Transformando rejeitos de mineração em insumos agrícolas – EXPOSIBRAM

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  • Da Redação

Publicado em 9 de setembro de 2022 às 21:47

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Um dos objetivos do Plano Nacional de Fertilizantes (PNF - Decreto 10.991/2022) é reduzir a dependência brasileira do mercado externo para 50% até 2050. Soja, milho e cana-de-açúcar respondem por mais de 73% do consumo de fertilizantes no Brasil que importa cerca de 85% desses produtos, representando 8% do consumo global, atrás apenas da China, Índia e dos EUA. A principal estratégia do PNF é fomentar o desenvolvimento de cadeias regionais produtoras de fertilizantes e afins, incentivando novas tecnologias para atender à demanda da produção de alimentos. A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS – Lei 12.305 / Decreto 7.404/10), por sua vez, estabelece a destinação adequada dos resíduos da mineração, devendo ser considerados como matérias-primas para cadeias produtivas de insumos agrícolas da área de fertilizantes, prevendo, no Art. 9º "Na gestão e gerenciamento de resíduos sólidos, deve ser observada a seguinte ordem de prioridade: não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada aos rejeitos".

“Não podemos perder a oportunidade de unirmos forças no sentido de criarmos uma agenda estruturante para o setor e assim reduzirmos a dependência do Brasil dos produtos importados”, afirmou Bruno Lucchi, diretor-técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), durante o evento e-Mineração do Brasil 2022, promovido pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), para discutir temas de interesse do setor. Numa lavoura de soja e milho o fertilizante representa cerca de 20 a 40% dos custos de produção.

As exportações do agro brasileiro aumentaram de 20,6 bilhões de dólares para 96,9 bilhões de dólares, entre 2000 e 2019, segundo o estudo da Embrapa “Geopolítica de Alimentos – O Brasil como fonte estratégica de alimentos para a Humanidade”, destacando soja, carnes, milho, algodão e produtos florestais.

A geodiversidade geológica e a disponibilidade de grandes quantidades de materiais minerais abrem infinitas possibilidades de exploração desses recursos não só no setor da mineração, mas também na metalurgia, indústria, construção civil e agricultura. O grande desafio atual é dar uso econômico sustentável a esses ativos - antes vistos como passivos ambientais - reintroduzindo-os na natureza como matéria-prima de insumos agrícolas e como fontes de nutrientes, remineralizadores, corretivos de acidez e/ou condicionador de solo, reduzindo a dependência externa por nutrientes.

Enquanto a indústria da mineração organiza-se rapidamente para ajudar a fertilizar os campos, a indústria de papel e celulose, estimulada pelos PNF e PNRS, focada nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) e na Governança Socioeconômica e Ambiental (ESG), já inovou e está produzindo sulfato de potássio, um dos principais ingredientes na formulação de fertilizantes, a partir do tratamento das cinzas geradas na caldeira de recuperação da Klabin, passando a ser a primeira indústria do setor no mundo a produzir o insumo. O potássio é o principal nutriente utilizado pelos produtores nacionais (38%), fósforo (33%) e nitrogênio (29%), juntos formam a sigla NPK. De acordo com o CEO da StoneX Brasil, Fabio Solferini, despesas com fertilizantes subiram 60% para a soja e 85% para o milho em comparação ao ano passado.

Dados da Agência Nacional de Mineração (ANM) apontam 3,4 bilhões de m3 de rejeitos armazenados no Brasil, que tem cerca de 700 barragens de rejeitos cadastradas. “A Agenda ESG reúne compromissos setoriais para tornar a mineração ainda mais sustentável, segura e responsável. Ela estabelece princípios, valores e ações em prol das boas práticas ESG”, conclui Raul Jungmann, diretor-presidente do IBRAM.

Os resíduos podem e devem ser estudados para que se avalie o seu potencial agronômico como novas fontes de nutrientes, tais como categorias dos fertilizantes naturais e remineralizadores de solo, desde que não contenham contaminantes acima dos níveis considerados seguros. Ambos possuem ampla capacidade de melhorar as características químicas, físico-químicas e biológicas dos mais diversos solos explorados pela agricultura.

A mineração é um rico setor que promove forte dinamização das economias locais e regionais, demandando toda uma cadeia produtiva de suprimentos e insumos. Sendo o Brasil um dos maiores consumidores de fertilizantes do mundo, a Expo & Congresso Brasileiro de Mineração (EXPOSIBRAM) 2022, um dos maiores eventos de mineração da América Latina, realizado pelo Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), inova, incluindo no debate o potencial dos rejeitos minerais para a agricultura.

Neri Marcante é diretor da Mineragro P&D, [email protected]. Eduardo Athayde é diretor do WWI no Brasil. [email protected]