Acesse sua conta

Ainda não é assinante?
Ao continuar, você concorda com a nossa Política de Privacidade
ou
Entre com o Google

Alterar senha

Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.

Recuperar senha

Preencha o campo abaixo com seu email.

Já tem uma conta? Entre

Alterar senha

Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.

Dados não encontrados!

Você ainda não é nosso assinante!

Mas é facil resolver isso, clique abaixo e veja como fazer parte da comunidade Correio *

ASSINE

O aniversário do guardião do Pelourinho: 80 anos de Clarindo Silva

  • D
  • Da Redação

Publicado em 16 de março de 2022 às 05:50

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: .

Conheci Clarindo Silva na década de 1980, quando eu ainda nem morava em Salvador.

Ouvia falar muito dele e da Cantina da Lua pelos militantes baianos nos Encontros do Movimento Negro pelo Brasil. Clarindo já era dono da Cantina. Em tempos difíceis como os de agora, a Cantina era palco de saraus, debates e estratégias de combate ao racismo.

Quando vim morar em Salvador, minha primeira indagação foi sobre Clarindo. Por que ele só andava de branco? Daí, vinham as versões mais absurdas… Para alguns, ele era Babalorixá. Para outros, seria o preto doutor cantado por Dorival Caymmi. E haja história!

Os turistas o cercavam para tirar fotos e conversar. E Clarindo sabe receber, sempre muito afável e sorridente. Logo me aproximei dele e fiz muitas reportagens. Recebi aquele afago e o famoso aperto de mão. Nas celebrações, era o primeiro a bater palmas… e não era com a ponta dos dedos, não (risos)…

Clarindo é um homem de fé. Além das muitas qualidades, ficou muito conhecido por usar roupa branca de domingo a domingo, chova ou faça sol. E isso em agradecimento à Nossa Senhora. Ele sempre se emociona quando conta essa história. “Minha esposa, a boneca (é assim que ele a chama carinhosamente) enfrentou uma gravidez de risco. Fiquei desesperado. Eu amo muito minha boneca. Ela e meu filho Mércio podiam morrer no parto. Eu, que sou um homem de fé, ajoelhei nos pés de Nossa Senhora e pedi socorro. Pedi com fervor. E alcancei a graça”. A promessa era usar branco durante sete sextas-feiras, mas ele gostou tanto, se sentiu tão leve, que fez do branco seu uniforme da vida.

São 43 anos. Dona Boneca e o filho Mércio, felizes da vida, têm muito o que agradecer a esse homem amoroso. E hoje celebramos seus 80 anos de vida! E não posso deixar de registrar um hábito de Clarindo: ele está sempre presente nos sepultamentos dos amigos, conhecidos, rendendo homenagens. O último ato em respeito e carinho ao morto é o discurso dele. A mim confidenciou que já fez isso umas dezenas de vezes. Clarindo é o guardião do Pelourinho.

Wanda Chase é jornalista