até óbitos que podem ser relacionados à chamada Lesão Pulmonar Associada ao Uso de Cigarro Eletrônico (Evali).

A doença sequer tem classificação internacional (a chamada CID-10), mas pelo menos uma pessoa morreu, por ano, desde 2022, pela chamada ‘lesão autoprovocada por vapor, gás e objeto quente’, segundo a Secretaria da Saúde do Estado (Sesab).

O problema é, quanto mais jovem a pessoa for quando iniciar o vício, mais difícil é para conseguir parar de consumir, de acordo com o pneumologista Abubakr Bajwa, médico da Mayo Clinic (EUA), hospital que é referência internacional na pesquisa em saúde.

De acordo com Bajwa, os adolescentes são mais vulneráveis ao vício em nicotina e isso pode interromper o desenvolvimento do cérebro nessa idade. Como consequência, pode afetar a memória, a atenção e o aprendizado. “O início precoce está associado a maiores riscos de vício, problemas respiratórios e transições posteriores para o tabagismo tradicional”, diz ele, em entrevista ao CORREIO. Ele esteve no Brasil no final de janeiro e falou sobre os principais riscos no contexto atual do uso de cigarros eletrônicos.

Abubakr Bajwa, pneumologista da May Clinic
Abubakr Bajwa, pneumologista da May Clinic Crédito: Divulgação

Como o senhor analisa o cenário atual do consumo de vape, especialmente entre adolescentes e jovens adultos?

O consumo de vape, especialmente entre esses públicos, aumentou globalmente. Os motivos para isso incluem os sabores, as percepções de danos reduzidos e a influência das redes sociais. Há um aumento de preocupação devido à crescente evidência de riscos à saúde.

É possível falar sobre um perfil de usuários de vape? Qual seria esse perfil?

Normalmente, jovens adultos e adolescentes são os usuários principais. O perfil de um usuário geralmente inclui aqueles que experimentam nicotina, os indivíduos que param de fumar cigarros tradicionais ou aqueles atraídos por sabores e cultura de vape. Influência social e curiosidade são fatores significativos.

No passado, a indústria alegou que o vape causava menos danos em comparação aos cigarros comuns. Por que isso não é verdade?

A indústria inicialmente comercializou o vape como uma alternativa mais segura ao fumo. No entanto, estudos recentes revelam que, embora os vapes não tenham alguns produtos químicos nocivos encontrados nos cigarros, eles apresentam outros riscos, como altos níveis de nicotina, compostos tóxicos e problemas pulmonares.

Um estudo divulgado no ano passado pela instituição brasileira Incor indicou que os níveis de concentração de nicotina no corpo de pessoas que vaporizaram por um ano eram até seis vezes maiores do que aqueles de pessoas que fumaram 20 cigarros por dia durante um ano. Quais são as consequências dessa quantidade de nicotina?

O aumento dos níveis de nicotina pode levar ao aumento do vício, estresse cardiovascular, aumento da ansiedade e alterações no desenvolvimento do cérebro, principalmente em usuários mais jovens. A exposição a longo prazo aumenta os riscos de condições crônicas como hipertensão.

Por que o vape é mais viciante do que o cigarro comum?

O vape geralmente fornece doses maiores de nicotina mais rapidamente, especialmente com alguns tipos desses dispositivos. A capacidade que o usuário tem de vaporizar discretamente e de forma frequente também aumenta o consumo geral, reforçando a dependência.

Quais são as consequências do uso de vape quando ele tem início na adolescência, em comparação com aqueles que começam a usá-lo na idade adulta? Quais doenças geralmente vêm desse hábito?

Adolescentes são mais vulneráveis ao vício em nicotina, que pode interromper o desenvolvimento do cérebro, afetando a memória, a atenção e o aprendizado. O início precoce está associado a maiores riscos de vício, problemas respiratórios e transições posteriores para o tabagismo tradicional.

Quais são as melhores intervenções hoje para prevenir o vaping? O que pode ser feito?

Campanhas educacionais, regulamentações mais rígidas sobre vendas e marketing (especialmente sabores atraentes para os jovens) e suporte a programas para acabar com o vício são essenciais para esse enfrentamento. Envolver escolas, pais e profissionais de saúde em esforços de conscientização é crucial.