Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Da Redação
Publicado em 25 de junho de 2020 às 05:13
- Atualizado há 2 anos
Além de sofrer com a pandemia do coronavírus, o Brasil tem enfrentado um clima de turbulência e acirramento na política que prejudica o combate à covid-19 e coloca em xeque a nossa jovem democracia. Enquanto deveríamos estar focados em proteger as pessoas, vivemos um período perigoso e de tensão, com ataques à política e às instituições que acabam atingindo a democracia.>
Primeiro, quero destacar que encaro a política como um marco civilizatório. Até um certo momento, as sociedades entravam em guerra com derramamento de sangue quando disputavam interesses. A política surge para enobrecer as relações humanas, exaltando a capacidade de realizar algo que pode interferir no bem comum a partir do diálogo.>
Contudo, a política tem sido massacrada a partir do olhar sobre suas disfunções: a politicagem, a troca de favores. Neste ponto, me preocupo com a escalada dessa “nova política” no Brasil. Muitas vezes, este “novo” se coloca como populismo travestido, com uma nova faceta que são as redes sociais. Mas uma ferramenta não muda a essência das coisas. Se a pessoa faz populismo com novas ferramentas, isso não passa da política mais arcaica que existe. >
Neste pano de fundo, me causa preocupação o fato de que somos uma democracia jovem e vivemos num país que já sofreu muito, que tem desigualdades sociais tremendas e um povo suscetível a palavras de ordem e políticas sociais. Temos, ainda, uma cultura perversa, por assim dizer, pois aqueles que se apossam do poder público utilizam a máquina como se fosse um imperador de plantão. É uma personificação da política pública. Vivemos isso no período do PT e observamos agora em algumas iniciativas.>
Além disso, me preocupa esse acirramento político. Assim como eu não gostava do período do governo Lula em que havia uma tentativa de dividir a população, me causa temor, agora, esse clima de provocação e divisão que tem interferido, inclusive, nas famílias, nos grupos de amigos. As discussões se tornaram muito passionais, como uma guerra de torcidas.>
Justamente por isso, sempre digo que, entre a política de esquerda e a de direita, eu fico contra a demagogia e o populismo, porque esses dois quesitos corroem valores positivos da política e atingem a democracia.>
A política é uma atividade essencial para a vida em civilização, para que possamos evoluir enquanto cidadãos no sentido amplo, enquanto parte de uma sociedade em que todos estamos interligados. E mais: ela é fundamental para fortalecer a democracia.>
Torcemos por um país mais oxigenado, com viés mais empreendedor, com a economia mais aberta e recursos públicos voltados para o cidadão, ao invés de ficarem dentro das castas. Para isso, precisamos ter serenidade com a coisa pública, o que não está havendo. O trajeto é longo, mas temos tudo em mãos para construir um caminho diferente. Eu acredito.>
João Roma é deputado federal da Bahia pelo Republicanos>