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Mérito em dobro: Bahia campeão

Linha Fina Lorem ipsum dolor sit amet consectetur adipisicing elit. Dolorum ipsa voluptatum enim voluptatem dignissimos.

  • Foto do(a) author(a) Gabriel Galo
  • Gabriel Galo

Publicado em 9 de abril de 2018 às 05:03

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: .

Amanhece o mundo pintado de azul, vermelho e branco. Desde ontem não dormiu, atônito com o fervor de uma massa que carrega seu clube nos braços e no coração. Que não para, que não desiste, que não esmorece nunca. Mantos são exibidos com orgulho: #BBMP!

O enredo escrito aceitava apenas um desfecho, com direito a tapa com luva de pelica no MP que odeia futebol pela celebração sem torcida: o 47º título estadual do maior do Nordeste. Não apenas por seu próprio merecimento, óbvio ululante, mas o absoluto não merecimento do oponente que se apequenou na violência e no choro infantil. Mérito em dobro!

Causa e consequência: quando a batalha campal do primeiro Ba-Vi se fez, o título foi entregue de bandeja. A equipe então líder se despedaçou, esqueceu o futebol, enfileirou desfalques. Quis ganhar na marra aquilo que deu de graça sem saber.

Quando fugiu da luta, reduziu-se, com apoio institucional de cega diretoria. Para piorar, pedaço selvagem de sua torcida, em cópia pirata da festa tricolor, apedrejou ônibus da delegação adversária na chegada ao Barradão. Sacramentou-se o que não tinha jeito. Pois até os quero-queros sabiam: não haveria jamais de colocar as mãos na taça, o Vitória.

Na ponta oposta, o Bahia. Incontestável esquadrão. Melhor ataque, melhor defesa, melhor campanha geral. Melhor festa, melhor média de público. Melhor tática, melhor jogador. No campo de jogo, soube explorar a eterna deficiência da lateral direita rubro-negra e por ali conquistou mais um tento.

“Baêa! Baêa! Baêa!”

Gol que fez explodir a massa por toda parte. Alijados da arquibancada, pelas ruas e bares, muito antes de apito trilar, chegaram aos montes, sem sobressaltos ou preocupações. No peito, junto às estrelas de seu distintivo, a certeza clarividente. Chance havia, possibilidade que não se vestia de probabilidade. Matemático que soubesse do ar da Bahia, das mensagens que chegam nos ventos que batem da orla trazendo boas novas e o amanhã, largaria cálculos, buscaria uma água de coco gelada e sacaria na caneta sobre a planilha desnecessária: é 100% Bahia, pae! Coé?

Quem há, afinal, de desdizer os sudestes ventos recôncavos que apaixonam e inebriam?

Na mente e no corpo fechados de seu goleiro, a garantia em pacote inviolável, válida por 1 ano. Na estabanada troca de passes rubro-negra, o sarro e a pirraça, “Tri-vice não!”. No contra-ataque ao abrir da segunda etapa, bola nas redes, a certificação selada, registrada, carimbada, avaliada e rotulada. No silêncio sepulcral que emudecia o estádio, os gritos de fora invadiam o gramado como furacão:

“Mais um! Mais um, Bahia! Mais um, mais um título de glória!”

A história reserva alguns episódios em que a meritocracia é subvertida, colorida de injustiça. Não desta vez. No colo gostoso e seguro do merecimento inconteste, repousa, plácido, o troféu deste turbulento campeonato. E na alma lavada de cada torcedor do Bahia que esperou 16 anos para dar nova volta olímpica em casa alheia, vê-se o sorriso largo e ouve-se o canto que não cessa:

“Somos da turma tricolor! Somos a voz do CAMPEÃO!”

Gabriel Galo é escritor