Receba por email.
Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Bruno Wendel
Publicado em 12 de agosto de 2024 às 10:16
O Colégio Estadual Rubén Dario, na Avenida San Martin, guarda atualmente 116 pastas de estudantes assassinados nos últimos 10 anos. O acervo, conhecido como “arquivo morto”, reúne a vida estudantil de jovens da periferia, com idades entre 14 e 20 anos, vítimas da violência dentro das comunidades que cercam a escola. Eram estudantes populares, mas não criavam problema na aula, porém fora do ambiente escolar, alguns eram temidos e procurados pela polícia. Essa realidade veio à tona em um vídeo institucional, feito por estudantes em 2023, através de um projeto da Secretaria Estadual do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre). Confira o vídeo:
O vídeo, produzido pela Setre e exibido em outras secretarias no segundo semestre de 2023, teve o apoio da Secretaria de Educação (SEC), do Centro Juvenil de Ciência e Cultura (CJCC), do Centro de Educação Especial da Bahia (CEEBA), da Associação Baiana Estudantil Secundarista (ABES) e da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES). O objetivo foi coletar depoimentos de professores e estudantes para elaboração de projetos pedagógicos em mais 120 unidades de ensino do estado. Um dos temas foi a violência no ambiente escolar.
“A violência é algo que, infelizmente, está presente em nossa sociedade e na escola, como um braço da sociedade, acaba acontecendo, mas de forma muito pontual, onde a administração da escola sempre tenta controlar, evitar ao máximo para que aconteça algo mais grave”, declara a professora do Rubén Dario, Débora Oliveira, que também participa do vídeo.
Em outro depoimento, a também professora do colégio Gricélia Cardoso opina como esses jovens foram cooptados pelo tráfico de drogas. “O que aconteceu com esses jovens, foi o envolvimento com as drogas, com álcool e a busca de dinheiro para comprar comida, roupa, sapato, para comprar algo para ter. Eles não conseguiram ser. Eles foram em busca de ter e, lamentavelmente, se envolveram com a violência”, diz ela, no vídeo.
A produção traz ainda o relato da estudante Márcia Verônica, de 18 anos. “É ruim saber que uma menina de 14 anos morreu e não pôde dançar a valsa dela. É ruim saber que um jovem de 18 anos não estudou, não cresceu, não fez nada da vida. Como ficam essas famílias? Eu vou criar meu filho, para quando ele chegar aos 17 anos, com o cabelo crespo, a pele negra, tomar um tiro no meio da rua? Eu não quero isso para o meu filho”, declara.
A reportagem enviou e-mail na quinta-feira (01), sexta-feira (02), terça-feira (06) e quarta-feira (07) para a Secretaria de Educação do Estado (SEC), a Polícia Militar (PMBA) e a Secretaria de Segurança Pública (SSPBA) . Até o momento, não há resposta.