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Conheça a história da primeira violista baiana da Academia Filarmônica de Berlim


 

Filha de pai analfabeto e fluente em quatro idiomas, a violista Geisa Santos  saiu do bairro de Paripe e ganhou o mundo

  • Priscila Natividade

Publicado em 30/03/2024 às 11:00:00
Geisa Santos é violista e a única baiana a fazer parte da Academia Filarmônica de Berlim . Crédito: Paula Fróes/ CORREIO

O ritmo que se cria aqui, aquele negócio que balança o corpo todo, é mais que um som que pulsa na batucada ou uma partitura. Ele transforma. Do Parque do Queimado, passando pelo Pelourinho até o Candeal, trouxemos  relatos de quem viu esse som, inspirar e transpirar oportunidades. Histórias que saíram de projetos sociais que todo dia dão régua, compasso e conhecimento a crianças e adolescentes, hoje músicos profissionais que levam a Bahia em cada palco onde chegam.

]Conheça agora a história da violista que saiu de Paripe e se tornou a primeira baiana da Academia da Filarmônica de Berlim. Veja a seguir como, na vida e na arte, a música é capaz de mudar tudo.

"Eu sempre tive o interesse pela música, pois cresci frequentando a igreja com a minha família e lá eu cantava em um coral. Sou filha de um pai analfabeto, que, infelizmente, não teve as oportunidades que os jovens de hoje têm. Estudei sempre em escola pública, mas agarrei todas as chances que apareceram para mim através dos projetos sociais de que participei. 

Eu fui uma das primeiras integrantes do Neojibá. Vi a transformação através da música na vida das crianças e jovens que não têm perspectiva de vida. É bom demais ter nascido em Salvador. Um lugar onde estamos todo tempo sonorizados com nossos ritmos, o jeito cantante de falar, de dançar e nos mover. Participei de turnês, onde levamos para várias partes do mundo a nossa cultura. Vim do subúrbio, do bairro de Paripe.

Me sinto muito privilegiada em ter sido a única baiana a participar da Academia da Filarmônica de Berlim. Toco viola erudita, sou fluente em quatro idiomas e hoje moro num país com uma cultura completamente diferente da nossa.

Fiz academia em uma das melhores orquestras do mundo, um bacharelado na Universidade de Frankfurt de Música e Artes Cênicas e agora estou terminando meu mestrado na classe da violista e professora, reconhecida internacionalmente, Ingrid Zur. Isso tudo eu conquistei porque a música existe na minha vida.

Geisa Santos é violista e tem 35 anos. É uma das monitoras fundadoras do Neojibá. Saiu do projeto em 2013, quando ganhou uma bolsa para estudar na Academia da Filarmônica de Berlim, na Alemanha, onde se tornou a única baiana a fazer parte da academia.

O projeto especial Som Salvador é uma realização do Jornal Correio, com patrocínio da Unipar, apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador e apoio da Wilson Sons e Salvador Shopping.