Receba por email.
Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Gabriel Galo
Publicado em 1 de julho de 2019 às 05:00
- Atualizado há 2 anos
A Copa América 2019 chega à fase semifinal prometendo. Não que o futebol até agora tenha causado comoções e alegrias. Aliás, longe disso. A questão específica é a terça-feira que promete a semifinal do fim do mundo no Mineirão.
Antes, pulemos para a quarta-feira e vamos tratando o tempo em contagem regressiva. O Chile bicampeão enfrenta a surpresa Peru. Chile que se apoia nos mesmos de sempre, nos nomes que lideram uma geração vencedora, bicampeã em 2015 e 2016. O Peru, por sua vez, volta ao protagonismo no futebol com uma geração que alcança resultados próxima da despedida, como as idades de Guerrero e Farfán atestam.
Ambos eliminaram os primeiros colocados de seus grupos. Se a chegada do Chile não é necessariamente uma zebra, o Peru eliminando o Uruguai de Suárez e Cavani é, mas nem tanto. Não por causa de ter ido à última Copa, deixando de fora justamente o Chile. É por uma questão histórica: alguma improbabilidade há de alcançar ao menos a semifinal. O Peru é, portanto, o grito de resistência contra a homogeneização da vitória.
Aí, sim, entrando na terça-feira, teremos a semifinal do fim do mundo.
Um Brasil x Argentina sempre tem poder. Mesmo com uma Argentina capenga, mesmo com um Brasil “entitado”.
É muito significado num jogo só.
Pelo Brasil, a oportunidade de apagar um pouco mais o risco em sua história no mesmo Mineirão de cinco anos antes. À goleada sofrida então se espera fazer troca com nova goleada a favor amanhã. Pela Argentina, é mais um degrau para fazer a equipe sair de uma fila longa, desde 1993, sob a regência de Lionel Messi.
A tensão do confronto se dá porque ambas as equipes têm muito a perder, mais do que a ganhar. Se der Brasil, não fez mais do que a obrigação; se der Argentina, igual, “já estava na hora mesmo de ganhar alguma coisa”.
Perder, no entanto, é a catástrofe estabelecida.
Para o Brasil, a pensativa de talvez interromper o trabalho questionável de Tite e promover novo nome para comandar o grupo. O peso de uma derrota em casa pode ser massacrante, dirimindo dúvidas e carimbando certeza de mudança.
Para a Argentina, é mais um capítulo de que tudo está realmente errado. Que Scaloni não é o nome certo, que se desperdiça mais tempo na recuperação da força albiceleste. Que Messi não poderá realmente vencer pela seleção. Que a nova geração está efetivamente um degrau abaixo da anterior, mesmo tendo a anterior batido na trave constantemente.
Em campo, teremos apenas a maior rivalidade do futebol mundial. E na esteira da pressão de quem tem tudo a perder, talvez vejamos um dos embates mais épicos deste duelo cheio de história.
Em que se pese o exagero do fim do mundo, será, pois, importante e inesquecível. A não ser que a aura de uma Copa América fraca entorte bocas e vire olhos diante de um zero a zero chulo em que o certo seria que ambos perdessem.
Gabriel Galo é escritor