Dona da batuta: ela decidiu que pode conduzir uma orquestra também
Maestrina, Bruna Dantas descobriu o violino em um casamento, não deixou mais de estudar música e hoje escreve projetos envolvendo música de câmara com apenas musicistas mulheres
-
Priscila Natividade
priscila.oliveira@redebahia.com.br
O ritmo que se cria aqui, aquele negócio que balança o corpo todo, é mais que um som que pulsa na batucada ou uma partitura. Ele transforma. Do Parque do Queimado, passando pelo Pelourinho até o Candeal, trouxemos de lá, relatos de quem viu esse som, inspirar e transpirar oportunidades. Histórias que saíram de projetos sociais que todo dia dão régua, compasso e conhecimento a crianças e adolescentes, hoje músicos profissionais que levam a Bahia em cada palco onde chegam. Veja a seguir como, na vida e na arte, a música é capaz de mudar tudo como aconteceu com a professora de violino e regente assistente na Neojibá, Bruna Dantas.
"Quando criança, tive contato pela primeira vez com um violino assistindo a um casamento. Queria tocá-lo de qualquer jeito. Coincidência ou não, um amigo da família havia comprado um violino para sua filha e ela não quis. Então, ele doou para mim. Fiquei um bom tempo apenas ‘brincando’ com o violino. Não tinha dinheiro para pagar um professor até que minha mãe soube que havia um projeto que dava aulas gratuitas. Entrei no Neoijibá e dentro do programa tive acesso a professores, maestros e amigos. Desde então, continuo a estudar música. Durante a pandemia, vivi um momento de tensão após um crescimento repentino de um cisto na mão que atrapalhava os movimentos para tocar. Parei com o violino e a partir daí que comecei a estudar regência com mais profundidade e se tornou minha paixão. O meu primeiro ‘empurrãozinho’ foi ser regida pela maestrina Lígia Amadio na Orquestra 2 de Julho. No meio do concerto, enquanto a música tocava, ela olhou dentro dos meus olhos e deu um sorriso para mim. Então, eu - que na época era um pouco insegura - decidi que posso ser assim como ela e conduzir a orquestra também. O que começou com uma curiosidade tem me levado ao objetivo de me tornar uma maestrina profissional. Reger é um momento em que podemos expressar e passar nossos sentimentos sem usar palavras. Sonho me tornar professora de regência e dar master class para futuros maestros. Hoje escrevo projetos envolvendo música de câmara com apenas musicistas mulheres com o intuito de incentivá-las a continuar e progredir seus caminhos musicais, além de fomentar composições femininas no ramo da música clássica que ainda é escassa.
Bruna Dantas, 22 anos, maestrina. Atualmente é professora de violino e regente assistente na Neojibá. Também cursa Bacharelado em Instrumento Violino na Universidade Federal da Bahia (UFBA), além de escrever projetos envolvendo música de câmara com apenas musicistas mulheres.
O projeto especial Som Salvador é uma realização do Jornal Correio, com patrocínio da Unipar, apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador e apoio da Wilson Sons e Salvador Shopping.