Sem o ronco dos motores e sem gasolina: frota do Brasil deve ter 20% de veículos elétricos, abastecidos por tomadas
Veículos elétricos se aproximam de 1% do mercado nacional e montadora projeta que até 20% da frota nacional pode ser abastecida nas tomadas
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Donaldson Gomes
donaldson.gomes@redebahia.com.br
O Brasil encerrou o ano de 2023 com um recorde nas vendas de veículos elétricos, com quase 94 mil unidades vendidas, de acordo com dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico. O número de emplacamentos registrou um crescimento de 91%, em relação ao ano anterior. Ainda que naquele momento, a participação dos veículos 100% elétricos ainda seja inferior a 1% das vendas totais, a BYD projeta para um futuro próximo que os veículos ocupem entre 10% e 20% do mercado nacional.
A montadora, que está construindo na Bahia a primeira fábrica fora da Ásia, aposta na sustentabilidade para ganhar espaço no mercado. “Veículos híbridos e veículos com motor de combustão interna têm diferenças significativas em sua pegada de carbono”, destaca Alexandre Baldy, vice-presidente sênior da marca. “Os híbridos, geralmente, produzem menores emissões de carbono totais comparados aos movidos a combustão, ao longo de seu ciclo de vida. No caso de veículos 100% elétricos, a emissão de poluentes durante o uso é zero”, compara.
Em abril de 2022, a BYD foi a primeira empresa no mundo a anunciar que interrompeu a produção de automóveis movidos apenas a gasolina. A empresa hoje foca apenas na fabricação de veículos elétricos e híbridos plug-in. Veículos elétricos, incluindo veículos elétricos a bateria e híbridos plug-in, geram emissões principalmente durante a fase de produção e carregamento de suas baterias. “O processo de fabricação de veículos elétricos, especialmente a produção de baterias, requer o uso intensivo de energia e recursos, resultando em emissões de carbono iniciais. No entanto, uma vez em operação, não emitem gases pelo escapamento, oferecendo uma alternativa mais limpa aos veículos a combustão durante o uso”, destaca o executivo.
Alexandre Baldy coloca o Brasil como um mercado promissor para os veículos elétricos graças ao seu potencial para geração de energia renovável, além das riquezas minerais, com potencial para produção de lítio, principal matéria prima para as baterias. “Nosso objetivo é aproveitar esse cenário ideal com respeito, desenvolvendo um centro de pesquisa aliado a uma cadeia produtiva com crescimento global”, aponta.
Segundo ele, a empresa está estudando o melhor caminho para o pós-uso das baterias elétricas dos veículos. “A BYD tem 100 mil engenheiros, cientistas e pesquisadores no seu corpo de trabalhadores pensando em como criar soluções limpas e de aproveitamento e isso engloba todo o processo de descarte das baterias”, afirma. Segundo ele, a empresa estima uma vida útil de até 30 anos para os equipamentos. “Ela pode ser utilizada nos carros e nos ônibus elétricos. Depois pode ser utilizada como bateria estacionária para armazenamento de energia elétrica para atender a residências e estabelecimentos comerciais. Por fim, nossa bateria será totalmente reciclada, gerando o menor impacto possível para o meio ambiente”, projeta.
Mesmo com alguma emissão de carbono no processo de fabricação, do início ao fim da vida útil, um carro 100% elétrico é responsável pela emissão de 39 toneladas de CO2. Em um veículo a combustível, a conta é de 55 toneladas, segundo ele. “Esses números são com base no mercado europeu, mas no Brasil a diferença é muito maior porque nossas fontes de energia são renováveis”, aponta Carlos Augusto Serra Roma, diretor da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE).
Para Roma, o Brasil precisa avançar na utilização dos veículos elétricos em sistemas de transporte coletivos, taxis e aplicativos. “Infelizmente, o país está na contramão do mundo, que oferece incentivos à eletrificação. Aqui o que temos é um sinal de que os carros elétricos serão mais taxados que os outros”, lamenta.
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